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Polícia intensifica atuação para conter violência em São Paulo
Criado em 07/11/12 20h41
e atualizado em 09/11/12 17h51
Por Elaine Patricia Cruz
Edição:Nádia Franco
Fonte:Agência Brasil
São Paulo – Para conter a onda de violência na capital e região metropolitana, a Polícia Militar (PM) intensificou hoje (7) a Operação Saturação. Além da região de Paraisópolis, onde a PM está em ação desde o dia 29 de outubro, a corporação passou a agir nas zonas norte e leste de São Paulo, além de Guarulhos (SP). Segundo a PM, o objetivo é aumentar a sensação de segurança da população, prendendo foragidos da Justiça e apreendendo drogas e armas.
A reportagem da Agência Brasil esteve, nesta tarde, no bairro Parada de Taipas, na zona norte da cidade, onde houve algumas ações policiais, como abordagem de motociclistas, para ver se levavam armas ou drogas. Em entrevista, o major Décio Leão, comandante da operação na região da Brasilândia, Parada de Taípas e arredores, disse que os trabalhos, que tiveram início às 6h da manhã, continuam nos próximos dias, sem prazo determinado para acabar.
“Hoje tivemos, além de centenas de abordagens de pessoas, veículos e motos, cinco situações de apreensão de drogas, três delas caracterizando flagrante”, informou o major. Sete pessoas foram detidas na região por tráfico de drogas. Segundo Leão, a polícia ainda não tem um balanço do volume drogas apreendido.
Para o major, a operação é importante para “sufocar o crime organizado” na região. “O melhor jeito de combater essa onda de violência é atacar sua fonte de renda, que é o tráfico de drogas", ressaltou o major. Ele explicou que a operação está centralizada em uma região problemática e que a meta da força-tarefa, formada por policiais de vários batalhões é sufocar qualquer tipo de ação criminosa. "São vários bloqueios espalhados pela região, que, a cada momento, serão mudados", explicou.
Ele negou, porém, que haja toque de recolher na região. “Notícias sobre fechamento de comércio identificamos que são sempre boatos e casos de oportunismo. Às vezes, é trote, mas, como estamos em um clima de violência, isso acaba apavorando a população." O major destacou a grande colaboração da comunidade com denúncias anônimas encaminhadas à PM. Segundo ele, nos locais onde eram feitas as abordagens ou bloqueios, os policiais receberam muitos telefonemas com informações sobre os pontos de tráfico, que resultaram nas prisões feitas hoje.
Uma das moradoras da região, Andrea Gomes, que trabalha numa casa de costura, disse que nunca ouviu falar em toque de recolher em Parada de Taípas, mas ressaltou que os vizinhos sempre recomendam ficar em casa depois das 20h. “É o que a gente tem feito. Tenho saído até mais cedo do serviço. Todo mundo está saindo mais cedo do serviço.”.
Para Andrea, a operação policial nas ruas assusta os moradores do bairro. “Acho assustadora [a operação] porque aqui é uma região que tem bandido. E se houver uma guerra? Acho que eles [policiais] deviam ir ao lugar certo, onde está o bandido, para fazer o confronto. Na rua, ficamos arriscados a morrer, como muitos por aí. É polícia matando bandido, bandido matando polícia, mas os inocentes indo junto também.”
Apesar de dizer que não tem conhecimento do toque de recolher, Andrea disse que seus filhos, que estudam numa escola localizada na região do Jaraguá, não tiveram aula hoje. “Minha filha contou que a professora recolheu todos os alunos porque ia ter toque de recolher hoje.”
Benedito Romualdo, proprietário de uma mercearia no bairro, defende uma operação policial permanente na região. Perguntado se tinha medo da violência no bairro, o comerciante respondeu: “Quem não tem, né?”. Romualdo também não sabia de toque de recolher na região. “Eu não precisei fechar [a loja mais cedo], mas as escolas pararam. A professora dispensou todos os alunos.”
O taxista Ângelo Rodrigues de Oliveira, também morador em Parada de Taipas, considera necessária a presença dos policiais na região. “É bom porque espanta um pouco a turma [os criminosos]”, disse ele, que também desconhece o toque de recolher na região. Ele evita trabalhar à noite . “Ninguém quer trabalhar de noite, não.”
No último fim de semana, uma policial foi morta na região de Brasilândia, zona norte, ao chegar em casa com uma das filhas. Neste ano, 90 policiais foram mortos no estado. “Os policiais já receberam orientação do comando sobre segurança pessoal e comportamento preventivo ante tais situações. A policial assassinada nem era operacional. Trabalhava no serviço administrativo e foi covardemente morta, com dez tiros. Ela é mais uma vítima, como várias outras pessoas, e estamos atuando para dar proteção para todo mundo”, disse o major.
A reportagem encontrou, nos locais percorridos, policiais que admitiram ter “um pouco de receio” de ataques de criminosos, principalmente quando estão fora do horário de serviço. Sem se identificar, um deles disse que a rotina da família precisou ser alterada para evitar possíveis ataques. “Minha família quase não sai mais de casa”, contou o policial, que tem mudado com frequência o trajeto do trabalho para casa.
Balanço divulgado na manhã de hoje pela PM diz que 160 policiais participaram da operação em Parada de Taipas, que contou com 32 motos, 15 viaturas e um helicóptero Águia. No bairro de Santa Inês, na zona leste da capital, trabalharam 130 policiais, que usaram 20 motos, 20 viaturas e um helicóptero. Guarulhos mobilizou 110 policiais, 27 viaturas, 12 motos, um helicóptero e três cães. Até as 10h da manhã, 430 pessoas tinham sido abordadas e sete veículos apreendidos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, em Paraisópolis, 36 pessoas foram presas desde o início da operação até as 6h de hoje. No bairro, foram apreendidas 16 armas ilegais, uma granada, munições diversas e drogas.
Edição: Nádia Franco
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