cursos de especialização https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/142142/all pt-br Falta de estabilidade afeta empregos de alta e baixa qualificação https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-09-04/falta-de-estabilidade-afeta-empregos-de-alta-e-baixa-qualificacao <p> Carolina Sarres<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/23/gallery_assist701874/prev/AgenciaBrasil230812DSC_5886.JPG" style="width: 300px; height: 225px; margin: 3px; float: right;" />Bras&iacute;lia &ndash; Luiza Pereira, 38 anos, &nbsp;e Teresa da Silva, 32 anos, a Tet&ecirc;, s&atilde;o amigas e trabalham juntas h&aacute; cerca de 15 anos. S&atilde;o manicures e buscam sempre atuar em dupla. Enquanto uma faz a m&atilde;o, a outra faz o p&eacute;. No &uacute;ltimo ano, as duas j&aacute; trocaram de emprego tr&ecirc;s vezes. Ficaram, em m&eacute;dia, cerca de quatro meses em cada sal&atilde;o.</p> <p> Luiza e Tet&ecirc; t&ecirc;m fam&iacute;lias para sustentar. Ambas s&atilde;o respons&aacute;veis pela maior parte da renda familiar. A constante troca de local de trabalho &eacute; um problema na vida das duas. O setor de servi&ccedil;os, em que trabalham, tem &iacute;ndice de 37,7% de rotatividade, segundo a Rela&ccedil;&atilde;o Anual de Informa&ccedil;&otilde;es Sociais (Rais) do Minist&eacute;rio do Trabalho e Emprego (MTE), atr&aacute;s da constru&ccedil;&atilde;o civil, da agricultura e do com&eacute;rcio.</p> <p> &ldquo;Tenho medo de sair de casa de manh&atilde; e voltar &agrave; noite demitida porque o sal&atilde;o fechou ou porque alguma cliente n&atilde;o gostou do servi&ccedil;o&rdquo;, disse Luiza.</p> <p> De acordo com o psic&oacute;logo e professor na &aacute;rea de psicologia do trabalho e sa&uacute;de do trabalhador da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Heloani, a demiss&atilde;o &eacute; uma amea&ccedil;a que ronda boa parte das categorias profissionais. Para ele, a falta de empregabilidade afeta trabalhadores de alta e de baixa qualifica&ccedil;&atilde;o.</p> <p> &ldquo;Esse medo de perder ou reter o emprego come&ccedil;a na pr&oacute;pria busca. &nbsp;Ter [cursado] uma faculdade n&atilde;o &eacute; mais garantia. H&aacute; tempos atr&aacute;s, uma pessoa de classe m&eacute;dia fazia uma faculdade e tinha praticamente emprego garantido. Hoje, isso n&atilde;o ocorre mais. Corre-se o risco de ter feito uma universidade de primeira linha e ter dificuldade de encontrar at&eacute; um est&aacute;gio. A sensa&ccedil;&atilde;o de incerteza come&ccedil;a cedo&rdquo;, informou Heloani.</p> <p> Tet&ecirc;, a manicure, explicou que, para tentar minimizar o risco de demiss&atilde;o, investiu em cursos na &aacute;rea de est&eacute;tica. &ldquo;Aprendi tamb&eacute;m a fazer sobrancelhas e tratar de cabelos, como fazer hidrata&ccedil;&atilde;o e outros tipos de tratamento. Meu sonho &eacute; ter um dia a minha cl&iacute;nica de est&eacute;tica&rdquo;, disse.</p> <p> O professor Roberto Heloani alertou, no entanto, contra a busca incessante por capacita&ccedil;&atilde;o, que nem sempre garante o retorno pretendido. Segundo ele, a atualiza&ccedil;&atilde;o do empregado pode ajudar em certos momentos, mas n&atilde;o garante emprego e estabilidade que, em muitos casos, est&atilde;o relacionados a fatores que n&atilde;o dependem do esfor&ccedil;o do trabalhador &ndash; como a economia ou as finan&ccedil;as da empresa.</p> <p> &ldquo;A l&oacute;gica de qualifica&ccedil;&atilde;o que temos hoje &eacute; idealizada. Se cobra tanto, se quer tanto, que &eacute; imposs&iacute;vel o trabalhador cumprir todos os requisitos. A ang&uacute;stia acaba sendo um sentimento onipresente. Temos que desconstruir essa l&oacute;gica. Muitos s&atilde;o demitidos porque s&atilde;o pe&ccedil;as que n&atilde;o se encaixam mais em uma jogo altamente complexo&rdquo;, explicou o professor.</p> <p> Dados da Organiza&ccedil;&atilde;o Internacional do Trabalho (OIT) e da Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS) apontam que transtornos mentais s&atilde;o a maior causa de afastamento no trabalho na &uacute;ltima d&eacute;cada. Para Heloani, o pr&oacute;prio medo do desemprego acaba levando &agrave; demiss&atilde;o, gerando um paradoxo.</p> <p> &ldquo;Em primeiro lugar, o trabalhador n&atilde;o pode se culpar e acreditar que n&atilde;o consegue manter o emprego por alguma defici&ecirc;ncia ou falta de dedica&ccedil;&atilde;o. H&aacute; uma fort&iacute;ssima tend&ecirc;ncia a fazer isso. Os danos ps&iacute;quicos s&atilde;o muitos, o que engrossa essas estat&iacute;sticas da OIT, &nbsp;em que boa parte dos casos, o transtorno mental &eacute; a depress&atilde;o severa que acaba levando &agrave; incapacita&ccedil;&atilde;o&rdquo;, informou.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> capacitação do trabalhador cursos de especialização Economia empregos de alta qualificação empregos de baixa qualificação empregos de nível superior OIT oms Organização Internacional do Trabalho Organização Mundial de Saúde rotatividade da mão de obra Tue, 04 Sep 2012 20:59:50 +0000 davi.oliveira 702584 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/