Claudio Alvarenga https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/159456/all pt-br Ex-governador diz que não deu a ordem, mas invasão do Carandiru foi necessária https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-04-16/ex-governador-diz-que-nao-deu-ordem-mas-invasao-do-carandiru-foi-necessaria <p align="justify"> Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p align="justify"> S&atilde;o Paulo &ndash; O ent&atilde;o governador &agrave; &eacute;poca em que ocorreu o Massacre do Carandiru, Luiz Antonio Fleury Filho, prestou depoimento no J&uacute;ri Popular sobre o caso, que acontece no F&oacute;rum da Barra Funda, em S&atilde;o Paulo. O ex-governador disse n&atilde;o ter dado a ordem para a invas&atilde;o policial ao pres&iacute;dio, quando 111 presos foram mortos. Ele garantiu que, se estivesse em S&atilde;o Paulo naquela dia, teria dado a autoriza&ccedil;&atilde;o.</p> <p align="justify"> &ldquo;N&atilde;o dei ordem para a entrada. Mas a entrada foi absolutamente necess&aacute;ria e leg&iacute;tima. Se estivesse no meu gabinete, teria dado [a autoriza&ccedil;&atilde;o para a invas&atilde;o da pol&iacute;cia]. A pol&iacute;cia n&atilde;o pode se omitir&rdquo;, disse ele, durante o depoimento, que teve in&iacute;cio por volta das 15h20 de hoje (16).</p> <p align="justify"> A Pol&iacute;cia Militar entrou no Pavilh&atilde;o 9 da Casa de Deten&ccedil;&atilde;o do Carandiru pouco depois do in&iacute;cio de uma rebeli&atilde;o de presos. Segundo Fleury Filho, a informa&ccedil;&atilde;o era a&nbsp;de que alguns presos haviam morrido, ap&oacute;s uma briga entre os pr&oacute;prios detentos.</p> <p align="justify"> Durante o depoimento, o ex-governador assumiu a responsabilidade pol&iacute;tica pelo epis&oacute;dio, mas negou qualquer outra. &ldquo;A responsabilidade pol&iacute;tica do epis&oacute;dio &eacute; minha. A criminal cabe ao tribunal responder&rdquo;.</p> <p align="justify"> Em depoimento de 40 minutos, Fleury Filho contou que n&atilde;o estava em S&atilde;o Paulo no dia em que o massacre ocorreu,&nbsp;2 de outubro de 1992. &ldquo;Era v&eacute;spera de elei&ccedil;&atilde;o municipal e estava em Sorocaba, porque sab&iacute;amos que em S&atilde;o Paulo n&atilde;o tinha possibilidade de o meu candidato se eleger&nbsp;prefeito&rdquo;.</p> <p align="justify"> Em Sorocaba, Fleury Filho disse ter recebido um recado dizendo que o secret&aacute;rio Claudio Alvarenga queria falar com ele. &ldquo;Naquela &eacute;poca n&atilde;o tinha celular&rdquo;, disse. Liguei para o secret&aacute;rio e ele me falou sobre a rebeli&atilde;o que estava ocorrendo no Carandiru e que o secret&aacute;rio de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica da &eacute;poca, Pedro Franco de Campos, estava cuidando do caso.</p> <p align="justify"> &ldquo;Sa&iacute; de l&aacute; (de Sorocaba) de helic&oacute;ptero por volta das 16h ou 16h30. Quando cheguei&nbsp;ao Pal&aacute;cio dos Bandeirantes [sede do governo paulista], descobri que tinha ocorrido a invas&atilde;o. Liguei, ent&atilde;o, para o Campos e perguntei se havia necessidade de a pol&iacute;cia ter entrado. Ele me disse que sim&rdquo;, contou o ex-governador.</p> <p align="justify"> Naquele dia, Fleury disse ter sido informado que a invas&atilde;o policial no Carandiru tinha provocado 40 mortes. &Aacute; noite, a informa&ccedil;&atilde;o foi alterada para 60 mortos. No dia seguinte, domingo de elei&ccedil;&atilde;o, ele tinha a informa&ccedil;&atilde;o de que havia 100 mortos. &ldquo;Pedi ent&atilde;o que s&oacute; informassem o n&uacute;mero de mortos quando tivessem o n&uacute;mero correto&rdquo;, disse ele.</p> <p align="justify"> Segundo ele, s&oacute; &agrave; noite, &agrave;s 18h, hor&aacute;rio em que as urnas estavam fechadas, ele recebeu a confirma&ccedil;&atilde;o de que havia 111 mortos. Na &eacute;poca, a imprensa noticiou&nbsp;oito mortos no massacre e s&oacute; recebeu a confirma&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero exato de mortos ap&oacute;s o t&eacute;rmino das elei&ccedil;&otilde;es.</p> <p align="justify"> Fleury Filho contou tamb&eacute;m que os &acirc;nimos das tropas policiais se alteraram quando houve a not&iacute;cia de que o comandante da Pol&iacute;cia Militar &agrave; &eacute;poca, Ubiratan Guimar&atilde;es, foi atingido por um tubo de TV e tinha desmaiado, pouco depois que a tropa policial invadiu o pres&iacute;dio. &ldquo;Ubiratan foi atingido por um tubo de TV e isso deve ter causado, evidentemente, como&ccedil;&atilde;o &agrave; tropa&rdquo;, contou ele.</p> <p align="justify"> O ex-governador disse tamb&eacute;m que n&atilde;o esteve no local do massacre. &ldquo;N&atilde;o fui ao local porque n&atilde;o era minha obriga&ccedil;&atilde;o de governador. &Eacute; por isso que existe a posi&ccedil;&atilde;o de hierarquia abaixo do governador&rdquo;, falou.</p> <p align="justify"> Ele negou que uma organiza&ccedil;&atilde;o criminosa, que atua nos pres&iacute;dios paulistas, tenha sido criada ap&oacute;s o massacre. &ldquo;O PCC, que dizem ter sido criado em raz&atilde;o desse epis&oacute;dio, era apenas um time de futebol at&eacute; o final do meu mandato (1991-1994). No meu governo, ele n&atilde;o teve espa&ccedil;o para crescer. Ele se intensificou no governo seguinte [governo M&aacute;rio Covas], quando ocorreram 22 rebeli&otilde;es em dois meses&rdquo;.</p> <p align="justify"> Fleury Filho foi a quarta testemunha de defesa ouvida nesta ter&ccedil;a-feira (16), segundo dia do julgamento. Antes foram prestaram depoimento os desembargadores Ivo de Almeida, Fernando Torres Garcia e Luis Antonio San Juan Fran&ccedil;a.</p> <p align="justify"> San Juan Fran&ccedil;a, que era titular da Vara de Execu&ccedil;&otilde;es Criminais, disse que entrou no pres&iacute;dio ap&oacute;s a invas&atilde;o policial. Ele contou ter visto os corpos de &ldquo;oito ou nove presos&rdquo; sendo retirados do local. &ldquo;Perguntei o que houve [aos policiais]. E eles responderam: &#39;Confronto. Em vez de se renderem, preferiram o confronto&#39;&rdquo;, contou o desembargador.</p> <p align="justify"> Ele&nbsp;disse tamb&eacute;m que uma sindic&acirc;ncia apurou que houve policiais feridos durante o massacre e que foram apreendidas armas com os presos, entre elas 12 ou 13 armas de fogo, que lhe foram entregues por policiais. &ldquo;N&atilde;o entendo como arma de fogo entra dentro do pres&iacute;dio&rdquo;,&nbsp;disse ele, sobre as apreens&otilde;es.</p> <p align="justify"> &nbsp;</p> <p align="justify"> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Beto Coura</em></p> <p align="justify"> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong></em></p> Casa de Detenção do Carandiru Claudio Alvarenga Fernando Torres Garcia Ivo de Almeida Justiça Luis Antonio Fleury Filho Luis Antonio San Juan França Massacre do Carandiru Pavilhão 9 PCC polícia militar Ubiratan Guimarães Tue, 16 Apr 2013 20:24:40 +0000 alberto.coura 718506 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/