tortura em Joinville https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/153267/all pt-br Juiz diz que situação em presídio catarinense era “muito tensa” antes dos ataques a ônibus https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2013-02-07/juiz-diz-que-situacao-em-presidio-catarinense-era-%E2%80%9Cmuito-tensa%E2%80%9D-antes-dos-ataques-onibus <p> Camila Maciel<br /> <em>Enviada especial</em></p> <p> Florian&oacute;polis - O juiz corregedor Jo&atilde;o Marcos Buch, que deu in&iacute;cio ao inqu&eacute;rito sobre den&uacute;ncias de tortura no Pres&iacute;dio Regional de Joinville, classificou as situa&ccedil;&otilde;es que verificadas l&aacute; como &ldquo;viola&ccedil;&otilde;es graves e radicais&rdquo; aos direitos humanos. Ele se disse chocado com o que observou dias ap&oacute;s a opera&ccedil;&atilde;o pente-fino do dia 18 de janeiro.</p> <p> &ldquo;Fui ao pres&iacute;dio no dia 24 e verifiquei uma situa&ccedil;&atilde;o muito tensa. A experi&ecirc;ncia de 12 anos de magistratura criminal me leva a dizer que foi uma das experi&ecirc;ncias mais tensas que eu tive&rdquo;, relatou o juiz, em entrevista &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>.</p> <p> A Pol&iacute;cia Civil investiga se houve abuso de agentes penitenci&aacute;rios em uma opera&ccedil;&atilde;o pente-fino no pres&iacute;dio de Joinville, no dia 18 de janeiro, que pode estar relacionada aos ataques contra &ocirc;nibus em todo o estado. As imagens do circuito interno mostram agentes penitenci&aacute;rios utilizando <em>spray</em> de pimenta e disparando balas de borracha, mesmo com os presos em situa&ccedil;&atilde;o de controle.</p> <p> Apesar de constatar o clima de tens&atilde;o no pres&iacute;dio regional, Buch n&atilde;o associou, naquele momento, a situa&ccedil;&atilde;o a uma poss&iacute;vel nova s&eacute;rie de ataques, iniciada no dia 30. &ldquo;Quando eu fui l&aacute;, n&atilde;o tinha nenhuma notifica&ccedil;&atilde;o dos &oacute;rg&atilde;os de seguran&ccedil;a de que haveria essa possibilidade. No dia 24, eu n&atilde;o tinha conhecimento disso. Talvez j&aacute; fosse decorrente disso tamb&eacute;m, esse ambiente muito pesado que eu encontrei l&aacute; dentro&rdquo;, avaliou.</p> <p> Buch recebeu den&uacute;ncias de parentes dos presos que o levaram a verificar no local os fatos relatados. &ldquo;Eles mostraram presos machucados. Imediatamente eu instaurei, como juiz corregedor, um procedimento para avaliar aquela situa&ccedil;&atilde;o. Chegaram &agrave;s minhas m&atilde;os os exames de corpo de delito de seis detentos e tamb&eacute;m, na quinta-feira do dia 31, os v&iacute;deos que eu requisitei. Aquilo me chocou muito&rdquo;, declarou.</p> <p> O juiz destacou que estava de f&eacute;rias no per&iacute;odo da opera&ccedil;&atilde;o pente-fino. &ldquo;Eu n&atilde;o acreditava que aquilo pudesse acontecer, principalmente aqui em Joinville, porque o departamento penitenci&aacute;rio tem plena no&ccedil;&atilde;o de que eu n&atilde;o admito [esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o]. Estou dentro do pres&iacute;dio, quase que semanalmente, para avaliar essas quest&otilde;es e para regular a disciplina l&aacute;&rdquo;, explicou.</p> <p> De acordo com o magistrado, at&eacute; aquele momento, nunca havia recebido den&uacute;ncia de opera&ccedil;&otilde;es pente-fino com agress&otilde;es coletivas, mas ele confirma que o pres&iacute;dio de Joinville possui uma condi&ccedil;&atilde;o estrutural prec&aacute;ria. &ldquo;A quest&atilde;o da higiene, do saneamento, do atendimento m&eacute;dico, da superlota&ccedil;&atilde;o, &eacute; um caos a situa&ccedil;&atilde;o de um pres&iacute;dio, especialmente dentro do Pres&iacute;dio Regional de Joinville&rdquo;, relatou.</p> <p> Para Buch, a situa&ccedil;&atilde;o de inseguran&ccedil;a dos pres&iacute;dios reflete a falta de uma pol&iacute;tica de Estado para o sistema prisional. &ldquo;&Eacute; preciso real valoriza&ccedil;&atilde;o do agente penitenci&aacute;rio, melhoria dos recursos humanos, melhoria da estrutura prisional, oferta de mais vagas para receber essa massa carcer&aacute;ria, que tem aumentado muito. N&atilde;o podemos fechar os olhos. Se deixarmos os presos dormindo com ratos e baratas, n&atilde;o sei como eles sair&atilde;o de l&aacute;&rdquo;, alertou.</p> <p> A presidenta da Comiss&atilde;o de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Joinville, Cynthia Pinto da Luz, tamb&eacute;m defende mudan&ccedil;as no sistema prisional para evitar ataques como os que ocorrem agora em Santa Catarina. &ldquo;H&aacute; muito tempo, n&oacute;s fazemos den&uacute;ncia da falta de humaniza&ccedil;&atilde;o do sistema: eventos de tortura, falta de material de higiene, de atendimento na &aacute;rea de sa&uacute;de, maus-tratos tamb&eacute;m de ordem psicol&oacute;gica. Opta-se por uma pol&iacute;tica de repress&atilde;o e ignora-se essa situa&ccedil;&atilde;o&rdquo;, criticou.</p> <p> Para a advogada, que tamb&eacute;m &eacute; vice-presidenta do Conselho Carcer&aacute;rio de Joinville, n&atilde;o h&aacute; d&uacute;vida de que os atentados registrados no estado est&atilde;o relacionados ao evento no pres&iacute;dio regional.</p> <p> &ldquo;A onda de viol&ecirc;ncia que a gente est&aacute; vendo agora, evidentemente, tem a ver com a situa&ccedil;&atilde;o de extrema gravidade no sistema prisional catarinense. Inclusive, &eacute; uma sequ&ecirc;ncia do que j&aacute; havia ocorrido em novembro do ano passado, quando houve a quest&atilde;o dos presos torturados em S&atilde;o Pedro de Alc&acirc;ntara [pres&iacute;dio na Grande Florian&oacute;polis]&rdquo;, relembrou.</p> <p> Ela acredita que a interrup&ccedil;&atilde;o dos ataques seria poss&iacute;vel com a revis&atilde;o da situa&ccedil;&atilde;o atual nos pres&iacute;dios do estado. &ldquo;Tem que verificar quais s&atilde;o as reivindica&ccedil;&otilde;es dos presos, o que est&aacute; acontecendo para levar a essa situa&ccedil;&atilde;o e, a partir disso, &eacute; necess&aacute;rio que o governo se comprometa com o fim da tortura nas unidades prisionais, com puni&ccedil;&atilde;o dos respons&aacute;veis e com a humaniza&ccedil;&atilde;o do sistema, resolvendo problemas como acesso a sa&uacute;de e a situa&ccedil;&atilde;o estrutural dos pres&iacute;dios&rdquo;, defendeu.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira // Mat&eacute;ria alterada &agrave;s 17h00 para corrigir o nome da advogada Cynthia Pinto da Luz,</em> <em>grafado erroneamente como Cinthya Pinto da Luz</em></p> <p> Todo o conte&uacute;do deste site est&aacute; publicado sob a Licen&ccedil;a Creative Commons Atribui&ccedil;&atilde;o 3.0 Brasil. 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