ameaçar com palavra https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/134768/all pt-br Quase metade dos brasileiros concorda com uso de tortura para obter provas na Justiça https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-06-05/quase-metade-dos-brasileiros-concorda-com-uso-de-tortura-para-obter-provas-na-justica <p> Bruno Bocchini<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> S&atilde;o Paulo &ndash; Pesquisa do N&uacute;cleo de Estudos da Viol&ecirc;ncia da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP) mostra que quase metade dos brasileiros concorda com o uso de tortura para obten&ccedil;&atilde;o de provas nos tribunais. O levantamento, feito em 2010 e divulgado hoje (5), utilizou a frase &ldquo;os tribunais podem aceitar provas obtidas atrav&eacute;s de tortura&rdquo; e obteve discord&acirc;ncia de 52,5% dos entrevistados, contra 71,2% em 1999.</p> <p> Para a coordenadora da pesquisa, professora Nancy Cardia, o desapontamento da popula&ccedil;&atilde;o com a efici&ecirc;ncia da Justi&ccedil;a e das pol&iacute;cias em esclarecer crimes mais graves pode explicar o aumento da aceita&ccedil;&atilde;o do uso de tortura para obten&ccedil;&atilde;o de provas.</p> <p> &ldquo;Existe uma frustra&ccedil;&atilde;o com o desempenho do nosso sistema de Justi&ccedil;a. Ao longo desse per&iacute;odo, de 1999 a 2010, houve um crescimento brutal da popula&ccedil;&atilde;o prisional, mas n&atilde;o necessariamente est&atilde;o nas pris&otilde;es as pessoas que cometeram os crimes que produzem mais medo na popula&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse.</p> <p> A pesquisa aponta que, para a maioria dos entrevistados, a pol&iacute;cia deve &ldquo;interrogar sem viol&ecirc;ncia&rdquo;. No entanto, aproximadamente um ter&ccedil;o dos pesquisados concorda que a pol&iacute;cia, para obter informa&ccedil;&otilde;es sobre crimes, submeta suspeitos a meios extralegais como: &ldquo;amea&ccedil;ar com palavras&rdquo;, &rdquo;bater&rdquo;, &ldquo;dar choques ou queimar com ponta de cigarro&rdquo;, &ldquo;amea&ccedil;ar membros da fam&iacute;lia&rdquo; e &ldquo;deixar sem &aacute;gua ou comida&rdquo;.</p> <p> O uso de algum tipo de viol&ecirc;ncia &eacute; mais aceito para suspeitos de delitos como estupro (43,2%), tr&aacute;fico de drogas (38,8%), sequestro (36,2%), uso de drogas (32,3%) e roubos (32,1%). Estes suspeitos poderiam receber um pior tratamento durante a investiga&ccedil;&atilde;o policial, na opini&atilde;o dos pesquisados. O levantamento mostra que quanto mais jovem o entrevistado, maior parece ser a tend&ecirc;ncia em apoiar o uso de pr&aacute;ticas de tortura.</p> <p> De modo geral, os entrevistados continuam desaprovando o uso de for&ccedil;a pela pol&iacute;cia. Por&eacute;m caiu, no per&iacute;odo de 1999 a 2010, os que &ldquo;discordam totalmente&rdquo; que a pol&iacute;cia pode: &ldquo;invadir uma casa&rdquo; (de 78,4% em 1999 para 63,8% em 2010), &ldquo;atirar em um suspeito&rdquo; (de 87,9% para 68,6%), &ldquo;agredir um suspeito&rdquo; (de 88,7%, para 67,9%) e &ldquo;atirar em suspeito armado&rdquo; (de 45,4% para 38%).</p> <p> Para a maioria dos entrevistados, a pris&atilde;o &eacute; percebida como pouco ou nada eficiente tanto para punir (60,7%) ou reabilitar (65,7%) os infratores, como tamb&eacute;m para dissuadir (60,9%) e controlar (63%) poss&iacute;veis criminosos.</p> <p> Os entrevistados tamb&eacute;m foram ouvidos sobre as penas que seriam mais adequadas para os crimes graves &ndash; identificados pelas pessoas pesquisadas como os que atentam contra vida, terrorismo, corrup&ccedil;&atilde;o, estupro e tr&aacute;fico de drogas.</p> <p> O maior consenso identificado foi sobre o uso da pena de pris&atilde;o perp&eacute;tua para algu&eacute;m condenado por terrorismo (35,9%), a pena de pris&atilde;o com trabalhos for&ccedil;ados para pol&iacute;ticos corruptos (28,3%) e a pena de morte aplicada a estupradores (39,5%). A op&ccedil;&atilde;o de pena de pris&atilde;o &eacute; mencionada por 32% dos entrevistados para os sequestradores, maridos que matam a mulher (30,5%), jovens que matam (37,2%) e traficantes de drogas (28,8%).</p> <p> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> ameaçar com palavra ameaçar membor da família atirar bater choque Cidadania deixar sem água deixar sem comida estupro Justiça matar Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo prova queimar com ponta de cigarro sequestro tortura tribunais USP violência Tue, 05 Jun 2012 22:35:09 +0000 fabio.massalli 696478 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/