Festiva de Brasília do Cinema Brasileiro https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/143388/all pt-br Quarta noite de mostra do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro tem público recorde mesmo com chuva https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-09-22/quarta-noite-de-mostra-do-festival-de-brasilia-do-cinema-brasileiro-tem-publico-recorde-mesmo-com-chu <p> Carolina Gon&ccedil;alves<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> Bras&iacute;lia &ndash; A chuva que suavizou o clima na capital do pa&iacute;s na noite de ontem (21), depois de quase tr&ecirc;s meses de seca, n&atilde;o intimidou o p&uacute;blico do 45&ordm; Festival de Bras&iacute;lia do Cinema Brasileiro. Surpreendendo as expectativas em fun&ccedil;&atilde;o do mau tempo, a quarta sess&atilde;o de exibi&ccedil;&otilde;es das mostras competitivas reuniu a maior plateia de todos os dias do evento.</p> <p> Os dois grandes momentos da noite estiveram nas m&atilde;os de dois diretores pernambucanos. Com o longa-metragem <em>Dom&eacute;stica</em>, Gabriel Mascaro apresentou universos diferentes das rela&ccedil;&otilde;es entre empregados e patr&otilde;es.</p> <p> &ldquo;Meu desafio foi imaginar que as empregadas participam dos lares brasileiros, no cotidiano das fam&iacute;lias. E propus uma troca deste olhar, onde o jovem vai passar a olhar para o universo desta empregada. &Eacute; uma invers&atilde;o do olhar que se transforma em cinema&rdquo;, descreveu Mascaro minutos depois da exibi&ccedil;&atilde;o.</p> <p> O document&aacute;rio foi constru&iacute;do a partir de filmagens feitas por filhos de donas de casa, em v&aacute;rias cidades do pa&iacute;s e em condi&ccedil;&otilde;es bem diversas. O trabalho durou um ano entre a sele&ccedil;&atilde;o de fam&iacute;lias e a edi&ccedil;&atilde;o do material recolhido, momento que o diretor descreve como complexo. &ldquo;&Eacute; um ensaio sobre afeto e trabalho&rdquo;, define.</p> <p> Esta &eacute; a primeira vez que Mascaro participa do Festival de Bras&iacute;lia. Admitindo a ansiedade nos minutos que antecederam a apresenta&ccedil;&atilde;o do document&aacute;rio, o diretor comemorou a rea&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico que aplaudiu intensamente a produ&ccedil;&atilde;o. &ldquo;&Eacute; um trabalho de muito tempo que voc&ecirc; v&ecirc; funcionando, com as pessoas que se emocionaram. Voc&ecirc; pensa: valeu fazer este filme&rdquo;.</p> <p> Na tela da Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional, a plateia acompanhou momentos dram&aacute;ticos como o da dom&eacute;stica que, ao cuidar por tr&ecirc;s meses de uma senhora que havia sido operada, perdeu o conv&iacute;vio com o filho, assassinado logo no final desse per&iacute;odo.</p> <p> As rela&ccedil;&otilde;es afetivas e pr&oacute;ximas estabelecidas entre patr&otilde;es e suas empregadas foram destacadas em trechos da trama como a hist&oacute;ria filmada por Ju, filha da dona de casa L&uacute;cia, e Lena, a empregada dom&eacute;stica &ldquo;adotada&rdquo; pela fam&iacute;lia.</p> <p> Os casos retratados no longa ainda mostraram realidades at&iacute;picas como a do empregado S&eacute;rgio, abandonado por sua fam&iacute;lia, e da empregada dom&eacute;stica Fl&aacute;via que trabalha na casa de outra empregada dom&eacute;stica, m&atilde;e de Bia, adolescente que passa a maior parte do tempo sozinha com Fl&aacute;via e seu irm&atilde;o, que tem problemas de sa&uacute;de.</p> <p> &ldquo;Nossa, gostei muito. Acho que a sensibilidade de juntar estes dois universos, em que h&aacute; rela&ccedil;&otilde;es muito confusas de trabalho e vida pessoal, de pessoas brancas, pretas, ricas e pobres, mas que convivem no espa&ccedil;o da casa. Tem carinho, tem tens&atilde;o, tem conflito e acho que &eacute; um filme sens&iacute;vel&rdquo;, disse Caio Csermak, antrop&oacute;logo que foi assistir a mostra da sexta-feira.</p> <p> Para a psic&oacute;loga Fl&aacute;via Agra, <em>Dom&eacute;stica</em> proporcionou uma experi&ecirc;ncia nova e o mergulho no olhar diferente proposto pelo diretor. &ldquo;Acho que ele me fez mergulhar em um universo que eu s&oacute; conhecia por um lado e pude experimentar o outro e, para mim, foi muito especial isto&rdquo;.</p> <p> No desfecho da noite, o longa-metragem de fic&ccedil;&atilde;o <em>Era Uma Vez Eu, Ver&ocirc;nica</em>, percorreu a crise existencial vivida pela protagonista da trama. &ldquo;&Eacute; um filme filos&oacute;fico, existencialista, uma viagem reflexiva a partir das d&uacute;vidas, certezas, emo&ccedil;&otilde;es, sonhos, medos, perspectivas de perda. S&atilde;o quest&otilde;es universais que a gente, &agrave;s vezes, nesta vida louca n&atilde;o tem tempo de sentar e refletir. Ver&ocirc;nica prop&otilde;e refletir junto neste di&aacute;rio &iacute;ntimo&rdquo;, descreveu o diretor pernambucano Marcelo Gomes.</p> <p> A trama &eacute; conduzida em torno do universo da m&eacute;dica rec&eacute;m-formada, que ilustra seus questionamentos diante das rela&ccedil;&otilde;es com o pai, os primeiros pacientes e entre amigos. &ldquo;A emo&ccedil;&atilde;o &eacute; grande em voltar ao Festival de Bras&iacute;lia, depois de 15 anos, quando apresentei meu primeiro curta aqui. Eu gosto muito do cinema que mergulha na alma dos personagens. Foi assim nos meus outros filmes e n&atilde;o &eacute; diferente neste&rdquo;, explicou Gomes.</p> <p> A quarta noite de mostras foi aberta com a exibi&ccedil;&atilde;o do curta-metragem document&aacute;rio <em>Empurrando o Dia</em>, dos diretores Felipe Chimicatti, Pedro Carvalho e Rafel Bottaro. Ao tratar da monotonia do cotidiano de moradores de pequenos munic&iacute;pios mineiros, a produ&ccedil;&atilde;o aborda quest&otilde;es relacionadas &agrave; f&eacute;, ao trabalho, &agrave; pol&iacute;tica e &agrave;s comunica&ccedil;&otilde;es interpessoais.</p> <p> A anima&ccedil;&atilde;o <em>Valqu&iacute;ria</em>, do diretor Luiz Henrique Marques ilustrou o conflito familiar entre um pai e seu filho na abertura da segunda fase da noite. Em seguida, o p&uacute;blico acompanhou a delicadeza da trama <em>Eu Nunca Deveria Ter Voltado</em>, na qual os diretores cariocas Eduardo Morot&oacute;, Marcelo Martins Santiago e Renan Brand&atilde;o trataram da reflex&atilde;o sobre o amor e a morte por meio do personagem Dirceu.</p> <p> Os filmes ser&atilde;o reprisados hoje (22) no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil.</p> <p> <br /> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Lana Cristina</em><br /> &nbsp;</p> chuva Cultura Cultura curta-metragem documentário Festiva de Brasília do Cinema Brasileiro filmes longa-metragem Pernambuco público seca Sat, 22 Sep 2012 14:22:38 +0000 lana 703771 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/