ESO https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/146752/all pt-br Pesquisadores liderados pela USP podem descobrir planetas a 110 anos-luz da Terra https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-11-04/pesquisadores-liderados-pela-usp-podem-descobrir-planetas-110-anos-luz-da-terra <p> <br /> Fernanda Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Um dos projetos mais ambiciosos j&aacute; liderados por uma equipe brasileira poder&aacute; resultar na descoberta de novos planetas, distantes 110 anos-luz da Terra - cada ano-luz equivale a aproximadamente 9,46 trilh&otilde;es de quil&ocirc;metros. Conduzida em conjunto com cientistas da Austr&aacute;lia, Alemanha e Estados Unidos, a pesquisa &eacute; coordenada &nbsp;por Jorge Mel&eacute;ndez, astr&ocirc;nomo do Instituto de Astronomia, Geof&iacute;sica e Ci&ecirc;ncias Atmosf&eacute;ricas (IAG) da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP).</p> <p> Os estudos foram feitos num telesc&oacute;pio localizado no Chile, que mede 3,6 metros e pertence ao European Southern Observatory (ESO). A equipe recebeu o direito de utilizar o equipamento durante 88 noites, um per&iacute;odo de tempo considerado extenso pelo cientista. &ldquo;Que eu saiba, &eacute; a primeira vez que um projeto t&atilde;o longo &eacute; aprovado para o Brasil&rdquo;.</p> <p> Nos meses de janeiro e mar&ccedil;o, os cientistas embarcam novamente para o Chile e, se as condi&ccedil;&otilde;es meteorol&oacute;gicas colaborarem, poder&atilde;o obter os dados que levar&atilde;o ao an&uacute;ncio da primeira descoberta de um planeta pela equipe.</p> <p> Cada noite de observa&ccedil;&atilde;o no telesc&oacute;pio chileno custa em torno de R$10 mil, segundo o pesquisador. Financiado pelo pr&oacute;prio ESO, o projeto segue at&eacute; 2015 e, de acordo com Mel&eacute;ndez, h&aacute; expectativa de se detectar v&aacute;rios outros planetas.</p> <p> &ldquo;N&atilde;o temos ideia de quantos planetas podem ser detectados. No come&ccedil;o do projeto, t&iacute;nhamos esperan&ccedil;a de que poderiam ser descobertos uns cinco. Talvez [descubramos] ainda mais, porque a precis&atilde;o desse instrumento &eacute; muito boa, permitiria a detec&ccedil;&atilde;o de planetas bem pequenos&rdquo;, informou.</p> <p> De acordo com Mel&eacute;ndez, antes da entrada do Brasil ao ESO, os projetos brasileiros mais ambiciosos n&atilde;o passavam de duas noites. &ldquo;A maioria dos projetos aprovados para os telesc&oacute;pios aos quais o Brasil tem acesso, o Gemini [nos Andes chilenos e no Hava&iacute;] e o Soar [no Chile], eram de algumas poucas horas ou poucas noites&rdquo;.</p> <p> Mel&eacute;ndez conta que o estudo teve in&iacute;cio em 2005 analisando estrelas conhecidas como g&ecirc;meas solares, por apresentarem caracter&iacute;sticas semelhantes ao sol. &ldquo;Elas s&atilde;o muito parecidas, t&ecirc;m uma apar&ecirc;ncia f&iacute;sica bastante similar [ao Sol], temperatura, brilho&rdquo;, explicou.</p> <p> Ap&oacute;s quatro anos de estudos, os cientistas fizeram uma importante descoberta: a composi&ccedil;&atilde;o qu&iacute;mica do Sol &eacute; diferente da de outras estrelas g&ecirc;meas. Ao aprofundar os estudos, eles notaram que o Sol apresentava defici&ecirc;ncia de determinados elementos qu&iacute;micos. &ldquo;E esses elementos s&atilde;o justamente aqueles usados para formar planetas rochosos&rdquo;, disse.</p> <p> O pr&oacute;ximo passo dos astr&ocirc;nomos foi calcular quanto desse material faltava &agrave; massa total do Sol. A conclus&atilde;o foi que a defici&ecirc;ncia constatada nessa estrela era da mesma ordem que a massa dos planetas rochosos do Sistema Solar, como Merc&uacute;rio, Terra, V&ecirc;nus e Marte. &ldquo;N&atilde;o foi apenas uma coincid&ecirc;ncia qualitativa em rela&ccedil;&atilde;o ao tipo de elemento qu&iacute;mico que estava faltando ao Sol, mas tamb&eacute;m quantitativa&rdquo;, contou.</p> <p> Com base nessa descoberta, os cientistas passaram a procurar planetas ainda n&atilde;o conhecidos em torno de g&ecirc;meas solares. &ldquo;Estudamos qual seria a rela&ccedil;&atilde;o entre anomalias qu&iacute;micas de cada estrela individualmente e a presen&ccedil;a de diferentes tipos de planetas&rdquo;, disse.</p> <p> A nova etapa da pesquisa, portanto, focou uma dessas g&ecirc;meas, a mais parecida com o Sol. Ap&oacute;s observ&aacute;-la por cinco anos, por&eacute;m, nenhum planeta foi encontrado. &ldquo;J&aacute; est&aacute; garantido que, pelo menos para essa g&ecirc;mea solar, n&atilde;o existe nenhum planeta&rdquo;.</p> <p> Em outubro de 2011, os astr&ocirc;nomos decidiram ampliar a observa&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;meas do Sol para uma amostra de 70 estrelas. Por enquanto, as perspectivas de se encontrar novos planetas nessas regi&otilde;es s&atilde;o positivas. &ldquo;Temos v&aacute;rias estrelas com sinais de que poderiam ter planetas [em seu sistema]. Em toda a amostra, temos duas com sinais muito promissores&rdquo;.</p> <p> Em um desses casos, o planeta apresentaria massa equivalente &agrave; Saturno e estaria muito pr&oacute;ximo &agrave; sua estrela-m&atilde;e, al&eacute;m de ser muito quente, devido a essa proximidade. O outro poss&iacute;vel planeta teria uma massa de aproximadamente duas a tr&ecirc;s vezes a de J&uacute;piter. &ldquo;Mas temos apenas dados parciais, precisamos observar essas estrelas por mais alguns meses para ter a &oacute;rbita completa e poder anunciar a descoberta&rdquo;, ponderou.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> ESO European Southern Observatory IAG Instituto de Astronomia da USP Pesquisa astronômica pesquisa da USP Pesquisa e Inovação telescópio no Chile Sun, 04 Nov 2012 12:57:34 +0000 davi.oliveira 707127 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/