terra indígena xavante https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/141365/all pt-br Funai prepara retirada de ocupantes de terra indígena em Mato Grosso https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-08-25/funai-prepara-retirada-de-ocupantes-de-terra-indigena-em-mato-grosso <p> <img alt="" src="http://agenciabrasil.ebc.com.br/ckfinder/userfiles/images/Reportagens Especiais/LUTA-PELA-TERRA/LUTA-PELA-TERRA.png" style="width: 730px; height: 150px; float: left;" />Gilberto Costa<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil<br /> </em><br /> Bras&iacute;lia &ndash; A Funda&ccedil;&atilde;o Nacional do &Iacute;ndio (Funai) aguarda a Justi&ccedil;a fazer a notifica&ccedil;&atilde;o dos ocupantes ilegais da Terra Ind&iacute;gena (TI) Mar&atilde;iwats&eacute;d&eacute;, pertencente aos &iacute;ndios xavantes, para iniciar a desocupa&ccedil;&atilde;o da &aacute;rea de 165 mil hectares, localizada no norte de&nbsp; Mato Grosso (nos munic&iacute;pios de S&atilde;o F&eacute;lix do Araguaia e Alto Boa Vista). O plano para a retirada pac&iacute;fica dos ocupantes foi apresentado &agrave; Justi&ccedil;a.</p> <p> Advogados dos fazendeiros dizem que 7 mil pessoas ocupam o territ&oacute;rio, n&uacute;mero n&atilde;o confirmado pela Funai. A data exata do in&iacute;cio da opera&ccedil;&atilde;o (prevista para setembro) ainda n&atilde;o est&aacute; definida e, por raz&otilde;es estrat&eacute;gicas, n&atilde;o ser&aacute; divulgada. A desocupa&ccedil;&atilde;o mobilizar&aacute; a For&ccedil;a Nacional de Seguran&ccedil;a, a Pol&iacute;cia Federal, a Pol&iacute;cia Rodovi&aacute;ria Federal. O Ex&eacute;rcito poder&aacute; ser acionado para dar apoio log&iacute;stico.</p> <p> Al&eacute;m do aparato policial e militar, o trabalho requer o cruzamento de dados sobre as ocupa&ccedil;&otilde;es irregulares. Algumas informa&ccedil;&otilde;es, como o dado de desmatamento, t&ecirc;m como origem o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renov&aacute;veis (Ibama); outras, como a situa&ccedil;&atilde;o fundi&aacute;ria, s&atilde;o fornecidas pelo Instituto Nacional de Coloniza&ccedil;&atilde;o e Reforma Agr&aacute;ria (Incra).</p> <p> Segundo dados do Censo 2010, divulgados no in&iacute;cio do m&ecirc;s, <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-08-10/mais-de-30-mil-nao-indios-vivem-em-aldeias-mostram-dados-do-ibge">mais de 30 mil pessoas declaradas n&atilde;o &iacute;ndias habitam 505 terras ind&iacute;genas</a> que foram reconhecidas pelo governo at&eacute; 31 de dezembro de 2010. A TI Mar&atilde;iwats&eacute;d&eacute; foi homologada em 1998 por decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e est&aacute; registrada na Secretaria do Patrim&ocirc;nio da Uni&atilde;o.</p> <p> De acordo com a Funai, o plano apresentado &agrave; Justi&ccedil;a prev&ecirc; todas as a&ccedil;&otilde;es para a retirada pac&iacute;fica dos ocupantes. &ldquo;Esta tudo pronto para iniciar a retirada desses ocupantes em atendimento &agrave; decis&atilde;o inicial&rdquo;, disse &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>, o diretor de Prote&ccedil;&atilde;o Territorial da Funai, Alu&iacute;zio Azanha.</p> <p> Apesar de j&aacute; dispor de alguns dados, a Funai ainda n&atilde;o tem informa&ccedil;&atilde;o fechada sobre o n&uacute;mero de ocupantes irregulares, aguardando levantamento que est&aacute; sendo feito pelo Incra. Segundo os advogados dos fazendeiros que tentaram a&ccedil;&otilde;es para suspender a demarca&ccedil;&atilde;o e a desocupa&ccedil;&atilde;o da TI, entre as 7 mil pessoas que moram na &aacute;rea est&atilde;o 800 alunos do ensino fundamental. Alegam tamb&eacute;m que a TI demarcada n&atilde;o corresponde ao territ&oacute;rio original dos xavantes.</p> <p> Em a&ccedil;&atilde;o apresentada ao Tribunal Regional Federal (TRF), os advogados &ldquo;desafiam&rdquo; a Funai a explicar &ldquo;qual o motivo l&oacute;gico e plaus&iacute;vel para que as antigas aldeias e antigos cemit&eacute;rios xavantes n&atilde;o se encontrem dentro dos limites da &aacute;rea demarcada&rdquo; e &ldquo;qual o motivo do Rio Xavantinho, que tem este nome evidentemente por causa dos xavantes, n&atilde;o margear a &aacute;rea demarcada&rdquo;.</p> <p> Em resposta, o diretor de Prote&ccedil;&atilde;o Territorial da Funai admite que &ldquo;eventualmente, se deixou parcelas de &aacute;reas tradicionais, mas isso n&atilde;o atesta que a &aacute;rea [demarcada] n&atilde;o &eacute; de ocupa&ccedil;&atilde;o tradicional&rdquo;. Ele lembra que &ldquo;nenhuma demarca&ccedil;&atilde;o de terra ind&iacute;gena, com raras exce&ccedil;&otilde;es, corresponde &agrave; totalidade do territ&oacute;rio tradicional&rdquo;; e pondera: &ldquo;se partirmos dos pressupostos desses argumentos, deveremos demarcar o Brasil todo&rdquo;.</p> <p> Para o prefeito de S&atilde;o F&eacute;lix do Araguaia, Filemon Gomes Limoeiro, <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-07-25/prefeito-teme-ocorrencia-de-conflitos-durante-processo-de-desocupacao-de-area-indigena-em-mato-grosso">o processo de desocupa&ccedil;&atilde;o poder&aacute; resultar em conflitos</a>, como o ocorrido durante a retirada de produtores rurais da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, em 2009.</p> <p> De acordo com imagens de sat&eacute;lite usado pelo Ibama (Sistema Prodes), o desmatamento da &aacute;rea aumentou na &uacute;ltima d&eacute;cada (ap&oacute;s a homologa&ccedil;&atilde;o). Segundo Alu&iacute;zio Azanha, as TI em lit&iacute;gio s&atilde;o &ldquo;as mais vulner&aacute;veis&rdquo; e &ldquo;mais desmatadas&rdquo;. Em compensa&ccedil;&atilde;o, as TI onde conclu&iacute;ram o processo de regulariza&ccedil;&atilde;o fundi&aacute;ria s&atilde;o as mais protegidas do ponto de vista ambiental - &ldquo;porque tem a posse dos ind&iacute;genas&rdquo;, ressaltou.</p> <p> A recupera&ccedil;&atilde;o ambiental ser&aacute; objetivo do plano de gest&atilde;o dos territ&oacute;rios, que ainda n&atilde;o foi elaborado. A Funai espera a desocupa&ccedil;&atilde;o &ndash; que chama de desintrus&atilde;o - para iniciar as discuss&otilde;es com os pr&oacute;prios xavantes. O plano tamb&eacute;m vai tratar da reocupa&ccedil;&atilde;o de aldeias, da vigil&acirc;ncia do territ&oacute;rio e atividades econ&ocirc;micas na &aacute;rea, que j&aacute; foi o maior latif&uacute;ndio do Brasil, <a href="http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2009-11-17/terra-em-disputa-ja-foi-maior-latifundio-do-brasil">iniciado com a expuls&atilde;o dos xavantes em 1966</a>.</p> <p> Ele ainda garante que os agricultores familiares que estejam na TI ser&atilde;o reassentados. &ldquo;Isso &eacute; uma obriga&ccedil;&atilde;o do Estado&rdquo;. Com a mesma contund&ecirc;ncia, o diretor nega que os grandes fazendeiros ter&atilde;o direito &agrave; indeniza&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Lucraram em cima da terra da Uni&atilde;o, nunca pagaram imposto territorial, nunca pediram licen&ccedil;a ambiental, nunca pagaram multas de infra&ccedil;&atilde;o ambiental. Eles n&atilde;o t&ecirc;m t&iacute;tulo, lucram em cima de uma &aacute;rea da Uni&atilde;o e ainda querem ser indenizados?&rdquo;.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Davi Oliveira</em></p> Funai Incra Nacional ocupação de terra indígena terra indígena xavante Sat, 25 Aug 2012 14:46:39 +0000 davi.oliveira 701863 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/