SOS Corpo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/149665/all pt-br Maioria das mulheres que conciliam trabalho e afazeres domésticos leva rotina exaustiva, mostra pesquisa https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-12-13/maioria-das-mulheres-que-conciliam-trabalho-e-afazeres-domesticos-leva-rotina-exaustiva-mostra-pesqui <p> Fernanda Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; As mulheres brasileiras que trabalham e, ao mesmo tempo, precisam cuidar da casa consideram o seu cotidiano extremamente cansativo, apontou uma pesquisa realizada pela organiza&ccedil;&atilde;o feminista SOS Corpo e os institutos Data Popular e Patr&iacute;cia Galv&atilde;o. No estudo, 75% da popula&ccedil;&atilde;o feminina consultada dizem enfrentar uma rotina exaustiva, enquanto 18% n&atilde;o sofrem desse problema e 7% n&atilde;o sabem afirmar.</p> <p> De um total de 800 mulheres pesquisadas, 98% disseram que, al&eacute;m de trabalhar, precisam se dedicar &agrave; casa. Dessas, 63% recebem ajuda, 10% recebem ajuda paga e 27% est&atilde;o sozinhas nos afazeres dom&eacute;sticos. A participa&ccedil;&atilde;o dos homens nessas tarefas &eacute; baixa, 71% das mulheres n&atilde;o contam com nenhum aux&iacute;lio masculino.</p> <p> De acordo com Ver&ocirc;nica Ferreira, mestre em pol&iacute;ticas p&uacute;blicas e pesquisadora da SOS Corpo, os principais objetivos da pesquisa foram avaliar como as mulheres brasileiras enfrentam a dupla jornada de trabalho e subsidiar pol&iacute;ticas p&uacute;blicas que ofere&ccedil;am apoio &agrave; mulher.</p> <p> A pesquisa ouviu, entre mar&ccedil;o e abril deste ano, mulheres que trabalham fora, com idade entre 18 e 64 anos, nos estados do Par&aacute;, do Cear&aacute;, de Pernambuco, da Bahia, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de S&atilde;o Paulo, do Paran&aacute;, do Rio Grande do Sul, al&eacute;m do Distrito Federal. Uma pesquisa qualitativa tamb&eacute;m envolveu 80 mulheres de S&atilde;o Paulo e do Recife, no per&iacute;odo de junho a julho deste ano.</p> <p> Entre os resultados do levantamento, o que mais chamou a aten&ccedil;&atilde;o de Ver&ocirc;nica foi a preocupa&ccedil;&atilde;o das mulheres com a falta de tempo para se cuidar. Do total de 68% de entrevistadas que reclamaram de falta de tempo, 58% queixaram-se de n&atilde;o conseguir dedicar momentos a elas mesmas. &ldquo;H&aacute; 20 anos, talvez isso n&atilde;o fosse dito, porque esse tempo sequer era visto como necess&aacute;rio. Era t&atilde;o natural que a mulher existe para cuidar dos outros, que 58% delas dizendo isso, para n&oacute;s, &eacute; um dado relevante&rdquo;, disse.</p> <p> &ldquo;Como boa parte das profiss&otilde;es da mulher da classe m&eacute;dia &eacute; atendimento ao p&uacute;blico, ela precisa tamb&eacute;m investir mais em si mesma. Ir mais ao sal&atilde;o, comprar mais roupa, fazer drenagem linf&aacute;tica e tudo mais&rdquo;, acrescentou um dos coordenadores da pesquisa, Renato Meirelles, do Data Popular.</p> <p> O restante das entrevistadas reclamou de n&atilde;o ter executam tempo para ficar com fam&iacute;lia e filhos (46%), para se divertir (42%) e para dormir e descansar (32%). Entre todas as mulheres ouvidas, 60% disseram dormir menos do que oito horas por noite.</p> <p> Apesar da rotina corrida e da falta de tempo, 91% das mulheres consideram o trabalho fundamental para suas vidas. Por&eacute;m, segundo Meirelles, o fato de a profissional precisar exercer uma dupla jornada gera uma disputa injusta no mercado de trabalho.</p> <p> &ldquo;A pesquisa mostrou claramente que, quanto maior a escolaridade, maior a desigualdade de sal&aacute;rios entre homem e mulher. Isso ocorre porque as mulheres n&atilde;o t&ecirc;m condi&ccedil;&otilde;es de crescer mais dentro das empresas que o homem, a n&atilde;o ser que ela abra m&atilde;o da maternidade, das outras atividades que ela queira desenvolver&rdquo;, disse Meirelles.</p> <p> Nesse contexto de competi&ccedil;&atilde;o no trabalho, 63% das entrevistadas concordaram com a ideia de que mulheres sempre ganham menos que os homens, enquanto 27% discordaram da afirma&ccedil;&atilde;o. 10% das consultadas n&atilde;o concordaram, nem discordaram.</p> <p> Outro dado apontado pela pesquisa, feito com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE), foi a estimativa do valor do trabalho feminino dentro de suas casas. Se ele fosse pago, somaria R$ 67,5 bilh&otilde;es por m&ecirc;s em todo o pa&iacute;s.</p> <p> &ldquo;Esse &eacute; um indicador importante de qu&atilde;o gratuito &eacute; o trabalho das mulheres. O importante n&atilde;o &eacute; que esse dinheiro seja pago para as mulheres por meio de bolsas ou de ajuda, mas que ele seja socializado, transforme-se em pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, como amplia&ccedil;&atilde;o do acesso a creches, pr&eacute;-escolas em tempo integral&rdquo;, avalia a professora doutora em sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bila Sorj.</p> <p> A pesquisa apontou que as principais melhorias que poderiam ser viabilizadas pelo governo s&atilde;o creche (16% das mulheres consultadas) e transporte (16%). Em seguida ficou emprego (14%), ensino para elas (10%), sal&aacute;rio (8%) e escola para os filhos (7%).</p> <p> Uma constata&ccedil;&atilde;o positiva do estudo foi que as novas gera&ccedil;&otilde;es poder&atilde;o ser respons&aacute;veis por uma mudan&ccedil;a desse cen&aacute;rio. Enquanto 27% dos homens entre 35 e 64 anos lavam lou&ccedil;a, por exemplo, 40% dos que t&ecirc;m idade entre 18 e 34 realizam essa tarefa.&ldquo;A mulher est&aacute; insatisfeita com o homem e vai cobrar cada vez mais uma participa&ccedil;&atilde;o mais efetiva&rdquo;, diz Meirelles.</p> <p> Ver&ocirc;nica concorda&nbsp; com a possibilidade de uma renova&ccedil;&atilde;o da postura entre os jovens. &ldquo;Ser&aacute; que estamos diante de uma mudan&ccedil;a da identidade masculina? Um afrouxamento do medo do homem em assumir as tarefas dom&eacute;sticas? Porque, em geral, as dificuldades que o homem tem em lavar, passar, limpar o banheiro &eacute; um pouco porque, ao fazer essas atividades, &eacute; como se deixasse a identidade masculina de lado&rdquo;, avaliou.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> Cidadania dupla jornada dupla jornada feminia InstitutoData Popular Instituto Patrícia Galvão mulher SOS Corpo trabalho da mulher Thu, 13 Dec 2012 22:12:44 +0000 fabio.massalli 710096 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/