desertar https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/174475/all pt-br Chefe das Farc decide desertar e leva grupo que comandava https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-09-19/chefe-das-farc-decide-desertar-e-leva-grupo-que-comandava <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/ABr18092013LFL003.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: right;" />Leandra Felipe<br /> <em>Correspondente da Ag&ecirc;ncia Brasil/EBC</em></p> <p> Tame (Col&ocirc;mbia) &ndash; Ap&oacute;s viver 18 anos como guerrilheiro das For&ccedil;as Armadas Revolucion&aacute;rias da Col&ocirc;mbia (Farc), Carlos Andr&eacute;s &Uacute;suga Puentes, 31 anos, conhecido como Marlon, decidiu desertar em julho deste ano. Ao sair do grupo, elaborou um plano e levou dez pessoas que estavam sob seu comando. Ele disse que resolveu fugir porque queria salvar a irm&atilde; &ndash; tamb&eacute;m guerrilheira, que estava gr&aacute;vida &ndash; de ter que fazer um aborto e porque estava desiludido.</p> <p> &ldquo;Eu entrei nas Farc com 13 anos, como quase todos os guerrilheiros. Era um menino. Mas, com o passar do tempo, vi que n&atilde;o tinha feito nada na vida. N&atilde;o tinha conseguido ajudar minha fam&iacute;lia nem ganhar dinheiro. Eu vivia isolado no mato e n&atilde;o tinha feito nada de &uacute;til na vida&rdquo;, contou &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>.</p> <p> Marlon participou de uma <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-18/colombia-quer-%E2%80%9Cconvencer%E2%80%9D-guerrilheiros-desertar">campanha do governo colombiano</a> para incentivar a desmobiliza&ccedil;&atilde;o de guerrilheiros, feita nessa quarta-feira (18). Ele conversou com adolescentes e jovens de Tame, capital do departamento de Arauca, na Plan&iacute;cie Oriental do pa&iacute;s.</p> <p> Antes de falar &agrave; plateia, foi cumprimentado pelo ministro de Defesa, Juan Carlos Pinz&oacute;n. &ldquo;Que bom ver voc&ecirc; aqui. Como vai o trabalho? Espero que tudo bem&rdquo;, disse Pinz&oacute;n. Marlon contou ainda que come&ccedil;ou a pensar em sair aos 22 anos, quando come&ccedil;ou a perceber que n&atilde;o tinha conseguido ajudar a fam&iacute;lia e nem ganhar dinheiro, como haviam prometido.</p> <p> Segundo ele, nos primeiros anos do recrutamento o foco &eacute; a doutrina&ccedil;&atilde;o. &ldquo;As Farc d&atilde;o aulas te&oacute;ricas e treinamento para a guerra, tudo focado no coletivo e na revolu&ccedil;&atilde;o&rdquo;, informou. Segundo ele, o tempo foi passando e tamb&eacute;m houve aumento da press&atilde;o militar. &ldquo;Viv&iacute;amos com medo de ser mortos em combate ou em um bombardeio do Ex&eacute;rcito. Vi que tinha perdido mais do que ganhado nos anos que passei na guerrilha&rdquo;.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/ABr18092013LFL002.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 8px; float: left;" />Quando a irm&atilde; mais nova ficou gr&aacute;vida de seu companheiro (um soldado no grupo), Marlon teve mais vontade de sair. Embora fosse comandante m&eacute;dio de uma das frentes da guerrilha, nada podia ser feito para evitar um aborto da crian&ccedil;a. &ldquo;As regras s&atilde;o muito claras dentro do grupo. A gravidez &eacute; evitada com inje&ccedil;&otilde;es, mas quando uma mulher fica gr&aacute;vida, em algum momento v&atilde;o fazer um aborto. S&oacute; uma mulher que &eacute; s&oacute;cia [parceira] de um comandante de frente tem o privil&eacute;gio de ter a crian&ccedil;a&rdquo;, relatou.</p> <p> Depois de ver v&aacute;rios abortos, inclusive de gesta&ccedil;&otilde;es avan&ccedil;adas, Marlon resolveu sair e levar os dez guerrilheiros, entre eles a irm&atilde; e outra jovem que tamb&eacute;m est&aacute; gr&aacute;vida.</p> <p> Ele disse que com o aumento da press&atilde;o do Ex&eacute;rcito, liderava um grupo pequeno, eram s&oacute; os dez que fugiram e havia certo &ldquo;abandono&rdquo; nas vistorias que os chefes faziam em cada coluna ou acampamento. &ldquo;J&aacute; havia tr&ecirc;s anos que n&atilde;o vinha ningu&eacute;m fazer vistoria e est&aacute;vamos a tr&ecirc;s horas de uma cidade&rdquo;, lembrou.</p> <p> Marlon come&ccedil;ou a convencer os guerrilheiros que comandava a sair e procurou um amigo que vivia na cidade mais pr&oacute;xima. Por meio desse amigo, conseguiu contato com os agentes de desmobiliza&ccedil;&atilde;o do Ex&eacute;rcito colombiano. E o grupo inteiro desertou.</p> <p> &ldquo;N&oacute;s sa&iacute;mos todos e minha irm&atilde; ter&aacute; o beb&ecirc; daqui a dois meses. Para mim, foi um al&iacute;vio. Tive que sair da regi&atilde;o e vivo longe. Mas j&aacute; me reencontrei minha fam&iacute;lia. Estou trabalhando no campo, lugar de onde sa&iacute;, mas quero estudar e pensar no futuro&rdquo;.</p> <p> Ele disse ainda que est&aacute; vivendo uma fase de bastante reflex&atilde;o e que acredita ter perdido muito tempo. &ldquo;L&aacute; dentro das Farc, a gente perde a capacidade de pensar sozinho. De ter os pr&oacute;prios sonhos. Agora, tenho que recuperar isso. Acho que perdi a etapa mais criativa da minha vida, a hora em que todo mundo sonha com o que vai ser. Tenho que recuperar isso, sem perder o &acirc;nimo&rdquo;, acrescentou.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Gra&ccedil;a Adjuto</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir o material &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> chefe Colômbia desertar desertor Farc Forças Armadas Revolucionárias guerrilheiro Internacional Thu, 19 Sep 2013 09:50:00 +0000 gracaadjuto 731020 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/