IED como capital especulativo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/150542/all pt-br Investimentos estrangeiros em 2012 superam expectativas, mas provocam desconfiança https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-12-30/investimentos-estrangeiros-em-2012-superam-expectativas-mas-provocam-desconfianca <p> Wellton M&aacute;ximo<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; Os investimentos de empresas estrangeiras no Brasil voltaram a superar as expectativas e continuaram entrando de forma expressiva em 2012. Em parte, o desempenho do consumo e do emprego em meio &agrave; crise econ&ocirc;mica internacional explica o interesse das multinacionais no pa&iacute;s. No entanto, o forte volume de ingressos tem despertado receios de que parte do dinheiro que deveria gerar investimentos produtivos esteja sendo aplicada em especula&ccedil;&otilde;es no mercado financeiro.</p> <p> Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC), os investimentos estrangeiros diretos (IED) totalizaram US$ 59,893 bilh&otilde;es de janeiro a novembro. O resultado &eacute; o segundo melhor para o per&iacute;odo, s&oacute; perdendo para 2011, quando as entradas tinham somado US$ 60,017 bilh&otilde;es. Mesmo assim, os investimentos das empresas estrangeiras t&ecirc;m superado as expectativas mais otimistas.</p> <p> Em novembro, o BC projetava a entrada de US$ 3 bilh&otilde;es de investimentos estrangeiros diretos no pa&iacute;s. No entanto, o ingresso no m&ecirc;s passado somou US$ 4,587 bilh&otilde;es, a ponto de o chefe do Departamento Econ&ocirc;mico do BC, Tulio Maciel, dizer, no dia 18 deste m&ecirc;s, que as &ldquo;surpresas positivas [no IED] t&ecirc;m sido a t&ocirc;nica do ano&rdquo;.</p> <p> O motivo para a desconfian&ccedil;a dos especialistas est&aacute; nos empr&eacute;stimos intercompanhias, empr&eacute;stimos de matrizes no exterior para filiais da mesma empresa no Brasil cuja propor&ccedil;&atilde;o no IED est&aacute; aumentando. Esses recursos representaram 18% do total do investimento estrangeiro direto que ingressou no pa&iacute;s de janeiro a novembro de 2011. No mesmo per&iacute;odo deste ano, a propor&ccedil;&atilde;o subiu para 20,6%.</p> <p> &ldquo;Os empr&eacute;stimos intercompanhias ocorrem dentro de uma mesma empresa ou conglomerado. S&atilde;o realizados em condi&ccedil;&otilde;es especiais e n&atilde;o existe qualquer acompanhamento por parte do governo onde esses recursos s&atilde;o aplicados&rdquo;, diz o economista Andr&eacute; Nassif, professor de Economia Internacional da Funda&ccedil;&atilde;o Getulio Vargas (FGV) e da Universidade Federal Fluminense (UFF).</p> <p> Na avalia&ccedil;&atilde;o do professor, os juros no Brasil, que ainda s&atilde;o altos, apesar da queda observada neste ano, permanecem como atrativos para investidores que querem se aproveitar da diferen&ccedil;a em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s baixas taxas dos pa&iacute;ses desenvolvidos para fazer especula&ccedil;&atilde;o financeira. Para Nassif, existe uma boa chance de que os empr&eacute;stimos intercompanhias estejam camuflando aplica&ccedil;&otilde;es no mercado produtivo. Um ind&iacute;cio disso seria a estagna&ccedil;&atilde;o do investimento privado observada neste ano.</p> <p> &ldquo;Se os investimentos estrangeiros est&atilde;o batendo recordes, por que a taxa de investimento privado n&atilde;o est&aacute; se expandindo? Para onde o dinheiro est&aacute; indo, se a capacidade produtiva n&atilde;o se expandiu em 2012?&rdquo;, questiona o professor. De acordo com o Minist&eacute;rio da Fazenda, a taxa de investimentos deve encerrar o ano em torno de 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB) &ndash; a soma de bens e servi&ccedil;os produzidos no pa&iacute;s - &nbsp;depois de ter ficado em torno de 20% em 2011.</p> <p> Para o professor, o pr&oacute;ximo ano ser&aacute; decisivo para que a situa&ccedil;&atilde;o seja esclarecida. &ldquo;Podemos ter uma prova em 2013. Se a economia continuar com baixo crescimento e os investimentos estrangeiros diretos forem mantidos, &eacute; porque tem alguma coisa estranha&rdquo;, avalia.</p> <p> Apesar da desconfian&ccedil;a de especialistas, o BC n&atilde;o acredita que os empr&eacute;stimos entre matrizes e filiais representem fonte de preocupa&ccedil;&atilde;o. Os t&eacute;cnicos do &oacute;rg&atilde;o avaliam que a taxa&ccedil;&atilde;o do capital estrangeiro previne as opera&ccedil;&otilde;es com fins especulativos. &ldquo;Os empr&eacute;stimos intercompanhia s&oacute; representam uma categoria estat&iacute;stica. Na verdade, eles s&atilde;o tributados com IOF [Imposto sobre Opera&ccedil;&otilde;es Financeiras], como qualquer opera&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse o chefe adjunto do Departamento Econ&ocirc;mico do BC, Fernando Rocha.</p> <p> Atualmente, os empr&eacute;stimos adquiridos no exterior com prazo de at&eacute; um ano pagam 6% de IOF quando os recursos ingressam no pa&iacute;s. Em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; participa&ccedil;&atilde;o dos empr&eacute;stimos intercompanhia no total dos investimentos estrangeiros diretos, Rocha disse n&atilde;o considerar relevante a propor&ccedil;&atilde;o de 20%.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Tereza Barbosa</em></p> confiança das multinacionais no país Economia IED como capital especulativo IED em 2012 investimentos estrangeiros diretos em 2012 Sun, 30 Dec 2012 13:18:59 +0000 davi.oliveira 710986 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/