Sérgio Naya https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/154616/all pt-br Passados 15 anos da tragédia do Edifício Palace 2, vítimas ainda esperam por indenização https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-22/passados-15-anos-da-tragedia-do-edificio-palace-2-vitimas-ainda-esperam-por-indenizacao <p> Alana Gandra<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro - Quinze anos depois do desabamento do Edif&iacute;cio Palace 2, na Barra da Tijuca, que matou oito pessoas, as v&iacute;timas da trag&eacute;dia ainda esperam por indeniza&ccedil;&atilde;o. Segundo Rauliete Guedes, presidenta da Associa&ccedil;&atilde;o de V&iacute;timas do Palace 2, as 120 fam&iacute;lias filiadas &agrave; associa&ccedil;&atilde;o receberam, at&eacute; agora,&nbsp; 40% do que tinham direito, em sete parcelas, o que d&aacute; um total, atualizado, de R$ 30 milh&otilde;es. Outras fam&iacute;lias preferiram entrar na Justi&ccedil;a em a&ccedil;&otilde;es separadas.</p> <p> Rauliete Guedes e o filho tinham dois apartamentos no pr&eacute;dio e conseguiram &nbsp;recome&ccedil;ar a vida, comprando novos im&oacute;veis pelo Sistema Financeiro de Habita&ccedil;&atilde;o (SFH). O que ela tinha no Palace 2 foi implodido ap&oacute;s a trag&eacute;dia, enquanto o do filho foi perdido no desabamento, ocorrido no dia 22 de fevereiro de 1998, um s&aacute;bado de carnaval.</p> <p> O Palace 2 tinha 176 apartamentos. A &uacute;ltima fam&iacute;lia que estava morando em um hotel por decis&atilde;o judicial foi expulsa &nbsp;por ordem da pr&oacute;pria Justi&ccedil;a, devido ao n&atilde;o pagamento das di&aacute;rias pela construtora Sersan, respons&aacute;vel pela obra que desabou.</p> <p> O dono da construtora, S&eacute;rgio Naya, morreu em Ilh&eacute;us (BA), em 2009, o que agravou o problema, j&aacute; que os bens que possu&iacute;a acabaram reunidos em esp&oacute;lio. &ldquo;Vai aumentando o montante e fica por isso mesmo&rdquo;, reclamou Rauliete.</p> <p> O advogado da associa&ccedil;&atilde;o, N&eacute;lio Andrade, confirmou &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> que o processo est&aacute; parado h&aacute; quatro anos, ap&oacute;s a venda de um im&oacute;vel pertencente &agrave; Sersan, cujo valor foi depositado em ju&iacute;zo. &ldquo;Tem R$ 5,3 milh&otilde;es depositados em conta judicial para fazer a partilha. Em quatro anos, o juiz n&atilde;o liberou o dinheiro&rdquo;. A situa&ccedil;&atilde;o, segundo ele, &eacute; de pen&uacute;ria para muitas fam&iacute;lias.</p> <p> As indeniza&ccedil;&otilde;es variam de acordo com a situa&ccedil;&atilde;o das fam&iacute;lias &ndash; inquilinas ou propriet&aacute;rias &ndash; na &eacute;poca do desabamento do Palace 2 e tamb&eacute;m com o fato de terem perdido algum parente. Andrade disse que &nbsp;os valores oscilam de R$ 200 mil a mais de R$ 1 milh&atilde;o por fam&iacute;lia. Somando todas as indeniza&ccedil;&otilde;es devidas, o montante atinge cerca de R$ 70 milh&otilde;es, com as corre&ccedil;&otilde;es e juros.</p> <p> O advogado encaminhou &agrave; 4&ordf; Vara Empresarial do Rio documento mostrando que o c&aacute;lculo feito pelo contador indicado pela Justi&ccedil;a est&aacute; errado. Andrade analisou que a morosidade da Justi&ccedil;a &eacute; muito grande. &ldquo;&Eacute; m&aacute; vontade. N&atilde;o tem outra explica&ccedil;&atilde;o&rdquo;, assegurou. &ldquo;Se tem o cr&eacute;dito para as fam&iacute;lias, por que vai mandar fazer c&aacute;lculo?&rdquo;, indagou.</p> <p> Ainda h&aacute; v&aacute;rios im&oacute;veis da construtora Sersan e de S&eacute;rgio Naya para serem leiloados. &nbsp;&ldquo;Eu tornei o patrim&ocirc;nio dele indispon&iacute;vel no pa&iacute;s todo&rdquo;, disse o advogado.&nbsp;Alguns im&oacute;veis apresentam d&iacute;vidas referentes a impostos atrasados. Andrade relatou que um terreno que valia na &eacute;poca R$ 40 milh&otilde;es teve que ser alienado por R$ 9 milh&otilde;es, devido &agrave;s d&iacute;vidas e problemas no im&oacute;vel. &ldquo;Tudo com rela&ccedil;&atilde;o aos im&oacute;veis do S&eacute;rgio Naya era enrolado&rdquo;.</p> <p> N&eacute;lio Andrade disse que acompanha com preocupa&ccedil;&atilde;o a situa&ccedil;&atilde;o dos clientes.&nbsp;&ldquo;Tem gente que ficou doente mental, que se separou... as pessoas n&atilde;o conseguiram restabelecer sua vida ainda. Passados 15 anos, as pessoas ainda est&atilde;o traumatizadas com isso&rdquo;, comentou. &ldquo;Cada ano que passa, as fam&iacute;lias v&atilde;o revivendo a trag&eacute;dia&rdquo;.</p> <p> Algumas v&iacute;timas, como Ione Vit&oacute;rio nunca conseguiram comprar outro im&oacute;vel. Ela atribui o fato &agrave;s sucessivas trocas de ju&iacute;zes na 4&ordf; Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que trata do caso, e &agrave; demora em receber a indeniza&ccedil;&atilde;o. Isso fez com que ela nunca conseguisse completar o pagamento de um novo local para morar, pretendido na regi&atilde;o da Barra, zona oeste da cidade.</p> <p> Atualmente, ela vive em Jacarepagu&aacute;, em apartamento que herdou do pai. &ldquo;A Justi&ccedil;a est&aacute; muito arcaica. Deveria ter resolvido na hora do desabamento&rdquo;. Ione disse &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong> que essa demora em receber o que tem direito &ldquo;acaba com a gente&rdquo; e diz que a espera &ldquo;&eacute; t&atilde;o desapontadora e dolorosa quanto o desabamento&rdquo;. Seu padr&atilde;o de vida hoje &eacute; muito diferente do que tinha h&aacute; 15 anos. Estimou que o seu apartamento no Palace 2 valeria pelo menos R$ 700 mil atualmente.</p> <p> Como o esp&oacute;lio de Naya teve que ser incorporado ao processo, isso atrasou todo o tr&acirc;mite. O advogado N&eacute;lio Andrade pretende lutar agora para conseguir desbloquear o dinheiro que est&aacute; depositado para pagar as fam&iacute;lias. Ele pretende reunir todos os im&oacute;veis da Sersan e de S&eacute;rgio Naya para lev&aacute;-los a um leil&atilde;o &uacute;nico. &ldquo;Vamos decidir isso logo&rdquo;.</p> <p> Procurado pela <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>, o juiz da 4&ordf; Vara Empresarial, que assumiu o cargo este m&ecirc;s, Gilberto Matos, &nbsp;respondeu, por meio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justi&ccedil;a do Rio de Janeiro, que &ldquo;conforme o despacho proferido &agrave;s folhas 3.805 verifica-se que inexistem valores dispon&iacute;veis para a satisfa&ccedil;&atilde;o dos cr&eacute;ditos&rdquo;.</p> <p> Em rela&ccedil;&atilde;o aos R$ 5,3 milh&otilde;es depositados em ju&iacute;zo, o magistrado informou que o valor s&oacute; poder&aacute; ser liberado quando deixarem de existir recursos tanto do lado dos credores como dos herdeiros de S&eacute;rgio Naya.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> <p> <em>Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. 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