Acaman https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/148550/all pt-br Mais de 1,5 mil catadores trocam experiências em São Paulo https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-29/mais-de-15-mil-catadores-trocam-experiencias-em-sao-paulo <p> Camila Maciel<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Retomar os estudos interrompidos no 8&ordm; ano, morar com o filho na mesma casa e cursar faculdade. Os atuais planos da jovem Ivanilda Concei&ccedil;&atilde;o Gomes, 26 anos, podem parecer simples, mas apenas quatro anos atr&aacute;s, quando ela ainda trabalhada em um lix&atilde;o de Macei&oacute; (AL), nem mesmo sonhos a catadora acreditava que podia ter. &ldquo;Que futuro a gente podia sonhar ali? A gente trabalhava pesado para tirar o sustento do dia seguinte. Para mim, o que mais mudou com a cooperativa foi a minha autoestima&rdquo;, relembra.</p> <p> A hist&oacute;ria de Ivanilda, que trabalha na Cooperativa dos Catadores da Vila Emater (Coopvila), em Macei&oacute;, une-se ao relato de mais de 1,5 mil catadores de todo o Brasil e de&nbsp;15 pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina. Eles estar&atilde;o reunidos at&eacute; amanh&atilde; (30) para trocar experi&ecirc;ncias na capital paulista, durante a quarta edi&ccedil;&atilde;o da Reviravolta Expocatadores.</p> <p> &ldquo;Aqui as pessoas se encontram para fazer um interc&acirc;mbio. Tem cooperativas em diferentes n&iacute;veis de organiza&ccedil;&atilde;o. H&aacute; algumas que est&atilde;o dentro de lix&atilde;o ainda. A intera&ccedil;&atilde;o faz com a gente consiga resolver os problemas&rdquo;, diz Severino Lima J&uacute;nior, da equipe de articula&ccedil;&atilde;o do Movimento Nacional de Catadores de Rua (MNCR), entidade organizadora do evento. O movimento estima que mais de 600 mil pessoas no pa&iacute;s trabalhem na coleta de materiais recicl&aacute;veis.</p> <p> Coopvila re&uacute;ne 27 trabalhadores da periferia de Macei&oacute;, no mesmo local onde funcionava um antigo lix&atilde;o desativado h&aacute; dois anos. Ivanilda conta que no come&ccedil;o foi dif&iacute;cil manter o n&iacute;vel de faturamento que os catadores tinham quando buscavam o material no lix&atilde;o. &ldquo;As pessoas trabalhavam dia e noite e tinha muita concorr&ecirc;ncia. Dava para pegar mais coisa, mas a gente corria muito risco. N&atilde;o sei como a gente n&atilde;o pegava doen&ccedil;a naquela &eacute;poca&rdquo;, relata.</p> <p> A catadora relata que nos primeiros tr&ecirc;s meses cada cooperado ganhou apenas R$ 92. &ldquo;Agora cada um leva uns R$ 400 por m&ecirc;s, que &eacute; parecido com o que se conseguia antes&rdquo;, comemora. Para aumentar o faturamento, eles sa&iacute;ram a campo para conquistar os atuais 80 parceiros, entre condom&iacute;nios, lojas e supermercados. &ldquo;Para aumentar essa quantidade, a sociedade precisa se sensibilizar e separar o lixo&rdquo;, defende. Apesar de um rendimento ainda abaixo do sal&aacute;rio m&iacute;nimo, Ivanilda aponta que a organiza&ccedil;&atilde;o trouxe outros ganhos, como seguran&ccedil;a e direitos trabalhistas.</p> <p> O MNCR aposta que relatos como o da cooperativa alagoana ajudam outras entidades a persistirem no processo de organiza&ccedil;&atilde;o. &ldquo;As pessoas observam as conquistas dos outros e sabem que podem avan&ccedil;ar tamb&eacute;m. O modo de resolver os problemas tamb&eacute;m s&atilde;o divididos, por exemplo, como acessar os recursos dispon&iacute;veis em projetos governamentais&rdquo;, avaliou Severino.</p> <p> Como resultado do processo de organiza&ccedil;&atilde;o dos catadores, iniciado h&aacute; 11 anos, Severino destaca a possibilidade de as cooperativas poderem acessar diretamente os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ&ocirc;mico e Social (BNDES), por meio do Banco do Brasil.</p> <p> Durante a abertura do evento hoje (29), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica, Gilberto Carvalho, entregou um cart&atilde;o simb&oacute;lico para os catadores. &ldquo;Vou falar para a presidenta Dilma que devemos continuar a apoiar os catadores que por muito tempo estiveram exclu&iacute;dos&rdquo;, destacou.</p> <p> &ldquo;Agora a gente n&atilde;o precisa ficar pedindo caminh&atilde;o, prensa, equipamentos nas prefeituras. &Eacute; uma grande conquista. A gente tem a mesma possibilidade das grandes empresas. &Eacute; o reconhecimento que as cooperativas t&ecirc;m condi&ccedil;&otilde;es de assumir compromissos financeiros&rdquo;, avaliou o representante do MNCR. De acordo com o Banco do Brasil, o cr&eacute;dito &eacute; concedido a partir da avalia&ccedil;&atilde;o da capacidade de assumir os empr&eacute;stimos de cada cooperativa e pode ser pago em at&eacute; 60 vezes com juros pelo menos tr&ecirc;s vezes menor que o mercado.</p> <p> Os recursos v&atilde;o ajudar o presidente da Associa&ccedil;&atilde;o de Catadores de Nil&oacute;polis (Acaman), Luiz Ant&ocirc;nio Facchini, 60 anos, a mudar o modo de produ&ccedil;&atilde;o na cooperativa fluminense. &ldquo;A gente prensa o pl&aacute;stico com o p&eacute; e o material a gente pega com um carro velho&rdquo;, relata. Apesar da falta de equipamentos, os dez cooperados da Acaman faturam cerca de R$ 800 por m&ecirc;s, segundo o presidente.</p> <p> A associa&ccedil;&atilde;o &eacute; a esperan&ccedil;a de uma aposentadoria para Luiz, que trabalha com reciclagem a 20 anos, dos quais 16 foram na rua. &ldquo;Tinha muito preconceito. Agora as pessoas olham diferente quando voc&ecirc; diz que trabalha em uma associa&ccedil;&atilde;o de reciclagem&rdquo;, declarou.</p> <p> Na pauta da organiza&ccedil;&atilde;o dos catadores, est&aacute; a implementa&ccedil;&atilde;o da Pol&iacute;tica Nacional de Res&iacute;duos S&oacute;lidos (PNRS). &ldquo;O catador &eacute; pe&ccedil;a fundamental nesse processo. As prefeituras v&atilde;o ser estimuladas a firmar parcerias com as cooperativas, pois s&oacute; assim v&atilde;o poder acessar determinados recursos federais. N&oacute;s tamb&eacute;m estamos nos preparando para isso, para receber a demanda que vai aumentar&rdquo;, prev&ecirc;.</p> <p> &nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o Beto Coura</em></p> Acaman Associação de Catadores de Nilópolis Cidadania Cooperativa dos Catadores da Vila Emater Coopvila gilberto carvalho Ivanilda Conceição Gomes Luiz Antônio Facchini maceió MNCR Movimento Nacional de Catadores de Rua Política Nacional de Resíduos Sólidos Reviravolta Expocatadores Severino Lima Júnior Thu, 29 Nov 2012 18:59:54 +0000 alberto.coura 708983 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/