Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/169516/all pt-br Organização alerta: 95% dos feridos em confronto policial, transportados pela polícia, morrem no trajeto https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-29/organizacao-alerta-95-dos-feridos-em-confronto-policial-transportados-pela-policia-morrem-no-trajeto <p> Camila Maciel<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Quase a totalidade (95%) das pessoas feridas em confronto com a pol&iacute;cia paulista e que foram transportadas por policiais civis ou militares, entre 2 de janeiro e 31 de dezembro de 2012, morreram no trajeto ou no hospital. Das 379 pessoas removidas, segundo os registros do Departamento de Homic&iacute;dios e de Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Pessoa (DHPP), 360 morreram. A an&aacute;lise foi feita pela organiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) e expressa a preocupa&ccedil;&atilde;o da entidade sobre a responsabiliza&ccedil;&atilde;o de policiais que cometem execu&ccedil;&otilde;es extrajudiciais. A HRW envia hoje (29) uma carta sobre o assunto &agrave;s autoridades de seguran&ccedil;a p&uacute;blica do estado.</p> <p> A organiza&ccedil;&atilde;o alerta que &quot;os esfor&ccedil;os leg&iacute;timos para inibir a criminalidade foram prejudicados por policiais que forjavam &#39;resist&ecirc;ncias seguidas de morte&#39; e alteravam as cenas dos crimes para minar o trabalho de per&iacute;cia&quot;, assinala o documento. Para o levantamento, foram analisados casos de mortes causadas por a&ccedil;&atilde;o policial e foram entrevistadas autoridades policiais, promotores de Justi&ccedil;a, agentes, especialistas no tema, representantes da sociedade civil e parentes de v&iacute;timas.</p> <p> Apesar da redu&ccedil;&atilde;o de aproximadamente 34% das mortes causadas por a&ccedil;&atilde;o policial durante os seis primeiros meses de 2013, na compara&ccedil;&atilde;o com o mesmo per&iacute;odo do ano passado, a m&eacute;dia de mortes, na avalia&ccedil;&atilde;o da organiza&ccedil;&atilde;o, permanece elevada, com seis mortes por semana. &quot;Falsos registros de ocorr&ecirc;ncias policiais e outras formas de acobertamento s&atilde;o problemas s&eacute;rios no estado&quot;, alerta a entidade.</p> <p> A HRW analisou 22 casos de morte em decorr&ecirc;ncia de interven&ccedil;&atilde;o policial, ocorridos entre os anos de 2010 e 2012. &quot;As provas dispon&iacute;veis lan&ccedil;am s&eacute;rias d&uacute;vidas sobre o uso leg&iacute;timo da for&ccedil;a letal&quot;, aponta. De acordo com a carta, as mortes causadas pelo Batalh&atilde;o da Tropa de Choque, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) despertam particular preocupa&ccedil;&atilde;o, tendo em vista que 247 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas em casos registrados como resist&ecirc;ncia seguida de morte ou de les&atilde;o corporal. Em contrapartida, nenhum soldado do batalh&atilde;o foi morto nesses epis&oacute;dios.</p> <p> Em um dos casos, um policial da Rota disse ter atirado em Caio Bruno Paiva em uma ocorr&ecirc;ncia de resist&ecirc;ncia no bairro Itaim Paulista, extremo leste da capital, em novembro de 2011. Uma testemunha declarou, em depoimento formal &agrave; Ouvidoria da Pol&iacute;cia, que o policial atirou em Paiva &agrave; queima-roupa enquanto ele declarava sua inoc&ecirc;ncia. A HRW destaca tamb&eacute;m que relatos feitos por testemunhas &agrave; imprensa d&atilde;o conta de que o policial atirou no ar enquanto chamava o Comando de Opera&ccedil;&otilde;es da Pol&iacute;cia Militar (Copom). Para a entidade, as evid&ecirc;ncias sugerem que um policial teria forjado um tiroteio.</p> <p> Outro caso relatado na carta ocorreu em julho do ano passado, quando dois homens foram mortos a tiros em um caso registrado como &quot;resist&ecirc;ncia seguida de morte&quot;. C&eacute;sar Dias de Oliveira e Ricardo Tavares da Silva foram levados para o Hospital Municipal Ant&ocirc;nio Giglio, no centro de Osasco, na Grande S&atilde;o Paulo. Testemunhas, entretanto, disseram em depoimento que n&atilde;o houve troca de tiros e que Oliveira foi colocado em uma viatura policial ferido na perna e suplicando por sua vida. Ao chegar ao hospital, ele tinha sido alvejado por dois tiros no peito, segundo o laudo necrosc&oacute;pico.</p> <p> A organiza&ccedil;&atilde;o considera um avan&ccedil;o a resolu&ccedil;&atilde;o da Secretaria de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, de janeiro de 2013, que estabelece um novo procedimento para ocorr&ecirc;ncia policiais relativas a homic&iacute;dios. A norma determina que os policiais que primeiro atenderem a ocorr&ecirc;ncia devem acionar,&nbsp; imediatamente, a equipe do resgate ou servi&ccedil;o local de emerg&ecirc;ncia e comunicar o Copom, al&eacute;m de preservar o local at&eacute; a chegada da per&iacute;cia para que nada seja alterado. Tamb&eacute;m houve mudan&ccedil;a no termo utilizado para registrar casos com participa&ccedil;&atilde;o de policiais como &ldquo;morte decorrente de interven&ccedil;&atilde;o policial&rdquo;, em vez de &ldquo;resist&ecirc;ncia seguida de morte&rdquo;.</p> <p> Entre as recomenda&ccedil;&otilde;es emitidas &agrave;s autoridades, a organiza&ccedil;&atilde;o destaca a necessidade de responsabilizar os policiais infratores. Para tanto, pede a puni&ccedil;&atilde;o dos policiais que removerem v&iacute;timas em circunst&acirc;ncias n&atilde;o explicitamente previstas. &Agrave; Pol&iacute;cia Judici&aacute;ria, a HRW sugere que seja feita a investiga&ccedil;&atilde;o integral das suspeitas de homic&iacute;dios cometidos por policiais e que haja mais agilidade na notifica&ccedil;&atilde;o desses casos ao Minist&eacute;rio P&uacute;blico. Sugere tamb&eacute;m que os promotores estaduais sejam estimulados a monitorar rigorosamente as investiga&ccedil;&otilde;es feitas pela pol&iacute;cia nos casos em que h&aacute; morte decorrente de interven&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria pol&iacute;cia.</p> <p> A Secretaria de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica foi procurada pela <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> para comentar as cr&iacute;ticas da organiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o governamental, mas at&eacute; o momento da publica&ccedil;&atilde;o da mat&eacute;ria n&atilde;o retornou o contato.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Denise Griesinger</em></p> <p> Todo conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir a mat&eacute;ria, &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></p> carta para as autoridades. Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) Nacional organização não governamental internacional Human Rights Watch pessoas feridas em confronto policial transportados por policiais Mon, 29 Jul 2013 15:00:03 +0000 deniseg 726807 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/