Thais Leitão*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O vice-primeiro-ministro do Quênia (África), Uhuru Kenyatta, foi confirmado como vencedor da eleição presidencial no país. Kenyatta, de 51 anos, é líder dos kikuyus, tribo dominante, e obteve 50,07% dos votos. A vitória em primeiro turno, no entanto, está sendo questionada por seu principal rival, o atual primeiro-ministro, Raila Odinga, de 68 anos. Ele alegou irregularidades na votação e deverá recorrer à Suprema Corte.
Odinga, chefe da tribo dos luos, é filho de Oginga Odinga, histórico rival de Jomo Kenyatta, pai de Uhuru Kenyatta.
Entre as supostas fraudes apontadas por Odinga está a diferença entre a soma de eleitores computados nas planilhas das seções eleitorais e na contagem geral de comparecimentos. A Comissão Independente Eleitoral admitiu que eleições no país foram complexas, mas garantiu que o processo ocorreu de forma confiável e transparente.
As eleições foram realizadas na última segunda-feira (4) em meio a um clima de disputas étnicas e de violência. Com 86% dos eleitores tendo comparecido às urnas, a participação no pleito foi considerada a maior já registrada. Essa foi a primeira eleição para presidente, governadores e prefeitos, além de representantes das mulheres e dos grupos especiais desde a aprovação da nova Constituição, em 2010.
Além de enfrentar a contestação de Raila Odinga, Kenyatta também terá pela frente um julgamento no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, sobre a violência que se seguiu às eleições em 2007 e durou quatro meses, deixando pelo menos 1.300 mortos e 300 mil deslocados. Ele é acusado de estimular a violência e foi denunciado ao TPI por crimes contra a humanidade, o que levou grupos da sociedade civil a apresentar uma petição para retirá-lo da disputa.
De acordo com especialistas, tanto Kenyatta quanto Odinga têm responsabilidade na violência. Odinga, que concorreu às eleições em 2007 e contestou a derrota, não foi indiciado pelo TPI, mas alguns de seus correligionários foram. A violência de 2007 terminou com a assinatura de um acordo, em 28 de fevereiro de 2008, que abriu caminho à formação de um governo de unidade nacional, no qual Kibaki manteve a Presidência e Odinga ficou como primeiro-ministro.
O Quênia é uma das principais economias africanas e um dos destinos turísticos mais procurados na região. Em janeiro de 2011, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um empréstimo de 390 milhões de euros para fortalecer a economia do país. Cerca da metade da população, de 40 milhões de habitantes, vive com o equivalente a menos de US$ 1 por dia.
*Com informações da BBC Brasil
Edição: Graça Adjuto