estrangeirização https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/145129/all pt-br Venda de terras em larga escala pode agravar insegurança alimentar, alerta organização https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-10-16/venda-de-terras-em-larga-escala-pode-agravar-inseguranca-alimentar-alerta-organizacao <p> Luana Louren&ccedil;o<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia - A venda de terras de comunidades tradicionais em larga escala pode agravar a inseguran&ccedil;a alimentar, principalmente com a concentra&ccedil;&atilde;o da posse por grupos estrangeiros. O alerta est&aacute; no relat&oacute;rio <em>Situa&ccedil;&atilde;o da Terra</em>, divulgado hoje (16), Dia Mundial da Alimenta&ccedil;&atilde;o, pela organiza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o governamental (ONG) ActionAid.</p> <p> No levantamento, a organiza&ccedil;&atilde;o analisa o avan&ccedil;o das grandes aquisi&ccedil;&otilde;es de terra em 24 pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina, &Aacute;frica e &Aacute;sia, inclusive no Brasil, e aponta os riscos desse mercado para as comunidades tradicionais, principalmente as mulheres, considerado o grupo mais vulner&aacute;vel.</p> <p> Com a concentra&ccedil;&atilde;o da terra na m&atilde;o de estrangeiros, a produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola passa a ser focada na exporta&ccedil;&atilde;o e a produ&ccedil;&atilde;o local fica marginalizada, comprometendo a sobreviv&ecirc;ncia das comunidades e os pre&ccedil;os dos alimentos no mercado interno.</p> <p> &ldquo;Em geral, as grandes aquisi&ccedil;&otilde;es envolvem transfer&ecirc;ncia de direitos do uso da terra das comunidades para os investidores, colocando grandes &aacute;reas &ndash; e a &aacute;gua &ndash; nas m&atilde;os de poucos, em detrimento dos pequenos produtores&rdquo;, diz o texto.</p> <p> O fen&ocirc;meno do com&eacute;rcio de terras em larga escala tem avan&ccedil;ado nos &uacute;ltimos anos estimulado, segundo o relat&oacute;rio, pelo aumento do pre&ccedil;o dos alimentos e pela expans&atilde;o da produ&ccedil;&atilde;o de biocombust&iacute;veis, que elevam a demanda por &aacute;reas agricult&aacute;veis. &ldquo;At&eacute; 2008, girava em torno de 4 milh&otilde;es de hectares de terra por ano. S&oacute; entre outubro de 2008 e agosto de 2009, movimentou 45 milh&otilde;es de hectares, tomou uma propor&ccedil;&atilde;o muito grande&rdquo;, compara o coordenador executivo da ActionAid Brasil, Adriano Campolina.</p> <p> O documento cita casos como o de uma comunidade no Qu&ecirc;nia, em que uma multinacional comprou uma &aacute;rea de 2,3 mil hectares para a produ&ccedil;&atilde;o de arroz, deixando sem terra e com menos acesso &agrave; &aacute;gua os pequenos agricultores que viviam na &aacute;rea. Tamb&eacute;m destaca a situa&ccedil;&atilde;o da Guatemala, onde 8 mil hectares por ano v&ecirc;m sendo convertidos em planta&ccedil;&otilde;es de palma para produ&ccedil;&atilde;o de biocombust&iacute;vel.</p> <p> &ldquo;Geralmente, os pa&iacute;ses que t&ecirc;m fragilidade institucional maior s&atilde;o mais propensos a sofrer as consequ&ecirc;ncias dessa apropria&ccedil;&atilde;o, dessa tomada de terras. Mais de 45% das transa&ccedil;&otilde;es recentes ocorrem na &Aacute;frica&rdquo;, explica Campolina.</p> <p> No Brasil, a m&aacute; distribui&ccedil;&atilde;o das terras &eacute; apontada como um problema hist&oacute;rico, marca da coloniza&ccedil;&atilde;o. Segundo dados da ActionAid, 56% da terra agricult&aacute;vel do pa&iacute;s est&atilde;o nas m&atilde;os de 3,5% dos propriet&aacute;rios rurais. Os 40% mais pobres t&ecirc;m apenas 1% dessas terras.<br /> &nbsp;<br /> De acordo com o estudo, a estrangeiriza&ccedil;&atilde;o de terras no Brasil ainda &eacute; um fen&ocirc;meno relativamente recente, mas j&aacute; h&aacute; pelo menos 4 milh&otilde;es de hectares em m&atilde;os de grupos n&atilde;o nacionais, a maior parte empresas ligadas &agrave; produ&ccedil;&atilde;o de soja e de cana-de-a&ccedil;&uacute;car para a fabrica&ccedil;&atilde;o de etanol. Entre 2002 e 2008, foram aplicados cerca de US$ 47 bilh&otilde;es de investimento externo direto no agroneg&oacute;cio brasileiro, informa a pesquisa.</p> <p> A desatualiza&ccedil;&atilde;o da legisla&ccedil;&atilde;o nacional sobre a venda de terras para estrangeiros e falhas no cumprimento da lei s&atilde;o, segundo Campolina, os maiores gargalos para avaliar a real situa&ccedil;&atilde;o no pa&iacute;s.</p> <p> &ldquo;A maior defici&ecirc;ncia &eacute; fazer com que a lei seja cumprida. &Eacute; necess&aacute;rio um sistema de registro mais rigoroso, hoje em dia &eacute; autodeclarat&oacute;rio. E h&aacute; uma defasagem no tempo, muitos cart&oacute;rios n&atilde;o informam h&aacute; mais de dez anos os registros de terras por estrangeiros. &Eacute; preciso melhorar a capacidade de regulamentar essa poss&iacute;vel estrangeiriza&ccedil;&atilde;o da terra&rdquo;, explicou o coordenador.</p> <p> A pesquisa reconhece os resultados de programas sociais como o Bolsa Fam&iacute;lia e iniciativas de fortalecimento da agricultura familiar, mas aponta a necessidade de efetiva implementa&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas para proteger popula&ccedil;&otilde;es mais vulner&aacute;veis &agrave; explora&ccedil;&atilde;o fundi&aacute;ria. Entre as recomenda&ccedil;&otilde;es, est&atilde;o o aumento da cria&ccedil;&atilde;o de assentamentos da reforma agr&aacute;ria, o reconhecimento de territ&oacute;rios ind&iacute;genas e quilombolas e a amplia&ccedil;&atilde;o da regula&ccedil;&atilde;o de compra de terras por estrangeiros, para aumentar o controle desse com&eacute;rcio.</p> <p> A implementa&ccedil;&atilde;o da Pol&iacute;tica Nacional de Agroecologia e Produ&ccedil;&atilde;o Org&acirc;nica, regulamentada em agosto, e a redu&ccedil;&atilde;o dr&aacute;stica no uso de agrot&oacute;xicos na agricultura nacional tamb&eacute;m est&atilde;o entre as sugest&otilde;es do documento para o caso brasileiro.</p> <p> Entre as recomenda&ccedil;&otilde;es em &acirc;mbito global est&aacute; a reformula&ccedil;&atilde;o do sistema mundial de produ&ccedil;&atilde;o e distribui&ccedil;&atilde;o de alimentos, para que o foco seja a pequena agricultura. A organiza&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m &nbsp;defende a cria&ccedil;&atilde;o de mecanismos de controle e transpar&ecirc;ncia em contratos internacionais de compra e venda e terras e de garantias de consulta e compensa&ccedil;&otilde;es para as comunidades atingidas pelas desapropria&ccedil;&otilde;es.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Gra&ccedil;a Adjuto</em></p> ActionAid comunidades tradicionais Dia Mundial da Alimentação estrangeirização grupos estrangeiros insegurança alimentar Internacional Nacional ong organização não governamental posse relatório Situação da Terra terras venda Tue, 16 Oct 2012 09:11:38 +0000 gracaadjuto 705600 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/