uso do tempo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/170476/all pt-br Maior parte do tempo de lazer do idoso é usada em atividades que não trazem benefícios à saúde https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-08-07/maior-parte-do-tempo-de-lazer-do-idoso-e-usada-em-atividades-que-nao-trazem-beneficios-saude <p>Akemi Nitahara<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p>Rio de Janeiro &ndash; O tempo de lazer dos idosos, no Brasil, &eacute; grande, por&eacute;m, mal aproveitado. &Eacute; o que constataram os estudantes Lu&iacute;s Fernando Bevilaqua, Janine Gomes Cassiano e Tain&atilde; Alves Fagundes, no trabalho de gradua&ccedil;&atilde;o do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no qual analisaram a rela&ccedil;&atilde;o entre o uso do tempo dos idosos e o estado de sa&uacute;de. Bevilaqua, explicou que 26% do dia dos idosos &eacute; dedicado a atividades de lazer, por&eacute;m com pouca contribui&ccedil;&atilde;o para a melhoria da sa&uacute;de.</p> <p>&ldquo;O Brasil est&aacute; enfrentando um processo de envelhecimento r&aacute;pido, ent&atilde;o o olhar para a velhice tem que estar presente. Nosso trabalho vem trazer um pouco dessa necessidade que &eacute; pouco explorada. A gente tamb&eacute;m verifica que a maior parte do tempo do idoso est&aacute; dedicada ao lazer, mas um lazer ocioso, passivo, como assistir televis&atilde;o e ficar deitado descansando. Mas o lazer ativo traz mais benef&iacute;cios, como as atividades da terapia ocupacional&rdquo;. Entre essas atividades, ele cita artesanato, dan&ccedil;a e at&eacute; mesmo rodas de conversa.</p> <p>O trabalho foi apresentado na Sess&atilde;o de Posters da 35&ordf; Confer&ecirc;ncia da Associa&ccedil;&atilde;o Internacional para Pesquisas de Uso do Tempo (Iatur), que come&ccedil;ou hoje (7) no Rio. At&eacute; sexta-feira (9), especialistas de 38 pa&iacute;ses v&atilde;o discutir temas como valor do tempo, trabalho remunerado, valor do trabalho n&atilde;o remunerado, meios de comunica&ccedil;&atilde;o e lazer, cuidados na fam&iacute;lia, educa&ccedil;&atilde;o e equil&iacute;brio vida-trabalho. O objetivo &eacute; saber como as pessoas usam o tempo, para poder planejar pol&iacute;ticas p&uacute;blicas e combater as desigualdades sociais.</p> <p>A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE) C&iacute;ntia Sim&otilde;es Agostinho, que est&aacute; analisando as informa&ccedil;&otilde;es do projeto-piloto feito em 2009, pela institui&ccedil;&atilde;o, sobre o uso do tempo, explicou que o tema &eacute; debatido h&aacute; muito tempo em outros pa&iacute;ses, mas s&oacute; h&aacute; alguns anos passou a receber aten&ccedil;&atilde;o no Brasil e na Am&eacute;rica Latina.</p> <p>&ldquo;&Eacute; importante porque &eacute; uma forma de captar o cotidiano das pessoas, o uso do tempo em diferentes realidades, para diferentes perfis de popula&ccedil;&atilde;o, tanto para [elaborar] pol&iacute;ticas p&uacute;blicas como para o bem-estar das pessoas. [&Eacute; importante] para entender como que a gente preenche as nossas horas di&aacute;rias&rdquo;.</p> <p>C&iacute;ntia lembrou que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios (Pnad), feita anualmente pelo IBGE, j&aacute; inclui perguntas sobre o uso do tempo relacionado &agrave; locomo&ccedil;&atilde;o, ao cuidado de pessoas da fam&iacute;lia, aos afazeres dom&eacute;sticos e ao trabalho volunt&aacute;rio. &ldquo;Al&eacute;m de conseguir caracterizar melhor os perfis das diferentes pessoas, a gente pode cruzar com muitas vari&aacute;veis. Onde ela mora, se ela usa o servi&ccedil;o de sa&uacute;de, qual o tempo de lazer ou de trabalho, se assiste &agrave; televis&atilde;o, uso de meio de comunica&ccedil;&atilde;o de massa. &Eacute; uma pesquisa que avalia v&aacute;rios aspectos da vida da pessoa e pode ser muito &uacute;til. Qualquer setor p&uacute;blico pode olhar para esses dados sob a &oacute;tica de pol&iacute;ticas sociais&rdquo;, declarou.</p> <p>A professora Hildete Pereira, do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e assessora da Secretaria de Pol&iacute;ticas para as Mulheres, lembra que a quest&atilde;o de g&ecirc;nero tamb&eacute;m &eacute; fundamental nas discuss&otilde;es sobre o uso do tempo. &ldquo;A discuss&atilde;o do uso do tempo &eacute; extremamente significativa para a vida das mulheres, porque existe a quest&atilde;o da divis&atilde;o sexual do trabalho, porque a sociedade diz que mulher faz isso e homem faz aquilo. A media&ccedil;&atilde;o do tempo &eacute; uma forma de se entender a raiz da subordina&ccedil;&atilde;o e da desigualdade&rdquo;, disse.</p> <p>Na avalia&ccedil;&atilde;o da professora, o principal trabalho que a sociedade oferece para as mulheres n&atilde;o &eacute; visto como trabalho, como cuidar cuidar dos filhos, dos doentes, arrumar, varrer, lavar. &ldquo;Isso tem que ser valorado, porque em economia tudo tem pre&ccedil;o. Desde 2001, a gente pode fazer uma proposta metodol&oacute;gica para mensurar esse trabalho n&atilde;o pago, porque gra&ccedil;as &agrave; Pnad eu sei quantas horas as mulheres se dedicam aos trabalhos dom&eacute;sticos&rdquo;, ressaltou.</p> <p>De acordo com a pesquisa, em 2001 as mulheres dedicavam em m&eacute;dia 29 horas por semana para as tarefas dom&eacute;sticas, hoje s&atilde;o 23 horas. Enquanto os homens declaravam nove horas em 2001 e agora s&atilde;o dez horas. Para Hildete, &eacute; necess&aacute;rio acabar com a divis&atilde;o sexual do trabalho. &ldquo;O que est&aacute; enraizado a gente retira da terra. Para isso, &eacute; preciso discutir, colocar a nu a quest&atilde;o, precisa vontade pol&iacute;tica, de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, precisa tirar os trabalhos dos cuidados de dentro de casa, precisa ter creche para as crian&ccedil;as, lavanderias populares, p&uacute;blicas, comida em restaurante popular, para deixar em casa o menor tempo de trabalhos poss&iacute;vel. Isso &eacute; o ideal, um sonho. E fazer com que os homens repartam as tarefas dom&eacute;sticas&rdquo;, declarou.</p> <p>Com o trabalho apresentado na Sess&atilde;o de Posters, a formanda em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Jamile Abraham Tosta, analisou o trabalho feminino no Jap&atilde;o e no Brasil e concluiu que no pa&iacute;s asi&aacute;tico a situa&ccedil;&atilde;o delas &eacute; ainda pior.</p> <p>&ldquo;Brasil e Jap&atilde;o tem culturas muito diferentes, s&oacute; que a maneira como encaram a mulher no mercado de trabalho &eacute; parecida, que &eacute; o modelo de cuidar da casa e cuidar dos filhos. No Jap&atilde;o, as mulheres entram no mercado por volta dos 20 anos e quando casam e t&ecirc;m filhos, s&atilde;o coagidas a se demitirem porque tem a press&atilde;o social de serem boas m&atilde;es, estar sempre presente. O homem n&atilde;o consegue dividir esse papel com elas por fatores sociais e tamb&eacute;m porque a jornada de trabalho no Jap&atilde;o &eacute; muito longa, chega a 60 horas por semana, ent&atilde;o a mulher n&atilde;o consegue dar conta da jornada e dos filhos e os homens n&atilde;o conseguem se dividir tamb&eacute;m&rdquo;, disse.<br /> &nbsp;</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: A&eacute;cio Amado</em></p> <p><em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. &Eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> 35ª Conferência da Associação Internacional para Pesquisas de Uso do Tempo Cidadania idoso lazer Saúde uso do tempo Wed, 07 Aug 2013 23:25:00 +0000 aecioamado 727553 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/