extrativista https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/147027/all pt-br Extrativista no Amapá diz que transporte para vender produtos é maior desafio https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-07/extrativista-no-amapa-diz-que-transporte-para-vender-produtos-e-maior-desafio <p> <em>Carolina Gon&ccedil;alves*<br /> Enviada Especial</em></p> <p> Macap&aacute; (Amap&aacute;) &ndash; H&aacute; 15 anos anos vivendo da extra&ccedil;&atilde;o do a&ccedil;a&iacute; em um assentamento no munic&iacute;pio de Santana, no Amap&aacute;, a extrativista Egim&ecirc;nia da Concei&ccedil;&atilde;o das Neves n&atilde;o hesita em declarar: &ldquo;&Eacute; o melhor neg&oacute;cio. &Eacute; muito lucrativo para n&oacute;s produtores&rdquo;. No local, Egim&ecirc;nia divide, com outras tr&ecirc;s fam&iacute;lias, os ganhos com a produ&ccedil;&atilde;o que, segundo ela, chegam a 20 sacas por ano, comercializadas a R$ 60 reais cada.</p> <p> A alegria da extrativista n&atilde;o esconde o sacrif&iacute;cio que esse retorno exige diariamente. S&atilde;o as &aacute;guas do rio pr&oacute;ximo ao assentamento que definem todas as manh&atilde;s o destino dessas fam&iacute;lias. &ldquo;A nossa maior dificuldade &eacute; o transporte para vender. A gente trabalha de acordo com a mar&eacute; e quando tiramos o a&ccedil;a&iacute;, de manh&atilde;, nem sempre a &aacute;gua est&aacute; boa. Muitas vezes o rio seca&rdquo;, contou.</p> <p> O escoamento da produ&ccedil;&atilde;o &eacute; apenas um dos <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-06/catorze-mil-familias-de-extrativistas-vao-receber-assistencia-tecnica-pela-primeira-vez">desafios di&aacute;rios dos mais de 300 mil extrativistas</a> que atuam no pa&iacute;s. Na regi&atilde;o da Amaz&ocirc;nia Legal, que abrange os estados do Amazonas, Amap&aacute;, Acre, de Mato Grosso, Rond&ocirc;nia, do Par&aacute;, de Roraima, do Tocantins e o oeste do Maranh&atilde;o, concentrando grande parte desses produtores que dependem dos recursos naturais para sobreviver, os obst&aacute;culos s&atilde;o intensificados pelo isolamento e a dist&acirc;ncia das comunidades.</p> <p> Ozias Silva viu o pai superar os problemas de escoamento e preferiu seguir outro caminho. Aos 18 anos, optou por estudar na capital do Amap&aacute;. Hoje &eacute; extensionista e orienta outros extrativistas. &ldquo;Aqui, os extrativistas ficam com a produ&ccedil;&atilde;o embargada para tirar da floresta e chegar at&eacute; os portos de embarque ou onde os carros podem levar a mercados e feiras. A gente percebe que o escoamento &eacute; uma grande dificuldade, mas tamb&eacute;m h&aacute; muitas dificuldades no acesso &agrave; educa&ccedil;&atilde;o, sa&uacute;de e comunica&ccedil;&atilde;o&rdquo;, relata.</p> <p> A lista de obst&aacute;culos parece n&atilde;o respeitar limites territoriais e setoriais. E s&atilde;o esses os impedimentos apontados pelos pr&oacute;prios extrativistas que impedem o incremento da produ&ccedil;&atilde;o e, consequentemente, da renda. O governo tem mantido di&aacute;logo permanente com o segmento desde o ano passado, quando foi estabelecida uma agenda conhecida como Maraj&oacute;, com a defini&ccedil;&atilde;o de estrat&eacute;gias para desenvolver o setor. Um ano depois, durante&nbsp; encontro em que os extrativistas apresentaram novas demandas e antigas reivindica&ccedil;&otilde;es, representantes do governo prometeram uma radiografia em 76 unidades de conserva&ccedil;&atilde;o onde vivem comunidades tradicionais.</p> <p> O cadastramento vai completar informa&ccedil;&otilde;es de 40 fam&iacute;lias beneficiadas pelo Programa Bolsa Verde &ndash; que repassa R$ 300, trimestralmente, &agrave;s fam&iacute;lias que contribuem para a conserva&ccedil;&atilde;o de &aacute;reas protegidas. Ele ser&aacute; comparado com outros bancos de dados do governo, como o do Bolsa Fam&iacute;lia, e usado na defini&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas espec&iacute;ficas para cada regi&atilde;o e um Plano Nacional de Extrativismo no Brasil.</p> <p> &ldquo;Vamos lan&ccedil;ar o cadastro para identificar como as coisas est&atilde;o em todas as unidades do pa&iacute;s, quem &eacute; quem, quais s&atilde;o os d&eacute;ficits de educa&ccedil;&atilde;o, de sa&uacute;de, onde preciso ter energia el&eacute;trica, quais as atividades econ&ocirc;micas. Porque daqui a tr&ecirc;s anos, quando acabar o Bolsa Verde, tenho que ter alternativa de renda para essas pessoas e tenho que construir isso agora&rdquo;, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, descrevendo o que chama de &ldquo;<em>kit</em> extrativismo&rdquo;. Ela participou, em Macap&aacute;, do 3&ordm; Congresso Nacional das Popula&ccedil;&otilde;es Extrativistas.</p> <p> A ministra alertou que &eacute; preciso criar uma nova l&oacute;gica para essas &aacute;reas, destacando que algumas fam&iacute;lias passam at&eacute; cinco dias em barcos para levar a produ&ccedil;&atilde;o at&eacute; os locais de com&eacute;rcio, por falta de infraestrutura.</p> <p> Ao reconhecer dificuldades na gest&atilde;o das unidades de conserva&ccedil;&atilde;o, Izabella Teixeira explicou que por mais que sejam colocadas pessoas na ponta, &eacute; insuficiente o n&uacute;mero de gestores p&uacute;blicos para lidar com o tamanho do problema e a grandeza de desafios. &quot;S&oacute; em um parque, tenho 3,2 milh&otilde;es de hectares. Ou eu trabalho com as popula&ccedil;&otilde;es que vivem no entorno dessas unidades e come&ccedil;o a construir uma base de dados, ou vou demorar muito tempo para chegar na ponta&rdquo;.</p> <p> Durante o evento, o ministro do Desenvolvimento Agr&aacute;rio, Pepe Vargas, informou aos extrativistas, que continuam reunidos em Macap&aacute; at&eacute; o pr&oacute;ximo dia 8, que quase 1,5 mil produtores v&atilde;o receber o certificado de Concess&atilde;o de Direitos Reais de Uso. O documento, que vale como t&iacute;tulo provis&oacute;rio para &aacute;reas de assentamentos de extrativistas, beneficiar&aacute; 445 moradores da Reserva Extrativista Cumuruxatiba, na Bahia, e 1.072 da Reserva Chico Mendes, no Acre.</p> <p> &ldquo;Esse certificado &eacute; a valoriza&ccedil;&atilde;o e o reconhecimento da luta dos extrativistas que, muitas vezes, s&atilde;o empurrados para fazer as coisas restritas pelo agroneg&oacute;cio, pelas ind&uacute;strias de explora&ccedil;&atilde;o do pescado, do marisco e do caranguejo. Tudo isto nos escraviza no dia a dia&rdquo;, contou Marli L&uacute;cia da Silva Souza. Marli mora em uma reserva marinha extrativista em Bragan&ccedil;a, no Par&aacute;, onde a regulariza&ccedil;&atilde;o foi iniciada h&aacute; sete anos. Isso garantiu, segundo ela, tranquilidade &agrave;s fam&iacute;lias que dependem da pesca de peixes, ostras, mexilh&atilde;o e do caranguejo.</p> <p> <em>*A rep&oacute;rter viajou a convite do Minist&eacute;rio do Meio Ambiente</em></p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Gra&ccedil;a Adjuto</em></p> açaí amapá desafio escoamento extração extrativista famílias Meio ambiente Meio Ambiente produção produtores produtos transporte venda Wed, 07 Nov 2012 10:29:51 +0000 gracaadjuto 707346 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/