Juíza prorroga afastamento de parlamentares investigados na Operação Apocalipse

19/07/2013 - 19h37

Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Quatro dos cinco deputados investigados na Operação Apocalipse permanecerão mais 15 dias afastados do cargo, determinou a juíza da Vara de Execuções Penais de Porto Velho, Sandra Silvestre. Ela atendeu a pedido da Polícia Civil de Rondônia que detectou novos indícios de envolvimento dos parlamentares com a organização criminosa de estelionato e tráfico de drogas. Os deputados estão afastados da Assembleia Legislativa desde 4 de julho.

A Operação Apocalipse investigou crimes relacionados ao financiamento, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, envolvendo empresários e políticos de Rondônia. A organização criminosa atuava em Rondônia, mas tinha ramificações em nove estados. De acordo com a investigação, só em Rondônia, a quadrilha acumulou patrimônio de R$ 33,5 milhões, que incluía 200 veículos (R$ 7,5 milhões), 25 imóveis (R$ 22,5 milhões) e cotas de empresas no valor de R$ 3,5 milhões.

A decisão da Justiça diz respeito ao presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia, Hermínio Coelho (PSD), investigado por crime de peculato. Ele é acusado de nomear para cargos comissionados na assembleia pessoas indicadas pela quadrilha. Também continuam afastados os deputados Ana da 8 (PTdoB), Adriano Boiadeiro (PRP) e Cláudio Carvalho (PT). O vice-presidente da Casa, Jean Oliveira (PSDB), não teve o afastamento prorrogado: de acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), "embora [haja] elementos que verifiquem seu envolvimento [com a quadrilha], não foram detectados fatos novos nas investigações que justifiquem a manutenção das medidas contra ele".

Nesta quinta-feira (18), a Justiça também negou o pedido de habeas corpus dos vereadores Marcelo Reis (PV) e Eduardo Rodrigues (PV). Eles continuam presos. Juntamente com o vereador Jair Montes (PTC), também preso na operação, os dois são suspeitos de envolvimento com o esquema de financiamento de campanhas políticas em troca de favores e cargos públicos. Além de Marcelo Reis e Eduardo Rodrigues, o judiciário negou a liberdade a Francisco da Silva Rego, o contador Elias Barbosa Dias, o empresário Eulógio Alencar Barroso e o funcionário da Junta Comercial de Rondônia (Jucer), Mauro de Oliveira de Carvalho.

Do total de dez pedidos julgados nesta quinta, a quatro foram concedidos o habeas corpus. São eles os de Lânia das Dores Silva, ex-assessora do governo, da professora de dança Ana Cristina Dias Pontes, do taxista Elieudo Peixoto Gomes e de Telismar Lobato, estes três indicados como funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa.

A Operação Apocalipse cumpriu 229 medidas cautelares, entre mandados de busca e apreensão, prisões preventivas e indisponibilidade de bens. A suspeita é de que pelo menos 20 funcionários tenham sido nomeados como "laranjas" na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal, e recebiam sem trabalhar.

Os crimes investigados na operação, segundo a polícia, estão ligados a um esquema de estelionato, tráfico de drogas, falsificação de documentos, fraude em empresas de cartões de crédito, peculato, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, prevaricação, quebra de sigilo funcional e formação de quadrilha. A operação resultou na prisão de 51 pessoas e pelo menos 13 são considerados foragidos da Justiça. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) informou que dará suporte às investigações, disponibilizando servidores. Um sistema de cruzamento de dados bancários ajudará nas investigações.

Edição: José Romildo
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