organização da sociedade civil https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/145796/all pt-br Organizações da sociedade civil questionam caráter comercial da licitação do Maracanã https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-10-23/organizacoes-da-sociedade-civil-questionam-carater-comercial-da-licitacao-do-maracana <p> Isabela Vieira<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Rio de Janeiro-&nbsp; Com base na minuta do <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-22/governo-do-rio-licita-maracana-com-proposta-de-oferecer-conforto-torcedores" target="_blank">edital divulgado ontem (22)</a>, organiza&ccedil;&otilde;es da sociedade civil avaliam que o governo do Rio quer transformar o Est&aacute;dio Jornalista M&aacute;rio Filho (Maracan&atilde;) em um espa&ccedil;o de consumo, beneficiando a iniciativa privada, em vez de assegurar o uso p&uacute;blico, esportivo e cultural do Maracan&atilde;.</p> <p> A preocupa&ccedil;&atilde;o ser&aacute; apresentada durante audi&ecirc;ncia p&uacute;blica marcada para novembro pelo Comit&ecirc; Popular da Copa e das Olimp&iacute;adas.&nbsp; Na audi&ecirc;ncia tamb&eacute;m ser&atilde;o questionadas a demoli&ccedil;&atilde;o de instala&ccedil;&otilde;es que foram reformadas para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a constru&ccedil;&atilde;o do Museu do Futebol, que consta da licita&ccedil;&atilde;o para 35 anos de concess&atilde;o. A outorga ser&aacute; de R$ 7 milh&otilde;es por ano.</p> <p> &ldquo;O Museu do Futebol &eacute; um bom exemplo. &Eacute; uma ideia importante, &eacute; algo que precisava ser feito h&aacute; muito tempo. Mas ser&aacute; o empresariado quem definir&aacute; os itens do acervo, os fatos hist&oacute;ricos narrados? Qual vis&atilde;o de futebol privilegiar&aacute;? Ser&aacute; de baixo custo? &rdquo;, questionou Gustavo Mehl, da organiza&ccedil;&atilde;o do comit&ecirc; do Rio de Janeiro, pedindo mais clareza e participa&ccedil;&atilde;o popular.</p> <p> Em entrevista sobre o edital, o secret&aacute;rio da Casa Civil Regis Fichtner disse que a meta &eacute; transformar o Complexo do Maracan&atilde; em uma &aacute;rea de entretenimento, atraindo frequentadores&nbsp; com servi&ccedil;os de alimenta&ccedil;&atilde;o, lojas, bares e servi&ccedil;os de alto padr&atilde;o. &ldquo; Em uma &eacute;poca de internet, televis&atilde;o a cabo e 3D, tem que se dar algo para estimular a ida do torcedor ao est&aacute;dio&rdquo;.</p> <p> Ao avaliar a reforma e a nova proposta de multiuso do Maracan&atilde;, o&nbsp; professor visitante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFF), Chris Gaffney, v&ecirc; uma mudan&ccedil;a do papel do est&aacute;dio na cultura carioca. Ele avalia que o programa popular&nbsp; de ir ao est&aacute;dio passar&aacute; a ser privil&eacute;gio de classes de renda mais altas.&nbsp;</p> <p> &ldquo;Comer, beber e comprar antes de assistir ao jogo faz os gastos com o passeio subirem e n&atilde;o faz parte do h&aacute;bito do carioca, que vai da praia para o est&aacute;dio&rdquo;, disse Gaffney, em entrevista &agrave; <strong>R&aacute;dio Nacional</strong> do Rio. &ldquo;Poucas pessoas podem dar R$ 40 por jogo, como &eacute; no Engenh&atilde;o [Est&aacute;dio Ol&iacute;mpico Jo&atilde;o Havelange, que fica no Rio] e ficar&atilde;o de fora&rdquo;.</p> <p> Professor da p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o da UFF, Gaffney &eacute; autor do livro&nbsp; <em>Templos dos Deuses: Est&aacute;dios nas Paisagens Culturais do Rio de Janeiro e de Buenos Aires</em>, em que avalia as origens e as rela&ccedil;&atilde;o das arenas esportivas com a popula&ccedil;&atilde;o local e as torcidas em ambas as cidades.</p> <p> Gaffney tamb&eacute;m compartilha da mesma vis&atilde;o do mestre e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Erick Omena. Para ele, a tend&ecirc;ncia &eacute; aumento no pre&ccedil;o de ingressos populares, conforme mostra levantamento feito desde a inaugura&ccedil;&atilde;o, em 1950, at&eacute; o o fechamento para reformas, em 2010. No per&iacute;odo, os pre&ccedil;os em rela&ccedil;&atilde;o ao sal&aacute;rio m&iacute;nimo s&oacute; inflaram.</p> <p> &ldquo;A rela&ccedil;&atilde;o entre o pre&ccedil;o&nbsp; e o sal&aacute;rio m&iacute;nimo ficou entre 0,5% e 2,1% entre 1950 e 2005, quando foi encerrada a geral [localpopular onde as pessoas ficavam em p&eacute;]. Antes de o est&aacute;dio fechar, em 2010, o pre&ccedil;o pula para&nbsp; 6% do sal&aacute;rio m&iacute;nimo&rdquo;, disse na mesma entrevista &agrave; r&aacute;dio. Na vis&atilde;o do pesquisador do Observat&oacute;rio das Metr&oacute;poles &eacute; preciso dar enfoque p&uacute;bico &agrave;s atividades no est&aacute;dio.</p> <p> Os especialistas e ativistas cobram retorno dos investimentos feitos nos &uacute;ltimos anos no est&aacute;dio, que somente para as pr&oacute;ximas competi&ccedil;&otilde;es chegam a R$ 860 milh&otilde;es.&nbsp;</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> Copa Copa do Mundo edital do Maracanã Esporte Estádio Jornalista Mário Filho futebol licitação licitação do Maracanã Maracanã organização da sociedade civil rio de janeiro Tue, 23 Oct 2012 18:54:49 +0000 fabio.massalli 706121 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/