Marcelo Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, rechaçou a possibilidade de que alguns estádios construídos para a Copa do Mundo se tornem os chamados “elefantes brancos”, ou seja, grandes obras sem utilidade após o evento. “Eu não partilho da tese de que parte dos estádios se tornarão 'elefantes brancos'. O Brasil passa por um processo de modernização do nosso futebol. Manaus e Cuiabá, que estão sendo olhadas com maior desconfiança, talvez pelo desconhecimento e pela distância, também justificam a construção dessas arenas. A de Manaus representará 60% do território brasileiro, que é a Amazônia. É concebível fazer uma Copa do Mundo deixando de fora 60% do nosso território? Desconhecendo cidades históricas como Cuiabá, representando um bioma único do planeta, que é o Pantanal, hoje marcadas como destino turístico importante? Acho que não”.
Rebelo participou, nesta terça feira (9), de audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, para discutir os planos do ministério para 2013. Ele respondeu perguntas de vários parlamentares e explicou que o dinheiro utilizado pelo governo federal em construção de estádios é apenas um empréstimo e que nem todos os estados o utilizaram.
“O governo, na construção dos estádios, entrou com empréstimos concedidos mediante garantias e exigências para as construtoras. As condições de juros é que foram mais favoráveis. O governo disponibilizou R$ 400 milhões para cada um dos 12 estádios e nem todos recorreram ao empréstimos. Brasília não recorreu e alguns recorreram apenas com uma parte.”
De acordo com Rebelo, os demais investimentos, feitos em aeroportos, mobilidade urbana, dentre outros, estavam previstos, independente da Copa do Mundo, e foram apenas antecipados em prol do evento.
O presidente da comissão, deputado Romário (PSB-RJ), externou ao ministro sua preocupação com o dinheiro investido nos estádios. “Segundo o então presidente Lula, o Brasil gastaria, nos estádios de futebol, R$ 2,2 bilhões. Hoje, estamos em R$ 5,7 bilhões. Eu não sou engenheiro, arquiteto ou matemático, mas se eu vou fizer um orçamento para a minha obra, tudo bem que chegue a 20%, 30% de aumento. Mas 159%? Acho que isso é total falta de respeito com o dinheiro público”.
Romário ainda pleitou uma fatia do lucro que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) obterá na Copa do Mundo de 2014. Segundo ele, a Fifa “não entra com nada e sai com mais ou menos R$ 3 bilhões de lucro” e, portanto “não haveria problema em deixar 300 ou 500 milhões” no país. Rebelo entendeu a proposta como razoável e disse que há alguma conversa sobre o assunto com a entidade máxima do futebol mundial.
“Já há uma disposição da Fifa em partilhar uma parte do lucro como legado da Copa do Mundo. Não há uma definição sobre a quantia destinada para essa finalidade, mas acho que a preocupação dos deputados é justa e tem a minha solidariedade”.
Ao final da audiência, Romário demonstrou confiança no trabalho de Rebelo, mas se manteve crítico às políticas adotadas pelo país para receber a Copa do Mundo. “O gasto já foi feito e continuará sendo feito. O ministro é uma pessoa séria, responsável e dedicada. Ele tem feito um bom trabalho dentro do ministério, mas a realidade é a que nós conhecemos. O Brasil está gastando dinheiro público em um evento que, por mais que seja importante, vai passar. E a saúde está aí, a educação está aí e a fome também”.
Edição: Fábio Massalli
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