crise do Chipe https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/157413/all pt-br Sistema financeiro dependente do capital estrangeiro ajuda a explicar crise no Chipre https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-03-24/sistema-financeiro-dependente-do-capital-estrangeiro-ajuda-explicar-crise-no-chipre <p> <em>BBC Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia - O sistema banc&aacute;rio do Chipre e a atratividade do pa&iacute;s a milion&aacute;rios podem ajudar a explicar a crise que amea&ccedil;a a economia cipriota - a pior em cerca de 40 anos. Para se tornar atraente para o capital estrangeiro, a ilha tem um dos regimes fiscais mais favor&aacute;veis da Europa. Segundo a Organiza&ccedil;&atilde;o para Coopera&ccedil;&atilde;o e Desenvolvimento Econ&ocirc;mico (OCDE), o imposto sobre a renda de uma empresa no Chipre &eacute; de 10% - muito inferior &agrave; m&eacute;dia europeia, entre 25% e 35%.</p> <p> &quot;O Chipre se tornou um o&aacute;sis para os investidores estrangeiros, principalmente os oligarcas russos. A ilha &eacute; hoje o principal destino do capital russo no exterior&quot;, explica Anne Laure Delatte, especialista em mercados financeiros do Observat&oacute;rio Franc&ecirc;s de Conjuntura Econ&ocirc;mica.</p> <p> Os bancos cipriotas tamb&eacute;m oferecem taxas de remunera&ccedil;&atilde;o muito maiores do que as praticadas nos outros pa&iacute;ses da zona do euro e s&atilde;o conhecidos pelo pouco rigor no controle da origem do capital. O peso do dinheiro russo na ilha &eacute; t&atilde;o forte que o Chipre decidiu naturalizar alguns de seus investidores mais importantes, que podem se beneficiar do regime fiscal.</p> <p> Uma medida extraordin&aacute;ria do governo, adotada em 2007, autoriza a nacionaliza&ccedil;&atilde;o de pessoas com mais de 35 anos que tenham investido ao menos 17 milh&otilde;es de euros (R$ 44 milh&otilde;es) nos bancos do pa&iacute;s ou que dirijam empresas com faturamento anual superior a 85 milh&otilde;es de euros (R$ 222 milh&otilde;es). Entre 2007 e 2010, cerca de 30 oligarcas russos adotaram a nacionalidade cipriota.</p> <p> Segundo dados do Instituto Internacional de Finan&ccedil;as (IIF), os dep&oacute;sitos nos bancos cipriotas somavam 70 bilh&otilde;es de euros (R$ 182 bilh&otilde;es) no final do ano passado. Desse total, 20 bilh&otilde;es de euros (R$ 52 bilh&otilde;es)&nbsp; seriam de clientes n&atilde;o residentes na Uni&atilde;o Europeia - 85% deles russos ou ucranianos.</p> <p> O Chipre n&atilde;o &eacute; formalmente considerado um para&iacute;so fiscal, mas a pouca transpar&ecirc;ncia do sistema banc&aacute;rio do pa&iacute;s contribui para a desconfian&ccedil;a dos governos europeus e investidores internacionais. H&aacute; suspeitas de que os russos utilizam os bancos cipriotas para atividades ilegais, como evas&atilde;o fiscal e lavagem de dinheiro.</p> <p> &quot;O dinheiro russo transita pelos bancos cipriotas e volta para a R&uacute;ssia, muitas vezes para ser injetado em setores onde a corrup&ccedil;&atilde;o &eacute; forte, como o imobili&aacute;rio. Da&iacute; as suspeitas de lavagem de dinheiro&quot;, comenta Anne Delatte.</p> <p> Para a especialista, um dos pilares da crise no Chipre &eacute; o sistema banc&aacute;rio do pa&iacute;s, que tem um peso enorme sobre a economia. &quot;Os ativos dos bancos cipriotas representam 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do pa&iacute;s, enquanto a m&eacute;dia europeia &eacute; de 3,5%&quot;, diz. O IIF tamb&eacute;m considera que &quot;o peso descomunal do sistema financeiro cipriota se tornou o epicentro da crise no pa&iacute;s&quot;. Os ativos dos bancos representavam, no final de 2012, 700% do PIB do Chipre.</p> <p> Os bancos da ilha t&ecirc;m uma situa&ccedil;&atilde;o particular em rela&ccedil;&atilde;o ao resto da Europa. Eles det&ecirc;m pouca d&iacute;vida p&uacute;blica e contam principalmente com os dep&oacute;sitos dos correntistas para financiar suas atividades. Especialistas consideram, entretanto, que esse sistema poderia ainda sobreviver por bastante tempo se n&atilde;o fosse a depend&ecirc;ncia do Chipre da divida grega.</p> <p> &quot;A crise grega foi fatal para o Chipre&quot;, explica Anne Laure Delatte. Quando, h&aacute; cerca de um ano, a Uni&atilde;o Europeia decidiu perdoar metade da d&iacute;vida grega para evitar a fal&ecirc;ncia do pa&iacute;s, os bancos cipriotas registraram perdas entre 4 bilh&otilde;es e 5 bilh&otilde;es de euros.</p> <p> &Agrave; beira da bancarrota, a ilha de 850 mil habitantes vive sua pior crise econ&ocirc;mica desde 1974, quando o pa&iacute;s sofreu um golpe de Estado e foi invadido por tropas turcas. No dia 16 de mar&ccedil;o, representantes da Uni&atilde;o Europeia anunciaram que o Chipre seria o quinto pa&iacute;s europeu a receber um pacote de resgate da Uni&atilde;o Europeia - depois de Espanha, Gr&eacute;cia, Irlanda e Portugal.</p> <p> O pacote prev&ecirc; que dos 17 bilh&otilde;es de euros necess&aacute;rios para recapitalizar os bancos do pa&iacute;s e financiar a d&iacute;vida p&uacute;blica, 10 bilh&otilde;es de euros ser&atilde;o disponibilizados pela UE e FMI e o governo cipriota deve levantar o restante.</p> <p> Em contrapartida, Bruxelas imp&ocirc;s a medida in&eacute;dita de tributar todos os dep&oacute;sitos banc&aacute;rios do pa&iacute;s. A proposta inicial, que previa a cobran&ccedil;a de uma taxa de 6,75% em contas de 20 mil a 100 mil euros (de R$ 52 mil a R$ 260 mil) e de 9,9% nas contas acima desse valor, causou uma corrida aos caixas eletr&ocirc;nicos e preocupa&ccedil;&atilde;o entre correntistas de toda a Europa.</p> <p> A proposta, no entanto, foi recusada pelo parlamento do Chipre e representantes da UE, FMI e Banco Central Europeu discutem agora um plano B. Para evitar a retirada em massa das poupan&ccedil;as, os bancos do pa&iacute;s foram fechados at&eacute; a pr&oacute;xima quinta-feira (28).</p> <p> No s&aacute;bado (23), em Bruxelas, o ministro das Finan&ccedil;as do Chipre, Michael Sarris, disse que seu pa&iacute;s fez um &#39;&#39;progresso significativo&#39;&#39; nas negocia&ccedil;&otilde;es com a UE para um novo plano. Ele disse ainda que o governo cogita agora cobrar taxas de at&eacute; 25% sobre dep&oacute;sitos de mais de 100 mil euros feitos na ilha.</p> bancos do Chipe capital russo no Chipe Chipre crise do Chipe explicação da crise Internacional OCDE Sun, 24 Mar 2013 16:15:04 +0000 davi.oliveira 716756 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/