Baixo crescimento em 2012 não prejudicou desenvolvimento social no Brasil, diz presidente do Bird

05/03/2013 - 19h13

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O crescimento de 0,9% na economia brasileira no ano passado não prejudicou o desenvolvimento social do Brasil, disse hoje (5) o presidente do Banco Mundial (Bird), Jim Yong Kim. Em visita a Brasília, ele ressaltou que a redistribuição de renda para as camadas mais pobres da população foi essencial para manter o consumo e amortecer o impacto da crise econômica em 2012.

Para o presidente do Bird, o nível de investimentos, tanto em infraestrutura como em capital humano, tem tornado o Brasil menos vulnerável às crises externas. Segundo ele, a economia brasileira se recuperará em 2013 depois do baixo crescimento do ano passado.

“Houve decepção com os números do crescimento [brasileiro] no ano passado, mas muito disso tem a ver com aspectos externos e o estado da economia mundial. Para este ano, a expectativa é que o Brasil possa crescer até 3,5%. Acredito que haverá recuperação, até porque os investimentos atuais estão estabelecendo as bases para o crescimento futuro”, declarou Kim.

O presidente do Banco Mundial ressaltou que, por causa dos programas de redistribuição de renda, as regiões mais pobres do país estão crescendo mais que a média da economia brasileira. “Ontem (4), estive na Bahia, e o crescimento que vimos no Nordeste foi estimulante”, avaliou. “Os países em desenvolvimento precisam construir camadas de amortecimento em relação aos choques externos, investindo não no curto prazo, mas em longo prazo e no capital humano. Alguns, como o Brasil, já fizeram essa tarefa.”

No comando do Banco Mundial desde julho do ano passado, Kim, médico e antropólogo norte-americano de origem sul-coreana, disse que pretende prosseguir com o processo de mudança de foco de atuação da instituição financeira. Segundo ele, o Bird pretende dar cada vez mais ênfase a projetos sociais, ligados à educação e à saúde, do que aos financiamentos de empreendimentos de infraestrutura.

“Durante muito tempo, o Banco Mundial foi excessivamente concentrado na busca do crescimento econômico por si só, sem se preocupar com projetos sociais. Hoje, a instituição evoluiu. Há 20 anos, não poderíamos dizer que o banco estaria na vanguarda do meio ambiente, da igualdade de gênero, investindo em educação e saúde”, declarou.

Sobre o Brasil, o presidente do Bird disse que o país é um dos principais exportadores de ideias para a instituição financeira e que o sucesso no combate à miséria é de grande importância para o organismo internacional. “O êxito do Brasil é de crucial importância para o êxito do Banco Mundial. Não é possível gerar emprego sem crescimento e nem inclusão social. O grande mérito do Plano Brasil sem Miséria foi vincular os três vetores para o desenvolvimento econômico do futuro: saúde, educação e bem-estar social”, comentou.

Nos últimos três anos, o Banco Mundial concedeu US$ 3,3 bilhões por ano em financiamentos ao Brasil, dos quais 50% estão investidos no Nordeste. Segundo Kim, o país já alcançou o teto de recursos que podem ser emprestados pelo banco. No entanto, a instituição ainda pode ampliar o volume aplicado no Brasil por meio de programas que utilizam outras fontes de recursos, como o fornecimento de serviços de consultoria e assistência técnica para entes públicos.

A visita à capital federal representa a segunda etapa da viagem do presidente do Bird ao Brasil. Ontem, Kim passou o dia em Salvador. Hoje, ele se reuniu com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e almoçou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. À noite, Kim participará, no Congresso Nacional, de uma premiação de curtas-metragens sobre a Lei Maria da Penha. Amanhã (6), o presidente do Bird segue para o Rio de Janeiro.

 

Edição: Aécio Amado

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