Comunidade científica critica invasão de laboratório por ativistas

19/10/2013 - 13h16

Da Agência Brasil

São Paulo – A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) considera que a invasão do Instituto Royal, em São Roque, por ativistas que defendem os animais, revelou o desconhecimento das pessoas sobre a importância do uso de animais para o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos para o ser humano e para outras espécies. Por meio de nota, a SBPC informou que o Instituto Royal é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), criada para promover o desenvolvimento e a pesquisa de tecnologias inovadoras.

“O instituto realiza estudos de avaliação de risco e segurança de novos medicamentos. Todos os seus experimentos são conduzidos de acordo com protocolos utilizados internacionalmente pela OECD (Organization for Economic Cooperation and Development), ISO (International Organization for Standardization), EMEA (European Medicines Agency), ICH (International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for Registration of Pharmaceuticals for Human Use), dentre outros”, diz a nota, ressaltando que as pesquisas atendem a todas as exigências feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo a comunidade científica, o Instituto Royal já realizou diversas pesquisas que contribuíram para o desenvolvimento de novos medicamentos e biofármacos para a indústria farmacêutica nacional.

“Todos os estudos envolvendo animais são previamente submetidos ao Comitê de Ética para o Uso em Experimentação Animal, respeitando os preceitos éticos de experimentação estabelecidos pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). As atividades do instituto vão desde o planejamento experimental até a execução de estudos pré-clínicos destinados a diferentes tipos de setores produtivos (produtos farmacêuticos, produtos para a saúde, dispositivos médicos, agrotóxicos, produtos químicos e veterinários, aditivos para rações e alimentos, entre outros) do mercado brasileiro e internacional, dentro do mais alto padrão técnico-científico”, informou a nota.

Também por meio de nota, a Anvisa informou que firmou há dois anos um acordo de cooperação com o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam), ligado ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS-Fiocruz), para que sejam utilizados métodos alternativos à pesquisa que dispensem o uso de animais.

“As regras para o uso de animais em pesquisa não são definidas pela Anvisa e não são objeto de fiscalização da agência”, informa a nota da Anvisa, destacando que a pesquisa com animais é definida por meio da Lei 11.794, de 8 de outubro de 2008. “No âmbito da Anvisa não há exigência expressa para o uso de animais em testes, mas sim da apresentação de dados que comprovem a segurança dos diversos produtos registrados na agência”, diz a nota.

O Instituto Royal usa cães da raça beagle, ratos e outros animais para pesquisas laboratoriais. Os ativistas, que invadiram e retiraram os animais do local na madrugada de ontem (18), denunciam que o Royal praticou maus-tratos. Há uma investigação em curso pelo Ministério Público contra o Royal, mas o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informou que a situação do instituto é regular no Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão ligado à pasta.

Manifestantes que defendem os direitos dos animais bloqueiam, neste momento, os dois sentidos da Rodovia Raposo Tavares, entre os quilômetros 56 e 58, em São Roque. A informação foi confirmada pela concessionária CCR ViaOeste, que administra a rodovia.

Edição: Andréa Quintiere

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