Crianças são maiores vítimas de violência sexual em zonas de guerra, diz ONG

10/04/2013 - 12h56

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Estudo divulgado pela organização não governamental (ONG) Save the Children indica que as crianças são as principais vítimas de violência sexual em zonas de guerra.

Os dados mostram que, em Serra Leoa, mais de 70% dos casos de violência sexual envolvem meninas menores de 18 anos e mais de 20%, meninas menores de 11 anos.

Na Libéria, 83% das vítimas de violência sexual são menores de 17 anos e a maioria dos casos registrados é estupro.

Na República Democrática do Congo, 65% dos 16 mil casos de violência sexual registrados em 2008 envolviam crianças, sobretudo meninas, sendo que cerca de 10% delas eram menores de 10 anos.

No Haiti, quase 20% das meninas que vivem na capital Porto Príncipe foram estuprados durante as rebeliões de 2004 e 2005.

De acordo com o estudo, o impacto da violência sexual nessa faixa etária é catastrófico – fisicamente, psicologicamente e socialmente. A maioria das crianças apresenta sequelas que podem ser particularmente prejudiciais em razão do desenvolvimento ainda em andamento.

Os danos ao sistema reprodutivo, por exemplo, incluem incontinência urinária, infertilidade, sangramentos e dores. O risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DST) também aumenta, sobretudo em relação à sífilis, gonorreia e ao HIV.

O documento alertou que meninas que engravidam como resultado da violência sexual podem enfrentar complicações sérias durante o parto, além de serem levadas a abandonar a escola e a enfrentar a exclusão social e o estigma. A maioria é condenada a uma vida de pobreza extrema e vulnerabilidade.

“Para as milhares de crianças que sobrevivem à violência sexual, a prioridade deve ser tentar recuperá-las do trauma. É comum, entretanto, que haja pouca ou nenhuma resposta para suas necessidades, o que aumenta o sofrimento de forma imensurável”, alerta o documento.

A Save the Children destacou ainda que, apesar das medidas para proteger crianças da violência sexual serem amplamente conhecidas, a falta de vontade política e de financiamento compromete os avanços.

Edição: Juliana Andrade

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