Apesar de não concordar, Viana considera naturais críticas de dom Tomás sobre emendas à Constituição

24/04/2013 - 21h11

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O senador Jorge Viana (PT-AC), primeiro vice-presidente da Mesa do Senado Federal, disse hoje (24) que vê com naturalidade a crítica feita pelo o bispo emérito de Goiás, dom Tomás Balduíno, sobre emendas aprovadas pelo Congresso Nacional que, segundo o religioso, não interessam aos pobres e desfiguram a Constituição. De acordo com o bispo, a lei maior do país vem sendo “desfigurada” para atender a interesses que nada tem que ver com a parcela da população mais pobre.

“Nossa Constituição Federal já não pode mais ser chamada de Constituição Cidadã, pois é vítima das emendas que atendem a interesses que não são os da [parcela da] sociedade mais carente, aquela que mais necessita do apoio do Estado. É uma Constituição que, hoje, está a favor do grande negócio, do capital internacional, das commodities”, disse o bispo à Agência Brasil.

Apesar de aceitar com naturalidade a crítica de dom Tomás, Viana ressaltou que não concorda com a posição do líder religioso. Segundo o senador, é preciso aceitar bem as críticas e cobranças, mas, por outro lado, é preciso reconhecer que a agenda de votações no Congresso contemplam os interesses de grande parte da população brasileira.

“Sou um defensor intransigente de que a agenda do Congresso se reencontra com a agenda do interesse e da opinião pública. Agora mesmo, estamos discutindo uma lei que incorpora 6 milhões de trabalhadoras e trabalhadores, que são empregados domésticos, para citar uma lei mais recente”, disse.

Viana destacou ainda as medidas provisórias que incluíram socialmente milhões de brasileiros e as matérias que garantiram a redução do preço de energia elétrica e da desoneração da cesta básica. “São matérias que vêm do Executivo e que são votadas aqui, e sei que são temas da agenda que o bispo defende. Vejo com naturalidade a crítica, mas não acho que o Senado está trabalhando em uma pauta exclusiva para o grande empresariado”, declarou.

Militante histórico de causas sociais, dom Tomás Balduíno, criticou as emendas que, segundo ele, não interessam aos pobres, ao comentar o aumento do número de assassinatos e de tentativas de assassinatos registrados no campo durante o ano passado. Segundo o Relatório da Violência no Campo 2012, divulgado ontem (23), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), a quantidade de assassinatos cresceu 24% ao longo de um ano, passando de 29 casos registrados em 2011 para 36 ocorrências em 2012.

 

Edição: Aécio Amado

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