Falta de estacionamento gratuito resulta em 200 multas diárias no aeroporto de Brasília

30/07/2013 - 16h43

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – O consórcio Inframérica, responsável pela operação do aeroporto de Brasília, informou hoje (30) que já investiu R$ 370 milhões no empreendimento e que o valor deve chegar a R$ 900 milhões até a Copa do Mundo do ano que vem. A concessionária anunciou o início de mais uma frente de obras que, até meados de dezembro, duplicará o viaduto de acesso ao piso de embarque.

A realização dessas obras exige mudanças no andar inferior do terminal, onde os passageiros que chegam de viagem costumam esperar  transporte para se deslocar até a cidade. “Se já era difícil pegar nossos parentes, agora ficará ainda pior. Infelizmente, só há vagas para quem se dispõe a pagar [R$ 5 pela hora]. Quem não se dispõe a isso acaba pagando multa”, disse à Agência Brasil João Alves, de 76 anos, militar da Aeronáutica aposentado.

O militar reclamou de ter sido multado quando foi buscar a mulher, de 66 anos, no aeroporto. “Tive de ficar argumentando com o policial porque ele não queria deixar eu parar para pegar minha esposa, que estava há pouco mais de 10 metros do carro”, acrescentou. “A gente fica com a impressão de que eles são instruídos a nos forçar a pagar o estacionamento”, completou Alves.

Consultado pela Agência Brasil, o consórcio Inframérica informou que o estacionamento pago gera receita bruta “na casa de R$ 1,3 milhão por mês”. Segundo o diretor de Obras do consórcio, Armando Schneider, a grande movimentação do aeroporto – cerca de 16 milhões de passageiros por ano – inviabiliza a disponibilização de áreas para que motoristas aguardem passageiros. “É assim que funciona em boa parte dos aeroportos”, ressaltou.

De acordo com o sargento Cristovão Bezerra da Silva, policial militar do 1º Batalhão de Trânsito, são aplicadas pelo menos 200 notificações por dia no aeroporto de Brasília,  o equivalente a 6 mil por mês. “Se levássemos em consideração todas as infrações, certamente o número de multas seria ainda maior, porque falta conscientização dos motoristas”, disse o policial.

Segundo o sargento, os motoristas que circulam no aeroporto de Brasília costumam ser “mais abusados, por causa da ansiedade”. A maior parte das multas é aplicada por estacionamento proibido, bem como pela falta do cinto segurança, pelo uso de celulares durante a direção e, também, por avanço de sinal.

O policial sugere que, para evitar a multa, os motoristas que não desejam pagar pelo estacionamento cheguem após o desembarque dos passageiros. “Tem gente que chega uma hora antes e quer deixar o carro parado [em área proibida]. Quem tem de aguardar não é o motorista, e sim o passageiro.”

Edição: Nádia Franco

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