extermínio de civis https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/161541/all pt-br Governo colombiano pagava recompensa aos militares por guerrilheiros mortos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-05-12/governo-colombiano-pagava-recompensa-aos-militares-por-guerrilheiros-mortos <p>Leandra Felipe<br /> <em>Correspondente da Ag&ecirc;ncia Brasil/EBC</em></p> <p>Bogot&aacute; &ndash; Os chamados de &ldquo;falsos positivos&rdquo; - os casos de execu&ccedil;&otilde;es extrajudiciais na Col&ocirc;mbia &ndash; foram revelados entre 2008 e 2009. As mortes tiveram a participa&ccedil;&atilde;o de integrantes do Ex&eacute;rcito colombiano. Adolescentes e jovens civis, com faixa et&aacute;ria entre 16 e 33 anos, foram mortos sob a alega&ccedil;&atilde;o de que estavam em combate e que pertenciam a grupos armados ilegais, como as For&ccedil;as Armadas Revolucion&aacute;rias da Col&ocirc;mbia (Farc).</p> <p> A partir de 2005, uma diretiva do Minist&eacute;rio da Defesa do pa&iacute;s, na &eacute;poca governado por &Aacute;lvaro Uribe, intensificou a premia&ccedil;&atilde;o dos resultados militares no marco do conflito armado. A Diretiva 29 de 2005 determinava pr&ecirc;mios em dinheiro e promo&ccedil;&otilde;es aos militares que apresentassem mortes de guerrilheiros em combate.</p> <p>As chamadas M&atilde;es de Soacha <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-12/maes-de-soacha-lutam-pela-verdade-sobre-filhos-mortos-pelo-exercito-colombiano" target="_blank">lutam para esclarecer a morte de 17 jovens da cidade</a>, conhecida por abrigar milhares de deslocados internos pelo conflito armado. As fam&iacute;lias dos jovens assassinados dizem que as v&iacute;timas n&atilde;o atuavam na guerrilha, n&atilde;o estavam envolvidos no conflito armado e tamb&eacute;m n&atilde;o praticavam a delinqu&ecirc;ncia comum.</p> <p>Os processos judiciais em andamento na Justi&ccedil;a colombiana apontam que os militares envolvidos vestiram os jovens ap&oacute;s a execu&ccedil;&atilde;o com uniformes de guerrilheiros e deixavam instrumentos usados em combate juntos aos corpos, como granadas e armas.</p> <p> As investiga&ccedil;&otilde;es comprovaram que a troca de roupa por uniforme militar era feita ap&oacute;s a morte dos jovens. Entre os principais ind&iacute;cios est&atilde;o a aus&ecirc;ncia de marca de tiro nas roupas, que pareciam novas; os cal&ccedil;ados vestidos com os lados trocados; e muitas vezes com n&uacute;mero maior que o do corpo.</p> <p> Em Soacha, h&aacute; 19 casos registrados de v&iacute;timas de falsos positivos, mas o governo colombiano estima que ocorreram 4.716 casos de execu&ccedil;&otilde;es extrajudiciais no pa&iacute;s, de 2002 at&eacute; agora.</p> <p>O atual presidente, Juan Manuel Santos, prometeu apoio &agrave;s M&atilde;es de Soacha para esclarecer a verdade sobre os assassinatos. Alguns casos registrados ocorreram quando ele era ministro da Defesa de &Aacute;lvaro Uribe.</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> <p><em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> execução de civis extermínio de civis falsos positivos na Colômbia Internacional mães colombianas Mães de Soacha mães dos falsos positivos mortes de civis simulação de mortes Sun, 12 May 2013 15:51:39 +0000 davi.oliveira 720507 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/ Mães de Soacha lutam pela verdade sobre filhos mortos pelo Exército colombiano https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-05-12/maes-de-soacha-lutam-pela-verdade-sobre-filhos-mortos-pelo-exercito-colombiano <p>Leandra Felipe<br /> <em>Correspondente da Ag&ecirc;ncia Brasil/EBC</em></p> <p><img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/12052013LF0003.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 3px; float: right;" />Bogot&aacute; - Carmenza, Mar&iacute;a Sanabria, Lucero, Maria Doris e Luz Marina. Elas e mais 13 mulheres s&atilde;o chamadas de M&atilde;es de Soacha (a duas horas da capital da Col&ocirc;mbia), que se uniram na dor e na busca de justi&ccedil;a pelos assassinatos de seus filhos, ocorridos no conhecido esc&acirc;ndalo dos &ldquo;falsos positivos&rdquo;, <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-05-12/governo-colombiano-pagava-recompensa-aos-militares-por-guerrilheiros-mortos" target="_blank">nome dado &agrave;s execu&ccedil;&otilde;es extrajudiciais de civis cometidas por membros do Ex&eacute;rcito colombiano</a> entre 2007 e 2009.</p> <p>Elas lutam para esclarecer a morte de 17 jovens da cidade, conhecida por abrigar milhares de deslocados internos pelo conflito armado. Nesse s&aacute;bado (11), a <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> foi conhecer a hist&oacute;ria destas mulheres que lutam para esclarecer a verdade e pedir a puni&ccedil;&atilde;o dos envolvidos nos assassinatos.</p> <p>Mar&iacute;a Sanabria, de 54 anos, espera o julgamento do processo dos militares que mataram seu filho, Jaime Stiven Valencia. Aos 16 anos, ele saiu de casa em Soacha, em agosto de 2008, para comprar comida, e nunca mais regressou.</p> <p> A m&atilde;e conta que ficou preocupada porque o filho n&atilde;o voltou. Ele telefonou dois dias depois e disse para a irm&atilde; que estava no departamento de Norte de Santander (regi&atilde;o dos Andes colombianos), mas que estava &ldquo;tentando voltar para casa&rdquo;.</p> <p> Mar&iacute;a Sanabria relata que essa foi a &uacute;ltima vez que soube not&iacute;cias do filho. Ela procurou ajuda na Promotoria e na prefeitura de Soacha, mas as autoridades n&atilde;o recebiam a queixa, alegando que era &ldquo;cedo para registrar o caso como desaparecido&rdquo;.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/12052013LF0004.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 3px 6px; float: left;" />Depois de oito meses, Mar&iacute;a Sanabria conseguiu fazer a den&uacute;ncia, e o corpo do filho foi localizado enterrado em uma vala comum. &ldquo;Quando eu vi a foto do meu filho morto, com sinais de tortura, eu pedi a Deus que fosse um pesadelo e que fosse engano. Mas os exames comprovaram que era ele&rdquo;, contou emocionada.</p> <p> No registro militar constava que Jaime Stiven havia sido &ldquo;abatido em combate&rdquo;, no contexto do conflito armado. O corpo tamb&eacute;m foi encontrado com roupas e botas usadas por guerrilheiros.</p> <p> Mas a m&atilde;e diz que ele n&atilde;o era das For&ccedil;as Armadas Revolucion&aacute;rias da Col&ocirc;mbia (Farc) e de nenhum outro grupo armado ilegal. &nbsp;&ldquo;Meu filho n&atilde;o saiu de casa com aquela roupa e ele n&atilde;o tinha aquela farda, porque n&atilde;o era guerrilheiro&rdquo;, diz a m&atilde;e.</p> <p> A hist&oacute;ria de Doris Casta&ntilde;eda &eacute; semelhante, mas ela ainda n&atilde;o conseguiu o corpo do filho, que est&aacute; em poder do Ex&eacute;rcito. Ela completou 63 anos ontem e ganhou um bolo de anivers&aacute;rio das amigas que dividem com ela o mesmo drama. &ldquo;Meu anivers&aacute;rio quase sempre &eacute; perto do Dia das M&atilde;es, e por isso &eacute; mais dif&iacute;cil. N&atilde;o sei como suporto&rdquo;, declarou chorando, enquanto era consolada pelas outras m&atilde;es.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/26/gallery_assist715269/prev/12052013LF0002.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 3px; float: right;" />&Oacute;scar Alexander era vendedor de roupas e viajava pelo pa&iacute;s para distribuir mercadorias. Ele tinha 26 anos quando desapareceu. &nbsp;Em 31 de dezembro de 2007, ligou para Doris para dizer que n&atilde;o ia conseguir chegar em tempo para a virada do ano e que viajaria no dia seguinte, porque estava trabalhando em Cucut&aacute;, capital do Norte de Santander.</p> <p>Depois dessa liga&ccedil;&atilde;o ele nunca mais apareceu, e o celular ficou desligado. A fam&iacute;lia come&ccedil;ou a procurar por ele, mas somente em junho de 2011 souberam que havia sido morto pelo Ex&eacute;rcito. &ldquo;O registro dizia que ele foi morto porque estava em combate. Mas como, se ele nunca foi de guerrilha nenhuma?&rdquo;, questiona Doris.</p> <p> O caso das M&atilde;es de Soacha ganhou reconhecimento internacional e as mulheres s&atilde;o acompanhadas pela Anistia Internacional e por organiza&ccedil;&otilde;es n&atilde;o governamentais que atuam na defesa de direitos humanos.</p> <p> Luz Marina Bernal Parra perdeu o filho Fair Leonardo Bernal em 2008. Aos 26 anos, o jovem era portador de necessidades especiais e tinha idade mental de 9 anos. Ele n&atilde;o sabia ler e nem escrever, mas foi assassinado por militares sob acusa&ccedil;&atilde;o de que era um l&iacute;der do narcotr&aacute;fico de um grupo armado ilegal.</p> <p> &ldquo;Como meu filho, que agia como menino, e nem sequer ouvia direito, poderia ser um chefe de um grupo armado?&rdquo;, questiona Luz Marina, cuja morte do filho &eacute; um dos poucos casos de falsos positivos j&aacute; julgados.</p> <p> Quando se re&uacute;nem, as M&atilde;es de Soacha usam uma veste branca para lembrar a trag&eacute;dia e sinalizar que querem justi&ccedil;a e a &ldquo;n&atilde;o repeti&ccedil;&atilde;o dos casos&rdquo;.</p> <p>Algumas delas n&atilde;o estavam vestindo o uniforme, porque enviaram as roupas &agrave; mesa de negocia&ccedil;&atilde;o de paz entre as Farc e o governo colombiano em Havana. &ldquo;Com o gesto, queremos pedir que o Estado n&atilde;o se esque&ccedil;a de reparar seus pr&oacute;prios erros. Queremos garantia da n&atilde;o impunidade e da repara&ccedil;&atilde;o. Basta de viol&ecirc;ncia e dor neste pa&iacute;s&rdquo;, acrescentou.</p> <p> As M&atilde;es de Soacha s&atilde;o consideradas o s&iacute;mbolo da luta no pa&iacute;s contra execu&ccedil;&otilde;es ilegais e crimes de agentes do Estado, cometidos no contexto do conflito armado que o pa&iacute;s enfrenta.</p> <p> As mulheres que buscam a verdade sobre a morte de seus filhos j&aacute; receberam v&aacute;rias amea&ccedil;as de morte, registradas pelo governo e pela Anistia Internacional. No &uacute;ltimo m&ecirc;s de mar&ccedil;o, as M&atilde;es de Soacha receberam o pr&ecirc;mio Construtoras de Paz 2012, pelo Instituto Catal&atilde;o Internacional da Paz.</p> <p><em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> <p><em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> execução de civis extermínio de civis falsos positivos na Colômbia Internacional mães colombianas Mães de Soacha mães dos falsos positivos mortes de civis simulação de mortes Sun, 12 May 2013 15:33:14 +0000 davi.oliveira 720506 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/