dupla jornada feminina https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/148760/all pt-br Combate à pobreza não melhora condições de trabalho entre mulheres latino-americanas, apontam estudos https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-12-03/combate-pobreza-nao-melhora-condicoes-de-trabalho-entre-mulheres-latino-americanas-apontam-estudos <p> Paula Laboissi&egrave;re<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; Estudos feitos no Brasil, Uruguai e Paraguai indicam que pol&iacute;ticas p&uacute;blicas de combate &agrave; pobreza s&atilde;o insuficientes para melhorar as condi&ccedil;&otilde;es de trabalho de mulheres na Am&eacute;rica Latina. Os dados mostram que a falta de aten&ccedil;&atilde;o &agrave; divis&atilde;o dos hor&aacute;rios de trabalho por sexo nas fam&iacute;lias perpetua a dupla jornada feminina ou o excesso de dedica&ccedil;&atilde;o a atividades n&atilde;o remuneradas.</p> <p> As pesquisas foram apresentadas hoje (3) durante o semin&aacute;rio Do Combate &agrave; Pobreza &agrave;s Pol&iacute;ticas P&uacute;blicas de Igualdades: um Debate Pendente, organizado pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). O levantamento brasileiro aponta que, em 2011, as mulheres colaboraram com 27 horas semanais em servi&ccedil;os dom&eacute;sticos, enquanto os homens dedicaram 11 horas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE).</p> <p> No Uruguai, as jovens de classe mais baixa dedicam pelo menos seis horas a mais por dia a atividades sem remunera&ccedil;&atilde;o, do que homens da mesma faixa et&aacute;ria e classe social. Segundo dados de 2008 do Instituto Nacional de Estat&iacute;stica, do Fundo de Desenvolvimento das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para a Mulher e da <em>Universidad de la Republica</em>, as m&atilde;es de crian&ccedil;as com at&eacute; 6 anos dedicam uma m&eacute;dia de 57 horas semanais a atividades n&atilde;o remuneradas.</p> <p> J&aacute; no Paraguai, em 2012, enquanto a taxa de desemprego masculina &eacute; de 4,4%, a feminina chega a 7,4%. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o &iacute;ndice &eacute; de 12,6% para homens e 16,9% para mulheres. Junto aos menores n&iacute;veis de renda de acordo com a atividade econ&ocirc;mica, 45,2% das mulheres n&atilde;o t&ecirc;m renda pr&oacute;pria, enquanto os homens sem renda somam 13,8%. No setor rural, o n&uacute;mero de paraguaias sem renda alcan&ccedil;a 61,1%.</p> <p> Para a coordenadora do Cfemea, Nina Madsen, apesar dos avan&ccedil;os no acesso das mulheres ao mercado de trabalho, elas ainda s&atilde;o as mais prejudicadas quando o assunto &eacute; pobreza. &ldquo;O enfrentamento da pobreza n&atilde;o vai ser eficiente e sustent&aacute;vel se n&atilde;o come&ccedil;ar a olhar para as mulheres e para a diversidade da popula&ccedil;&atilde;o pobre, considerando as desigualdades. A pobreza n&atilde;o pode ser s&oacute; insufici&ecirc;ncia de renda e n&atilde;o pode ser solucionada a partir desse paradigma. Ela precisa ser entendida como um conjunto muito mais amplo de insufici&ecirc;ncias&rdquo;, explicou.</p> <p> Segundo Nina, o cen&aacute;rio &eacute; semelhante n&atilde;o apenas no Brasil, Uruguai e Paraguai, mas em toda a Am&eacute;rica Latina, j&aacute; que a divis&atilde;o sexual do trabalho &eacute; estruturante das sociedades ocidentais como um todo. &ldquo;No Brasil, essas pol&iacute;ticas t&ecirc;m uma amplitude muito grande. H&aacute; um volume imenso de recursos. A pol&iacute;tica de enfrentamento &agrave; pobreza e o Programa Bolsa Fam&iacute;lia, em particular, s&atilde;o realmente muito poderosos, se voc&ecirc; coloca em um panorama regional.&rdquo;</p> <p> Para a coordenadora do Instituto Feminista para a Democracia (SOS Corpo), Maria Bet&acirc;nia &Aacute;vila, pol&iacute;ticas de combate &agrave; pobreza s&atilde;o fundamentais, mas precisam estar associadas a pol&iacute;ticas de qualifica&ccedil;&atilde;o social e de prote&ccedil;&atilde;o social. Essas causas, de acordo com a especialista, s&atilde;o capazes de influenciar na diminui&ccedil;&atilde;o da pobreza e tamb&eacute;m na estrutura&ccedil;&atilde;o de qualidade de vida para a popula&ccedil;&atilde;o, por se tratarem de medidas estruturais.</p> <p> &ldquo;Nesses programas, as mulheres ainda aparecem como centro das pol&iacute;ticas, no sentido de que as pol&iacute;ticas ainda se apoiam nelas como m&atilde;es, como sustentadoras da vida cotidiana. Isso &eacute; uma contradi&ccedil;&atilde;o, um paradoxo&rdquo;, disse. &ldquo;As crian&ccedil;as e os jovens precisam de pol&iacute;ticas que garantam seu futuro, mas as mulheres precisam tamb&eacute;m de pol&iacute;ticas que as considerem como indiv&iacute;duos, como cidad&atilde;s, para constru&iacute;rem suas possibilidades de vida, sua realiza&ccedil;&atilde;o no presente e sua prote&ccedil;&atilde;o social no futuro&rdquo;, completou.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Denise Griesinger</em></p> América Latina atividade não remunerada brasil Centro Feminista de Estudos e Assessoria Cfemea dupla jornada feminina Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Internacional Paraguai Uruguai Mon, 03 Dec 2012 16:05:21 +0000 deniseg 709188 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/