Consultor da Funasa critica falta de sensibilidade de gestores para educação em saúde pública

21/03/2013 - 14h44

 

Vinícius Lisboa
Enviado Especial da Agência Brasil/EBC

Belo Horizonte – Em um debate marcado pela presença de educadores, o consultor do Departamento de Saúde Ambiental da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), José Teixeira, criticou hoje (21) a falta de sensibilidade dos gestores brasileiros para a educação em saúde e afirmou que apenas uma sociedade mais mobilizada pode mudar esse quadro. Na discussão temática, realizada no 4º Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública, outros problemas, como a falta de diálogo dos engenheiros responsáveis pelos projetos com educadores e com as populações locais, também foram apontados.

"Como muitos gestores não têm compromisso com a transformação, eles acabam dificultando e embarreirando iniciativas mais transformadoras. Eles também fazem políticas públicas, serviços, programas e obras que têm pouco a ver com a demanda das pessoas e das comunidades e mais, com outros interesses. Não estão nem aí se a obra vai ter efetividade", criticou José Teixeira, que complementou: "É preciso que se faça tecnologias que o povo entenda, se aproprie, e que tragam resultados ambientais, sanitários e de justiça social".

Para Teixeira, ações institucionais para melhorar as posturas dos gestores podem ajudar, mas não são suficientes para encarar o problema: "Podem ser feitos programas de humanização, mas o gestor só vai se sensibilizar a partir da reivindicação da sociedade civil. Só quando a sociedade civil estiver mais mobilizada e organizada isso vai mudar".

O consultor defende que os técnicos da Funasa e de outro órgãos também sejam mais sensíveis ao lidar com a população. Segundo ele, o envolvimento deve ser de forma afetiva com as questões, para que seja criado um vínculo com a comunidade, que passará a reconhecê-lo: "Não se faz educação sem afeto, sem amor. E não se constrói a sociedade sem isso, sem garra".

Onivaldo Coutinho, coordenador de Educação Ambiental da Funasa, concordou que os gestores públicos e políticos muitas vezes representam entraves à implementação de políticas educacionais em favor do saneamento e do meio ambiente: "Não é fácil implementar uma cultura de saúde ambiental em instituições verticalizadas e em que os gestores não são sensíveis ao social. Mas é preciso dar o primeiro passo: o diálogo".

Outro ponto defendido pelos palestrantes foi a aproximação entre a área técnica e os educadores, que se refletiria em projetos mais humanizados. "Como o engenheiro pode pensar o projeto sem pensar que esses projetos são para pessoas, que têm desejos mas não estão sendo ouvidas? É preciso que haja investimento em iniciativas sociais", questionou Coutinho.


Edição: Denise Griesinger

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