Poesia de Fernando Pessoa, debatida por Cleonice Berardinelli e Maria Bethânia, é atração esta noite na Flip

05/07/2013 - 19h08

Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A professora de literatura portuguesa Cleonice Berardinelli, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), e a cantora Maria Bethânia são as atrações na noite de hoje (5), a partir das 19h30, da mesa Lendo Pessoa à Beira-Mar, uma das mais concorridas, da programação da 11ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Com 96 anos de idade, Cleonice Berardinelli é considerada a mais importante estudiosa de Fernando Pessoa no Brasil, enquanto Maria Bethânia declama, há mais de quatro décadas, versos do poeta português em seus shows e discos. Já a palestra, na Tenda dos Autores, terá como mediador o professor de literatura e pesquisador Júlio Diniz.

Em outra mesa literária no mesmo local, às 21h30, o cineasta Nelson Pereira dos Santos conversa com a cantora Miúcha. Um dos mais importantes nomes do cinema brasileiro, Nelson Pereira dos Santos tem 26 títulos em sua filmografia, que inclui as adaptações de dois livros de Graciliano Ramos, o grande homenageado da Flip este ano: Vidas Secas e Memórias do Cárcere.

Na manhã de hoje, a atuação política de Graciliano Ramos foi debatida na mesa composta pelo biógrafo do escritor alagoano, Dênis de Moraes, pelo sociólogo Sergio Micelli e pelo brasilianista Randal Johnson, com moderação de José Luiz Passos. Graciliano foi prefeito de Palmeira dos Índios (AL) e ocupou outros cargos públicos, antes de ser preso pela ditadura do Estado Novo, na era Vargas (presidente Getúlio Vargas). As relações dos intelectuais com o poder foram o foco da palestra.

De acordo com Dênis de Moraes, autor da biografia O Velho Graça, Graciliano Ramos deixou como legado a noção de que é possível fazer política com “p” maiúsculo. “Ele tem muito a dizer ao país que está rebelado nas ruas. Teremos uma Copa do Mundo milionária em um país com um sistema de saúde falido, um sistema educacional com tantos problemas. Graciliano chama nossa atenção para a necessidade da coerência ética”, disse o biógrafo.

Na noite de ontem (4), a mesa Narrar a Rua, na Tenda dos Autores, abordou a cobertura pela mídia das manifestações que tomaram conta do país no mês de junho. O contraste entre as narrativas feitas pelas mídias sociais e as dos canais tradicionais de comunicação foram a tônica do debate, que reuniu o correspondente do jornal El País no Brasil, Juan Arias, o coordenador do coletivo Fora do Eixo, Pablo Capilé, o poeta Fabiano Calixto e Marcus Vinicius Faustini, escritor e diretor teatral que criou a Agência Redes para a Juventude, de projetos culturais na periferia.

Juan Arias defendeu o papel do jornalista como filtro de informações em uma sociedade que se pauta pelas redes sociais, de onde, segundo o correspondente, “saem muitas coisas boas, mas também muitas mentiras”. Pablo Capilé destacou a diferença entre quem consegue entender este novo momento e aqueles que não conseguem superar a crise dos intermediários. “A mídia, que ainda é acostumada a ser o filtro e mediadora dos interesses, é pega de calças curtas quando precisa apresentar uma nova solução”, disse o coordenador do coletivo Fora do Eixo.

Edição: Aécio Amado

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