Luciano Taques Guignone https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/146341/all pt-br Promotores querem mudança na lei para impedir ação de "empresários de crianças" https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-10-30/promotores-querem-mudanca-na-lei-para-impedir-acao-de-empresarios-de-criancas <p align="justify"> Ivan Richard<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p align="justify"> Bras&iacute;lia - A den&uacute;ncia da ado&ccedil;&atilde;o irregular de cinco crian&ccedil;as de uma mesma fam&iacute;lia de lavradores, do interior baiano para fam&iacute;lias de S&atilde;o Paulo, revela que a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira est&aacute; desatualizada e precisa ser revista. A opini&atilde;o foi dada hoje (30), em audi&ecirc;ncia p&uacute;blica da Comiss&atilde;o Parlamentar de Inqu&eacute;rito (CPI) do Tr&aacute;fico e Pessoas, da C&acirc;mara, pelo promotor de Justi&ccedil;a, titular da Fazenda P&uacute;blica do munic&iacute;pio de Euclides da Cunha (BA), Luciano Taques Guignone.</p> <p align="justify"> A cr&iacute;tica foi refor&ccedil;ada pelo juiz substituto da Vara Criminal do F&oacute;rum da Comarca de Monte Santo (BA), Luiz Roberto Cappio Guedes Pereira. &ldquo;&Eacute; &oacute;bvio que a san&ccedil;&atilde;o penal n&atilde;o pode ser de um a quatro anos para quem faz intermedia&ccedil;&atilde;o de uma crian&ccedil;a para outra fam&iacute;lia, seja por guarda ou tutela. Esse caso mostra como a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira est&aacute; caduca nesse sentido&rdquo;, criticou o juiz substituto do munic&iacute;pio onde moravam as crian&ccedil;as.</p> <p align="justify"> Para o promotor Luciano Taques Guignone, a legisla&ccedil;&atilde;o &eacute; omissa em rela&ccedil;&atilde;o a determinados casos de ado&ccedil;&atilde;o, principalmente, como no ocorrido no interior da Bahia, onde, segundo ele, n&atilde;o houve, at&eacute; o momento, a comprova&ccedil;&atilde;o de pagamento aos pais.</p> <p align="justify"> &ldquo;Como podemos enquadrar pessoas que n&atilde;o pagaram nada para as m&atilde;es. H&aacute; uma lacuna penal. Ca&iacute;mos em um limbo penal, porque [os acusados s&oacute; poder&atilde;o ser enquadrados] h&aacute; necessidade de comprova&ccedil;&atilde;o do pagamento ou promessa de recompensa [para ado&ccedil;&atilde;o]. Precisamos de uma revis&atilde;o desse aspecto, que permita a incrimina&ccedil;&atilde;o sem uma paga direta&rdquo;, ressaltou Guignone.</p> <p align="justify"> &ldquo;Precisamos, em primeiro lugar, a tipifica&ccedil;&atilde;o dessas condutas. Hoje, a reprimenda penal para quem subtrai uma crian&ccedil;a &eacute; a mesma de quem furta um celular, com pena de um a quatro anos. Com essa pena ningu&eacute;m jamais ir&aacute; para a cadeia&rdquo;, frisou o promotor.</p> <p align="justify"> Para o juiz substituto da Vara Criminal do F&oacute;rum da Comarca de Monte Santo, as quadrilhas que praticam o tr&aacute;fico de pessoas s&atilde;o as mais &ldquo;perigosas&rdquo; e mais complexas de ser desarticuladas, porque atuam com &ldquo;discri&ccedil;&atilde;o&rdquo; e &ldquo;ast&uacute;cia&rdquo;. Segundo ele, na maioria dos casos, essas quadrilhas usam o aparato estatal para dar legalidade aos processos.</p> <p align="justify"> &ldquo;Ficou claro que houve o uso do aparato estatal para fins escusos. No nosso direito interno, dom&eacute;stico, n&atilde;o h&aacute; a menor adequa&ccedil;&atilde;o sobre o que se v&ecirc; no direito internacional e o direito dom&eacute;stico sobre a mat&eacute;ria&rdquo;, pontuou o Guedes Pereira.</p> <p align="justify"> Segundo Guignone, &ldquo;falhas graves&rdquo; no sistema de garantias da crian&ccedil;a e adolescente permitiram o ado&ccedil;&atilde;o das cinco crian&ccedil;as em Monte Santo. Ele relatou que as quadrilhas que atuam em rinc&otilde;es pobres do interior do pa&iacute;s contratam &ldquo;olheiros&rdquo; que aliciam gestantes para convenc&ecirc;-las a doarem seus filhos.</p> <p align="justify"> &ldquo;Verificamos, examinando o processo, algumas falhas formais. Mas o que nos preocupa n&atilde;o &eacute; o que est&aacute; no processo, mas o que est&aacute; por fora do processo. S&atilde;o pessoas trabalhando para facilitar a coloca&ccedil;&atilde;o de crian&ccedil;as em fam&iacute;lia, &agrave; margem do Estado, ou at&eacute; mesmo usando o Estado&rdquo;, disse o promotor.</p> <p align="justify"> De acordo com ele, em muitos casos, a quadrilha consegue convencer as fam&iacute;lias pobres a assinarem declara&ccedil;&atilde;o de doa&ccedil;&atilde;o. &ldquo;A princ&iacute;pio, quem verificar o processo vai achar que houve o respeito a legisla&ccedil;&atilde;o. Talvez, com algumas falhas, mas um processo legal. Transcorre com pequenas falhas, mas o que nos incomoda &eacute; o que est&aacute; por fora. Verdadeiros empres&aacute;rios de crian&ccedil;as que aliciam fam&iacute;lias&rdquo;, criticou o promotor.</p> <p align="justify"> &nbsp;</p> <p align="justify"> <em>Edi&ccedil;&atilde;o Beto Coura</em></p> Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico e Pessoas da Câmara Luciano Taques Guignone Luiz Roberto Cappio Guedes Pereira Monte Santo Nacional Tue, 30 Oct 2012 15:31:17 +0000 alberto.coura 706806 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/