Aula pública no Masp inaugura em São Paulo discussão Que Polícia Queremos?

07/09/2013 - 0h35

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Diversas entidades ligadas à defesa dos direitos humanos e à segurança pública inauguraram hoje (6) um fórum de discussão que pretende debater a polícia em espaços públicos e nas redes sociais. Com o tema Que Polícia Queremos?, as discussões se iniciaram com uma aula pública no vão livre do Museu de Arte de São Paulo, o Masp.

“A gente decidiu fazer essa aula pública aqui no Masp para tentar engajar outras pessoas. A questão de uma polícia mais compatível com a democracia não pode ficar restrita aos muros das universidades, das organizações não governamentais, mas deve ser um debate público, porque as respostas não são fáceis e, quanto mais gente participar, mais fácil vai ficar encontrar as respostas”, disse a diretora executiva da Conectas Direitos Humanos, Lúcia Nader.

Os organizadores da aula de hoje foram a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Instituto Sou da Paz, a Conectas Direitos Humanos e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o professor Oscar Vilhena Vieira, da Escola de Direito da FGV, o direito à segurança no Brasil é mal distribuído e não há uma política de segurança que seja capaz de assegurar a vida e a liberdade de forma igualitária a todos da população.

“Não é verdade que no Brasil não exista segurança. O problema é que a segurança é desigualmente distribuída. Sou um branco de terno, de cinquenta anos, e a polícia tem uma relação amistosa comigo. Se eu sou um jovem, negro, da periferia, com 17 anos, essa relação não será amistosa”, disse na aula.

Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança, disse que as polícias no Brasil foram estruturadas antes da Constituição Federal de 1988 e trazem traços da ditadura militar. Para ele, as forças de segurança têm de se reorganizar para construírem o respeito para com elas.

“Não é só desmilitarizar, tirar a relação com as Forças Armadas, mas é repensar a forma como elas se organizam e, em vez de fazer uma defesa do Estado, tal como hoje elas são concebidas, fazer uma defesa da sociedade”, disse. “[Precisamos de uma polícia onde] policiais possam trabalhar em outra chave, em uma chave mais de aproximação com a sociedade, com a comunidade e, com isso, angariar o respeito e também construir o respeito”.

Edição: Fábio Massalli

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