assessor de direitos humanos da Anistia Internacional https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/168564/all pt-br Após 20 anos da Chacina da Candelária, forma de violência policial mudou, dizem organizações https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-07-19/apos-20-anos-da-chacina-da-candelaria-forma-de-violencia-policial-mudou-dizem-organizacoes <p> Akemi Nitahara<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro &ndash; Nos &uacute;ltimos anos, a forma de viol&ecirc;ncia praticada por policiais mudou. Quem afirma &eacute; o assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Maur&iacute;cio Santoro. De acordo com ele, apesar de terem ocorrido outras chacinas ap&oacute;s a da Candel&aacute;ria, que completa 20 anos na pr&oacute;xima semana, a pol&iacute;cia promoveu &ldquo;alguns esfor&ccedil;os&rdquo; para tentar modificar a atua&ccedil;&atilde;o da corpora&ccedil;&atilde;o, como a cria&ccedil;&atilde;o das unidades de Pol&iacute;cia Pacificadora.</p> <p> &ldquo;Esse tipo de grande chacina j&aacute; tem alguns anos que a gente n&atilde;o v&ecirc; mais. Mas a gente continua tendo, por exemplo, opera&ccedil;&otilde;es policiais muito question&aacute;veis, que matam uma quantidade muito grande de pessoas. Na mais recente delas, no m&ecirc;s passado, no complexo de favelas da Mar&eacute;, foram dez mortos. N&atilde;o &eacute; a mesma coisa que uma chacina, que &eacute; uma execu&ccedil;&atilde;o sum&aacute;ria, um tipo muito mais grave de viol&ecirc;ncia, mas mostra nossa dificuldade em realmente superar a viol&ecirc;ncia como um todo&rdquo;.</p> <p> S&oacute; este ano, foram registrados at&eacute; maio, na cidade do Rio de Janeiro, 101 homic&iacute;dios decorrentes de interven&ccedil;&atilde;o policial, segundo dados do Instituto de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica do estado. Santoro lembra que a Chacina da Candel&aacute;ria teve grande repercuss&atilde;o internacional, mas &eacute; um tipo de crime muito comum, principalmente contra jovens negros e pobres.</p> <p> &ldquo;H&aacute; uma forte impunidade que ronda esse tipo de crime. E a Candel&aacute;ria nem &eacute; o pior exemplo nesse aspecto porque ali, bem ou mal, alguns dos respons&aacute;veis foram presos e ficaram alguns anos na cadeia, embora n&atilde;o muitos, porque a Lei de Crimes Hediondos no Brasil &eacute; posterior &agrave; Chacina da Candel&aacute;ria, ent&atilde;o eles n&atilde;o puderam ser julgados por ela. Se tivesse acontecido hoje eles teriam pego penas maiores&rdquo;.</p> <p> Depois da Candel&aacute;ria, que teve oito mortos, houve chacinas em Vig&aacute;rio Geral (1993 &ndash; 21 mortos), morro do Borel (2003 &ndash; quatro mortos), Via Show (2003 &ndash; quatro mortos) e Baixada Fluminense (2005 &ndash; 29 mortos). De acordo com a Anistia Internacional, todos os crimes foram cometidos por policiais e as v&iacute;timas eram adolescentes negros e pobres.</p> <p> O coordenador de projeto de meninos e meninas de rua da Associa&ccedil;&atilde;o Beneficente S&atilde;o Martinho, Jairo Ferreira, concorda que a viol&ecirc;ncia policial mudou nos &uacute;ltimos anos. &ldquo;Em rela&ccedil;&atilde;o aos meninos de rua diminuiu bastante, mas a gente sabe que ainda acontece: o policial vai na comunidade, mata crian&ccedil;as e adolescentes e diz que foi o bandido.</p> <p> A S&atilde;o Martinho prestou assist&ecirc;ncia psicol&oacute;gica e jur&iacute;dica aos sobreviventes da Chacina da Candel&aacute;ria na &eacute;poca e organiza as homenagens para lembrar os 20 anos da trag&eacute;dia. Na manh&atilde; de hoje (19) houve uma <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-07-19/missa-e-passeata-lembram-20-anos-da-chacina-da-candelaria-no-rio" target="_blank">missa na Igreja, seguida de passeata</a> at&eacute; a Cinel&acirc;ndia e ontem (19) a trag&eacute;dia foi lembrada em uma vig&iacute;lia que reuniu familiares das v&iacute;timas.&nbsp;</p> <p> O epis&oacute;dio entrou para a hist&oacute;ria do pa&iacute;s como um dos crimes mais b&aacute;rbaros contra crian&ccedil;as e adolescentes e ocorreu no dia 23 de julho de 1993. Naquela madrugada, pelo menos 50 meninos e meninas dormiam na escadaria da igreja, no centro da cidade, quando carros pararam em frente ao local e abriram fogo contra o grupo.</p> <p> O sobrevivente Wagner dos Santos, principal testemunha do caso, sofreu tentativa de assassinato em 1994 e hoje vive na Su&iacute;&ccedil;a. Tr&ecirc;s sobreviventes morreram nos anos seguintes em confrontos com a pol&iacute;cia.</p> <p> Para o assessor da Anistia Internacional, o caso reflete um problema muito maior da sociedade brasileira. &ldquo;H&aacute; um ponto muito forte que &eacute; a incapacidade do estado, a neglig&ecirc;ncia do poder p&uacute;blico na prote&ccedil;&atilde;o desses jovens. O pr&oacute;prio caso da Candel&aacute;ria, para al&eacute;m da chacina, al&eacute;m da viol&ecirc;ncia f&iacute;sica daquela noite: que tipo de sociedade &eacute; essa em que voc&ecirc; tem 50, 70 crian&ccedil;as dormindo na rua, na escadaria de uma igreja? Quer dizer, j&aacute; tinha alguma coisa muito errada ali, mesmo antes do primeiro disparo ser efetuado&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Denise Griesinger</em></p> <p> Todo conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir a mat&eacute;ria, &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong><em>Ag&ecirc;ncia Brasil</em></strong></p> assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Baixada Fluminense Maurício Santoro Morro do Borel Nacional unidades de Polícia Pacificadora Via Show Vigário Geral violência policial Fri, 19 Jul 2013 17:15:17 +0000 deniseg 726018 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/