Guerra e Paz https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//taxonomy/term/133001/all pt-br Guerra e Paz, grande mensagem de Portinari ao mundo, fica em exposição em SP até 20 de maio https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//noticia/2012-05-13/guerra-e-paz-grande-mensagem-de-portinari-ao-mundo-fica-em-exposicao-em-sp-ate-20-de-maio <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Elaine Patricia Cruz<br /> <em>Rep&oacute;rter da Ag&ecirc;ncia Brasil</em></p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist694825/prev/Guerra%20DSC_4715.jpg" style="margin: 8px; width: 300px; float: right; height: 225px" />S&atilde;o Paulo - &ldquo;Os pain&eacute;is <em>Guerra e Paz</em> representam sem d&uacute;vida o melhor trabalho que eu j&aacute; fiz. Dedico-os &agrave; humanidade&rdquo;. A frase, dita pelo artista brasileiro Candido Portinari (1903-1962), tenta explicar a grandiosidade dos pain&eacute;is que est&atilde;o em exposi&ccedil;&atilde;o no Memorial da Am&eacute;rica Latina, em S&atilde;o Paulo, at&eacute; dia 20 de maio. Cada um dos murais tem 14 metros de altura por 10 metros de largura e pesam mais de 1 tonelada, mas a grandiosidade das obras n&atilde;o pode ser medida apenas pelo tamanho dos pain&eacute;is e sim pela tocante mensagem de paz que destina ao mundo.</p> <p> &ldquo;Esta n&atilde;o &eacute; apenas uma exposi&ccedil;&atilde;o de arte. Esta &eacute; uma grande mensagem &eacute;tica e humanista e que se dirige ao principal problema que o mundo vive hoje em dia: a quest&atilde;o da viol&ecirc;ncia, da n&atilde;o cidadania, da injusti&ccedil;a social. Esta &eacute; a grande mensagem de toda a vida de Portinari e que ficou sintetizada nesses trabalhos finais que ele deixou&rdquo;, disse Jo&atilde;o Candido Portinari, filho de Portinari, em entrevista &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>. Jo&atilde;o Candido &eacute; o respons&aacute;vel pela realiza&ccedil;&atilde;o do projeto, que trouxe as obras para o Brasil.</p> <p> Terminadas em 1956, as obras permanecem atuais. As express&otilde;es de sofrimento das m&atilde;es no painel que mostra <em>A Guerra</em>, por exemplo, podem ser comparadas a fotos de m&atilde;es que sofreram recentemente no conflito na S&iacute;ria. Segundo Jo&atilde;o Candido, essa compara&ccedil;&atilde;o foi feita por um professor de Uberl&acirc;ndia (MG) que visitou a exposi&ccedil;&atilde;o e lhe mandou, por e-mail, uma fotomontagem comparando a m&atilde;e s&iacute;ria &agrave; pintura de Portinari. &ldquo;Ela estava numa posi&ccedil;&atilde;o de desespero absolutamente id&ecirc;ntica a de uma mulher que estava no painel da <em>Guerra</em>&rdquo;, falou Jo&atilde;o Candido.</p> <p> Todo o trabalho que resultou em <em>Guerra e Paz</em> foi produzido por Candido Portinari entre os anos de 1952 e 1956. O trabalho foi encomendado pelo governo brasileiro para presentear a sede da Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU), em Nova York, onde os pain&eacute;is foram instalados no <em>hall </em>de entrada, com acesso restrito ao p&uacute;blico.</p> <p align="left" class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Uma grande reforma no edif&iacute;cio da sede da ONU, que teve in&iacute;cio em 2010, deu a in&eacute;dita oportunidade de trazer esses pain&eacute;is ao Brasil. A primeira etapa da exposi&ccedil;&atilde;o ocorreu no Rio de Janeiro, em dezembro de 2010, reunindo mais de 44 mil visitantes. Em S&atilde;o Paulo, mais de 150 mil pessoas j&aacute; visitaram <em>Guerra e Paz</em>. At&eacute; 2014, as obras ficar&atilde;o em exposi&ccedil;&atilde;o pelo mundo, at&eacute; que voltem em definitivo para a sede da ONU.</p> <p> Os imensos pain&eacute;is s&oacute; puderam ser transportados porque <em>Guerra e Paz </em>consiste numa esp&eacute;cie de quebra-cabe&ccedil;a, composta por 28 placas de madeira compensada naval. No Brasil, as obras passaram por um processo de restaura&ccedil;&atilde;o, realizado entre fevereiro e maio de 2011 no Pal&aacute;cio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. Com <em>Guerra e Paz </em>tamb&eacute;m est&atilde;o sendo expostos 100 estudos preparat&oacute;rios, al&eacute;m de documentos hist&oacute;ricos como cartas, recortes de jornais e fotografias que contam, em detalhes, a cria&ccedil;&atilde;o dos pain&eacute;is.</p> <p> Jo&atilde;o Candido tinha apenas 13 anos quando o pai deu in&iacute;cio &agrave;s obras. &ldquo;Eu vi um ato de hero&iacute;smo. &Eacute; claro que naquela &eacute;poca eu n&atilde;o tinha condi&ccedil;&otilde;es para perceber isso. Eu s&oacute; via um homem que pintava de manh&atilde; at&eacute; de noite, em condi&ccedil;&otilde;es extremamente &aacute;rduas. Ele trabalhava num galp&atilde;o que era um antigo est&uacute;dio de televis&atilde;o, emprestado pela R&aacute;dio Tupi, sem janelas, com teto de zinco e que chegava &agrave; temperatura de 45 graus Celsius. Ele tomava limonada o tempo todo para tentar sobreviver&rdquo;, lembra. Segundo Jo&atilde;o Candido, o pai levou quatro anos fazendo os estudos para as obras e as pintou em apenas nove meses.</p> <p> <em>Guerra e Paz</em> foram os dois &uacute;ltimos e maiores pain&eacute;is criados por Portinari. Enquanto fazia o estudo preparat&oacute;rio para os dois pain&eacute;is, os m&eacute;dicos o aconselharam a parar de pintar por causa do processo de envenenamento pelas tintas. Portinari rejeitou o conselho m&eacute;dico. &ldquo;Foi fatal. Havia aquela proibi&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica, que ele n&atilde;o respeitou. Mas ele n&atilde;o podia deixar de passar a maior mensagem da vida dele, a de paz&rdquo;, disse o filho. Em 6 de fevereiro de 1962, Portinari morreu em consequ&ecirc;ncia do envenenamento pelo chumbo presente nas tintas que usava.</p> <p> <img alt="" src="https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil//sites/_agenciabrasil/files/imagecache/300x225/gallery_assist/25/gallery_assist694825/prev/PazDSC_4709.jpg" style="margin: 8px; width: 300px; float: left; height: 225px" />O gigantismo das obras impressiona o p&uacute;blico. A professora aposentada Nilsa Papaleo visitou a exposi&ccedil;&atilde;o na &uacute;ltima sexta-feira (11). &ldquo;Fico encantada em ver como uma pessoa pode fazer uma arte desse tamanho. Fiquei espantada [em saber] como transportaram, j&aacute; que &eacute; um painel imenso. E a&iacute; me explicaram que &eacute; como um quebra-cabe&ccedil;a, todo dividido, que eles desmontam. &Eacute; muito bonito, impactante&rdquo;, disse ela, &agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>. Para ela, as obras apresentam a sociedade em que vivemos. &ldquo;E continua do mesmo jeito&rdquo;.</p> <p> O m&eacute;dico Luiz Martinelli j&aacute; tinha visto a obra na ONU. &ldquo;Mas ver aqui &eacute; diferente. Estamos em casa. No nosso pa&iacute;s &eacute; diferente. &Eacute; mais gostoso&rdquo;, disse. &ldquo;Particularmente eu gosto mais de <em>A Paz</em>. Eu sou da paz&rdquo;, brincou. &ldquo;Em <em>A Guerra</em>, vemos as pessoas sofrendo. &Eacute; uma imagem mais chocante. A paz sempre &eacute; mais bonita&rdquo;.</p> <p> Ap&oacute;s receber a dica de um professor, que contou que a obra era da ONU, o estudante Pablo de Lima Almeida decidiu ir &agrave; exposi&ccedil;&atilde;o com um grupo de amigos. &Agrave; <strong>Ag&ecirc;ncia Brasil</strong>, contou ter gostado mais do painel que retrata a paz. &ldquo;&Eacute; mais bonito&rdquo;, disse ele.</p> <p> J&aacute; a aposentada Cristina Figueiredo, que sempre gostou de arte, decidiu visitar a exposi&ccedil;&atilde;o antes que ela terminasse. O impacto das obras, segundo ela, &eacute; grandioso. &ldquo;Eu tinha visto <em>Guernica</em>, do Picasso, que tamb&eacute;m &eacute; impressionante. Mas este aqui tem o nosso colorido, o colorido brasileiro, o que para mim &eacute; muito importante&rdquo;, falou, lembrando da atualidade da obra. &ldquo;Li em algum lugar que ele (Portinari) retrata a guerra como uma coisa que sempre pertenceu &agrave; humanidade. Ele n&atilde;o retrata uma (&uacute;nica) guerra, como &eacute; o caso de <em>Guernica</em>, que aborda a Guerra Civil Espanhola. Ele retrata a guerra que sempre existiu na humanidade e que, infelizmente, continua existindo&rdquo;, disse.</p> <p> Essa grande mensagem do artista Candido Portinari ao mundo, os imensos pain&eacute;is que formam a obra <em>Guerra e Paz</em>, deve permanecer no Brasil por um tempo maior do que o esperado. No Memorial da Am&eacute;rica Latina, em S&atilde;o Paulo, onde est&aacute; exposta atualmente, a exposi&ccedil;&atilde;o foi prorrogada at&eacute; o dia 20 de maio, com entrada franca. Depois, ela deve ter como destino a capital mineira, Belo Horizonte (MG), antes de atravessar o oceano, seguindo provavelmente para a Noruega e para a China.</p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> Mais informa&ccedil;&otilde;es sobre a exposi&ccedil;&atilde;o podem ser encontradas em <a href="http://www.guerraepaz.org.br">www.guerraepaz.org.br</a></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm"> <em>Edi&ccedil;&atilde;o: F&aacute;bio Massalli</em></p> Cultura exposição Guerra e Paz Memorial da América Latina murais onu painéis Portinari Sun, 13 May 2012 19:23:35 +0000 fabio.massalli 694830 at https://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/