Morales aceita desculpas de autoridades europeias, após incidente diplomático no início do mês

24/07/2013 - 13h36

Carolina Gonçalves*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Bolívia, Evo Morales, aceitou hoje (24) o pedido de desculpas apresentado pelas autoridades da França, Espanha, Itália e de Portugal. Os quatro países europeus negaram, no início do mês, autorização de sobrevoo e aterrissagem ao avião de Morales, sob a suspeita de que o ex-consultor norte-americano Edward Snowden estaria escondido na aeronave. Snowden trabalhava em uma empresa que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) e é acusado de espionagem pelo governo dos Estados Unidos.

A declaração do presidente da Bolívia foi anunciada depois de uma reunião do Conselho de Ministros do país que ocorreu na manhã de hoje. Segundo Morales, o perdão pelos equívocos cometidos por autoridades francesas, espanholas, italianas e portuguesas é um passo para manter as “relações de respeito, complementaridade e solidariedade” entre os países.

No dia 2, Morales voltava de uma viagem à Rússia onde participava do 2º Fórum de Países Exportadores de Gás. Com a negativa de autorização para decolagem e aterrissagem, o presidente da Bolívia foi obrigado a mudar a rota de viagem e aguardar, por quase 13 horas em Viena, na Áustria, a liberação da aeronave.

Morales destacou que “o mundo foi testemunha da violação da imunidade diplomática”. Segundo ele, a decisão de proibir o sobrevoo por aqueles países foi uma agressão arbitrária e humilhante, mas o líder boliviano afirmou não guardar rancor ou ressentimento pelo ocorrido e garantiu que movimentos sociais, como o de indígenas que ele representa, não são vingativos.

Edward Snowden, de 29 anos, vive há um mês na zona de trânsito do aeroporto de Moscou, onde chegou depois de passar por Hong Kong, para evitar prisão por espionagem pela Justiça dos Estados Unidos. O ex-consultor já recebeu os documentos que permitem a saída do aeroporto de Moscou.

O governo russo havia garantido que o norte-americano poderia permanecer no país se renunciasse às atividades contra os Estados Unidos, o que significaria o fim da divulgação de informações sobre o programa norte-americano de espionagem, que monitora telefones e mensagens eletrônicas em todo o mundo.

Há poucas semanas, o jornalista Gleen Greenwald, correspondente do periódico britânico The Guardian no Brasil, denunciou que o ex-consultor Edward Snowden tinha informações que comprovam a existência de um esquema de espionagem a cidadãos brasileiros na internet e por ligações telefônicas. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu esclarecimentos formais aos Estados Unidos. Dias depois da denúncia, Patriota, considerou “insuficientes” os esclarecimentos prestados até aquele momento pelo governo dos Estados Unidos.

*Com informações da Lusa

Edição: Denise Griesinger
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