ético https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/136388/all pt-br Julgamento moral afeta atendimento hospitalar da mulher que aborta, indica levantamento https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-06-24/julgamento-moral-afeta-atendimento-hospitalar-da-mulher-que-aborta-indica-levantamento <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Gilberto Costa<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Bras&iacute;lia &ndash; O julgamento &eacute;tico e religioso sobre o aborto interfere no atendimento &agrave;s mulheres que d&atilde;o entrada no hospital depois de tentar a interrup&ccedil;&atilde;o da gravidez. A avalia&ccedil;&atilde;o foi feita pela pesquisadora Estela Aquino, do Instituto de Sa&uacute;de Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com base em trabalho realizado com 2.562 mulheres em sete hospitais de Salvador, oito de Recife e quatro de S&atilde;o Lu&iacute;s. &ldquo;Isso leva as mulheres a procurar esconder que a interrup&ccedil;&atilde;o foi volunt&aacute;ria, com medo de serem punidas ou mal-assistidas&rdquo;, pondera.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Segundo a pesquisa, o atendimento nem sempre segue recomenda&ccedil;&otilde;es de aten&ccedil;&atilde;o humanizada, indicadas pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de ou pela Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS). Exames cl&iacute;nicos tamb&eacute;m deixam de ser feitos. &ldquo;A realiza&ccedil;&atilde;o de exame ap&oacute;s o procedimento, permitindo a avalia&ccedil;&atilde;o do volume e aspecto do sangramento, correspondeu a 64,1% em Salvador e a 65,4% em Recife, mas foi bem menos frequente em S&atilde;o Lu&iacute;s [23,3%]&rdquo;, descreve.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> De acordo com informa&ccedil;&otilde;es colhidas, &ldquo;a aferi&ccedil;&atilde;o da press&atilde;o arterial foi muito frequente em Salvador e Recife [respectivamente 80,5% e 88,7%], mas insuficiente [31,7%] em S&atilde;o Lu&iacute;s. Pior a adequa&ccedil;&atilde;o, quando se considera o controle da temperatura portanto, de preven&ccedil;&atilde;o de complica&ccedil;&otilde;es infecciosas: em Salvador essa medida foi feita antes e depois do procedimento em 69,8% das mulheres, enquanto em Recife isso ocorreu bem menos [43,8%] e em S&atilde;o Lu&iacute;s foi praticamente inexistente [4,4%]&rdquo;.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Al&eacute;m da falta de procedimentos recomendados, muitas pacientes n&atilde;o s&atilde;o orientadas adequadamente ap&oacute;s a interven&ccedil;&atilde;o cir&uacute;rgica, o que pode expor as mulheres a riscos de sa&uacute;de e de nova gravidez. &ldquo;A falta de orienta&ccedil;&atilde;o sobre cuidados p&oacute;s-alta e o agendamento de consulta de revis&atilde;o permitiriam evitar complica&ccedil;&otilde;es imediatas &agrave; sa&uacute;de das mulheres, mas sobretudo a falta de orienta&ccedil;&atilde;o e prescri&ccedil;&atilde;o da contracep&ccedil;&atilde;o p&oacute;s-aborto contribui para a reincid&ecirc;ncia do aborto, ferindo os direitos reprodutivos das mulheres&rdquo;, disse Estela Aquino em entrevista &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> A pesquisadora da Ufba mostra que a forma&ccedil;&atilde;o dos m&eacute;dicos &ldquo;&eacute; estritamente cl&iacute;nica&rdquo; e &ldquo;voltada ao manejo de complica&ccedil;&otilde;es dentro da obstetr&iacute;cia&rdquo;. Faltam conte&uacute;dos que permitam uma vis&atilde;o social ampla sobre o problema do aborto. &ldquo;Mesmo os aspectos bio&eacute;ticos e legais parecem ser negligenciados, o que se traduz no desconhecimento dos profissionais sobre aspectos no exerc&iacute;cio da pr&aacute;tica cl&iacute;nica. Tamb&eacute;m desconhecem a import&acirc;ncia do aborto como problema de sa&uacute;de p&uacute;blica&rdquo;, acrescenta.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> A falta de discuss&atilde;o sobre o aborto como problema de sa&uacute;de p&uacute;blica pode fazer sobressair um atitude legalista das equipes m&eacute;dicas, refor&ccedil;ada pelo julgamento moral. Para Estela Aquino, o comportamento denunciante tem contradi&ccedil;&otilde;es &eacute;ticas. &ldquo;Os m&eacute;dicos devem respeitar o princ&iacute;pio de sigilo profissional, e a den&uacute;ncia contra as mulheres baseada em informa&ccedil;&otilde;es obtidas na pr&aacute;tica profissional viola esse princ&iacute;pio e os direitos humanos das mulheres&rdquo;, destaca.</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: Juliana Andrade e Gra&ccedil;a Adjuto</em></p> aborto atendimento hospitalar ético gravidez hospital Instituto de Saúde Coletiva interrupção julgamento moral levantamento mulher Nacional pesquisadora Recife religioso Salvador São Luís Saúde Saúde UFBA Sun, 24 Jun 2012 14:54:47 +0000 gracaadjuto 697784 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/