Anhembi https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/153507/all pt-br Blocos de rua de São Paulo defendem modelo não empresarial de carnaval https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-10/blocos-de-rua-de-sao-paulo-defendem-modelo-nao-empresarial-de-carnaval <p> Camila Maciel<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo - Al&eacute;m do espet&aacute;culo dos desfiles das escolas de samba, que enchem os olhos dos espectadores no Anhembi, as folias de rua tamb&eacute;m animam o carnaval na capital paulista. Com or&ccedil;amento pelo menos cinquenta vezes menor do que as agremia&ccedil;&otilde;es do grupo especial, blocos e cord&otilde;es carnavalescos defendem um modelo n&atilde;o empresarial da festa, a qual teria como principal motiva&ccedil;&atilde;o a alegria e a valoriza&ccedil;&atilde;o do samba. &quot;Trata-se de um retorno &agrave; coisa do brincar o carnaval&quot;, explicou Renato Dias, fundador do cord&atilde;o Kolombolo Di&aacute; Piratininga.</p> <p> O Kolombolo, que desfila pelas ruas do bairro Vila Madalena, na zona oeste paulistana, surgiu em 2002 a partir de um grupo de m&uacute;sicos e produtores incomodados com a ideia de um carnaval exposto na m&iacute;dia, &ldquo;cada vez mais distante de suas origens&rdquo;, explica Dias. &quot;Todo esse espet&aacute;culo foi suprimindo a pe&ccedil;a principal do carnaval, que &eacute; o sambista. O dinheiro foi passando por cima de tudo. &Eacute; legal ter a coisa pl&aacute;stica, bonita, mas com a quest&atilde;o da competi&ccedil;&atilde;o, todo mundo come&ccedil;ou a investir mais no neg&oacute;cio: as escolas de samba foram se tornando empresas&quot;, critica.</p> <p> Somente depois de quatro anos da funda&ccedil;&atilde;o &eacute; que o cord&atilde;o saiu pelas ruas. &ldquo;A gente ficou um tempo fazendo pesquisa. Conversamos com sambistas da velha guarda para retomar essa hist&oacute;ria. Ningu&eacute;m melhor do que eles para isso&rdquo;, relatou. O fundador do bloco conta que esse contato foi fundamental para confirmar as cr&iacute;ticas que faziam ao modelo de carnaval. &ldquo;A queixa vinha muito ao encontro do que a gente estava conversando. Alguns nutriam uma m&aacute;goa, porque sabem que ainda tinham valor para a escola&rdquo;, declarou.</p> <p> Assim como o Kolombolo, pelos menos outros 47 blocos e cord&otilde;es desfilam em S&atilde;o Paulo, tanto nos dias que antecedem a festa, quanto propriamente no carnaval. Parte das agremia&ccedil;&otilde;es est&aacute; vinculada a entidades que recebem recursos na prefeitura. &ldquo;&Eacute; dif&iacute;cil ter um n&uacute;mero exato de blocos, bandas e cord&otilde;es que saem: h&aacute; muitos, uns 30, que n&atilde;o fazem parte das entidades&rdquo;, explica o jornalista C&acirc;ndido Jos&eacute; de Souza Neto, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o das Bandas Carnavalescas de S&atilde;o Paulo (Abasp).</p> <p> Outras tr&ecirc;s entidades paulistas tamb&eacute;m recebem verba da prefeitura para organizar os desfiles, tanto das escolas de samba, sob responsabilidade da Liga Independente das Escolas de Samba de S&atilde;o Paulo e da Uni&atilde;o das Escolas de Samba de S&atilde;o Paulo (Uesp), quanto dos blocos, encabe&ccedil;ada pela Associa&ccedil;&atilde;o das Bandas, Blocos e Cord&otilde;es Carnavalescos do Munic&iacute;pio de S&atilde;o Paulo (ABBC), al&eacute;m da Abasp. De acordo com a S&atilde;o Paulo Turismo (SPTuris), R$ 12 milh&otilde;es &eacute; o total distribu&iacute;do entre as entidades. O valor representa a metade do or&ccedil;amento total do carnaval paulista, que &eacute; de R$ 24 milh&otilde;es.</p> <p> De acordo com C&acirc;ndido Neto, a Abasp receber&aacute; este ano R$ 124 mil, a serem repartidos entre nove bandas, filiadas &agrave; associa&ccedil;&atilde;o, e tr&ecirc;s grupos convidados. &ldquo;Agora, 10% desse dinheiro v&atilde;o manter a entidade durante todo o ano&rdquo;, explica. Ele destaca, no entanto, que o montante s&oacute; &eacute; suficiente para pagamento de um contador, uma assessora de imprensa e um advogado. &ldquo;Mas nenhum tem v&iacute;nculo empregat&iacute;cio. S&atilde;o todos por contrato de presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;o. At&eacute; hoje n&atilde;o temos uma sede&rdquo;, aponta.</p> <p> Diferentemente das escolas de samba, que tem como uma de suas principais caracter&iacute;sticas atuais a profissionaliza&ccedil;&atilde;o, nos blocos o trabalho &eacute; volunt&aacute;rio. &ldquo;Muitas vezes s&atilde;o amigos de bar, de faculdade ou m&uacute;sicos que se juntaram para sair no carnaval. Cada um assume uma tarefa e faz funcionar. &Eacute; mais espont&acirc;neo&rdquo; explica Renato Dias.</p> <p> No Kolombolo, por exemplo, s&oacute; h&aacute; remunera&ccedil;&atilde;o para os m&uacute;sicos quando um show &eacute; contratado, informou o integrante da agremia&ccedil;&atilde;o, que conta aproximadamente com 60 membros ativos. &ldquo;Cerca de 30 pessoas fazem parte da ala de compositores que se re&uacute;ne todas as sextas-feiras. Agora, fora isso, tem as mais de duas mil pessoas que acompanham o desfile e tamb&eacute;m chegam pra tocar no dia&rdquo;, explica.</p> <p> Apesar de aglutinarem grande n&uacute;mero de foli&otilde;es e provocarem impactos no ambiente urbano, os blocos e cord&otilde;es que n&atilde;o est&atilde;o vinculados &agrave;s entidades reconhecidas pelo poder p&uacute;blico t&ecirc;m encontrado dificuldades para obter apoio log&iacute;stico e autoriza&ccedil;&atilde;o para fazer a festa na rua. &Eacute; o que relata a gestora cultural e tamb&eacute;m fundadora do Kolombolo, L&iacute;gia Fernandes. &ldquo;No ano passado, o desfile foi interrompido pela pol&iacute;cia&rdquo;, relatou. Com objetivo de abrir um canal de di&aacute;logo com os &oacute;rg&atilde;os competentes, 24 blocos assinam o Manifesto Carnavalista.</p> <p> &ldquo;Nossa ideia com o documento era abrir o di&aacute;logo e pensar solu&ccedil;&otilde;es. A gente sabe que causa transtornos, mas sem o apoio, sem autoriza&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o h&aacute; como fazer o m&iacute;nimo que &eacute; o tr&acirc;nsito. Acertar exatamente o que &eacute; responsabilidade da prefeitura e o que &eacute; nosso dever. Isso &eacute; o que falta&rdquo;, explica. Na avalia&ccedil;&atilde;o de L&iacute;gia, a movimenta&ccedil;&atilde;o dos blocos em torno da quest&atilde;o j&aacute; demonstra avan&ccedil;os, tendo em vista que representantes est&atilde;o em di&aacute;logo com a prefeitura para discuss&atilde;o das regras para esses desfiles. &ldquo;A gente n&atilde;o quer ser ilegal no carnaval&rdquo;, refor&ccedil;a.</p> <p> De acordo com Everaldo Dourado J&uacute;nior, diretor de eventos da SPTuris, a solu&ccedil;&atilde;o para este ano &eacute; a assinatura de um termo de parceria com representantes dos blocos e cord&otilde;es. &ldquo;A dificuldade [de conceder autoriza&ccedil;&atilde;o] sempre se deu por conta da informalidade. Queremos que eles saiam da informalidade e sejam inseridos dentro das regras da pr&oacute;pria vida da cidade&rdquo;, avaliou.</p> <p> Ele afirma que o tema j&aacute; estava sendo debatido desde o ano passado. Ser&aacute; viabilizado este ano. &ldquo;Vamos ajudar esses blocos sa&iacute;rem. &Eacute; prov&aacute;vel que alguns ainda saiam na informalidade, mas vamos mapear para que isso seja completamente regulado j&aacute; no pr&oacute;ximo ano&rdquo;, destacou. Dentre as regras a serem definidas est&atilde;o: hor&aacute;rio de in&iacute;cio e t&eacute;rmino dos desfiles, previs&atilde;o de p&uacute;blico, quantidade necess&aacute;ria de banheiros qu&iacute;micos, dentre outras.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Jos&eacute; Romildo</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. 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