candidatos no Paraguai https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/159281/all pt-br Problema dos brasiguaios é desafio para presidente que Paraguai elege domingo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-04-15/problema-dos-brasiguaios-e-desafio-para-presidente-que-paraguai-elege-domingo <p> Monica Yanakiew<br /> <em>Correspondente da Ag&ecirc;ncia Brasil/EBC</em></p> <p> Buenos Aires &ndash; O pr&oacute;ximo presidente do Paraguai, que ser&aacute; eleito domingo (21) e assumir&aacute; em agosto, tem um desafio pela frente: administrar os conflitos de terra, que marcaram o governo de Fernando Lugo (2008-2012) e amea&ccedil;am os 350 mil brasiguaios &ndash; como s&atilde;o chamados os brasileiros e seus descendentes que moram no pa&iacute;s. A maioria vive da produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola.</p> <p> A agropecu&aacute;ria representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) paraguaio, mas &eacute; respons&aacute;vel por 40% do crescimento econ&ocirc;mico do pa&iacute;s, que este ano pode alcan&ccedil;ar 13%, segundo as ultimas estimativas do Banco Central do Paraguai. Os brasiguaios s&atilde;o respons&aacute;veis pela grande parte da produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola paraguaia &ndash; &ldquo;cerca de 80%&rdquo;, assegura a advogada Marilene Sguarizi, filha de colonos brasileiros e representante de cooperativas agr&iacute;colas.</p> <p> Durante a campanha eleitoral, representantes dos brasiguaios reuniram-se com os dois presidenci&aacute;veis que lideram as pesquisas de opini&atilde;o: Hor&aacute;cio Cartes, do Partido Colorado, e Efrain Alegre, do Partido Liberal Radical Aut&ecirc;ntico. &ldquo;Existe muita incerteza sobre quem vai ganhar, mas nestas elei&ccedil;&otilde;es temos uma vantagem: tanto Cartes quanto Alegre t&ecirc;m consci&ecirc;ncia de que &eacute; preciso resolver o problema dos conflitos de terra&rdquo;, disse Marilene, em entrevista &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> . &ldquo;Pedimos a ambos estabilidade jur&iacute;dica&rdquo;, acrescentou.</p> <p> Em 2012, <em>carperos</em> (como s&atilde;o chamados os sem-terra paraguaios) ocuparam fazendas de Tranquilo Favero &ndash; um brasileiro, naturalizado paraguaio, conhecido como &ldquo;rei da soja&rdquo;. Alegavam que os t&iacute;tulos de propriedade dos produtores brasileiros s&atilde;o falsos. Favero, assim como muitos outros brasiguaios, adquiriram terras baratas durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Segundo movimentos sociais ligados &agrave; reforma agr&aacute;ria, terras do estado foram vendidas de forma irregular.</p> <p> Os brasiguaios dizem que compraram as terras de boa-f&eacute; e que investiram tempo, trabalho e dinheiro para torn&aacute;-las produtivas. Atualmente, o Paraguai &eacute; o quarto produtor mundial de soja e est&aacute; entre os maiores produtores de carne. &ldquo;Para continuarmos investindo precisamos ter garantias jur&iacute;dicas, que n&atilde;o existiam no governo de Lugo&rdquo;, disse a advogada Marilene Sguarizi.</p> <p> Eleito em 2008 com a promessa de governar para os pobres (que representam 30% da popula&ccedil;&atilde;o paraguaia), o ex-bispo Fernando Lugo procurou resolver o conflito de terras sem repress&atilde;o, deixando a quest&atilde;o nas m&atilde;os da Justi&ccedil;a. Mas sem interven&ccedil;&atilde;o da pol&iacute;cia, as ordens judiciais para desocupar as terras n&atilde;o eram cumpridas.</p> <p> Foi um conflito de terra que desencadeou a queda de Lugo, um ano antes de concluir seu mandato. No dia 15 de junho de 2012, um enfrentamento entre policias e sem-terra, no interior do pa&iacute;s, resultou na morte de 17 pessoas. O Congresso (de maioria opositora) acusou Lugo de &ldquo;mau desempenho&rdquo; e o submeteu a julgamento pol&iacute;tico. Uma semana depois do massacre, ele foi destitu&iacute;do e substitu&iacute;do pelo vice, Federico Franco &ndash; pol&iacute;tico conservador do Partido Liberal Radical Aut&ecirc;ntico.</p> <p> Mal assumiu, Franco recebeu 12 representantes da col&ocirc;nia brasileira no Paraguai, que manifestaram publicamente seu apoio ao novo governo e pediram &agrave; presidenta Dilma Rousseff que fizesse o mesmo. De nada adiantou.</p> <p> Os governos da regi&atilde;o questionaram a legitimidade do <em>impeachment</em> &ldquo;rel&acirc;mpago&rdquo;, que Lugo chamou de &ldquo;golpe parlamentar&rdquo;. Brasil, Argentina e Uruguai suspenderam o Paraguai do Mercosul at&eacute; as elei&ccedil;&otilde;es presidenciais e inclu&iacute;ram a Venezuela como membro pleno. A ades&atilde;o venezuelana tinha sido vetada, at&eacute; ent&atilde;o, pelo Congresso paraguaio &ndash; o mesmo que destituiu Lugo.</p> <p> &ldquo;N&oacute;s fomos beneficiados pelo processo de <em>impeachment</em> e nos sentimos tra&iacute;dos pelo governo brasileiro&rdquo;, disse Marilene Sguarizi. &ldquo;Na hora em que nossas terras estavam sendo invadidas, ningu&eacute;m nos apoiou &ndash; o Brasil dizia que era um problema interno do Paraguai. Na hora em que os paraguaios destituem Lugo e colocam um presidente que faz valer a lei, o Brasil nos d&aacute; as costas&rdquo;, acrescentou.</p> <p> Tanto Cartes quanto Alegre t&ecirc;m posi&ccedil;&atilde;o mais favor&aacute;vel aos donos de terras do que Lugo. Cartes &eacute; candidato do Partido Colorado, que esteve no poder durante 61 anos, 35 deles na ditadura de Alfredo Stroessner. &ldquo;Para os colorados, &eacute; delicado discutir a venda de terras a brasileiros nos tempos de Stroessner&rdquo;, disse &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> o diretor do Centro de An&aacute;lise e Difus&atilde;o da Economia Paraguaia (Cadep), Federico Masi.</p> <p> J&aacute; Alegre pertence ao mesmo partido que Franco, &ldquo;mas os liberais est&atilde;o divididos em tr&ecirc;s fac&ccedil;&otilde;es e nem todas pensam igual&rdquo;. Alegre pertence a uma ala mais moderada que a do atual presidente e que apresenta um discurso mais social.</p> <p> Apesar de o Paraguai ter se beneficiado da alta nos pre&ccedil;os da soja e ter reduzido os n&iacute;veis de pobreza de 40% a 30%, o n&iacute;vel de indig&ecirc;ncia n&atilde;o baixou. &ldquo;A indig&ecirc;ncia ainda afeta 19% dos paraguaios, a grande maioria no setor rural&rdquo;, disse Masi.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. Para reproduzir as mat&eacute;rias &eacute; necess&aacute;rio apenas dar cr&eacute;dito &agrave; </em><strong><em>Ag&ecirc;ncia Brasil</em></strong></p> ameaça dos carperos brasiguaios candidatos no Paraguai carne paraguaia carperos conflito de terras eleições no Paraguai Internacional novo presidente do Paraguai produção do Paraguai saída de Lugo soja paraguaia Mon, 15 Apr 2013 15:43:50 +0000 davi.oliveira 718359 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/