Principal função social do carnaval é reunir pessoas em torno de objetivos comuns, diz professor

11/02/2013 - 18h03

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Felipe Ferreira, coordenador do Centro de Referência do Carnaval do Rio de Janeiro e autor de diversos livros de carnaval, entre eles o recém-lançado Escritos Carnavalescos, acredita que a principal função social das escolas e blocos está em sua capacidade de reunir pessoas em torno de objetivos comuns.

“Os blocos, por exemplo, são entidades organizadas de forma espontânea por grupos de pessoas e representam diferentes contextos. Isto tudo sem muitos sectarismos, visto que uma das principais características dos grupos de rua carioca é a sua abertura para quem quiser entrar.” Trata-se, segundo Ferreira, de grupos "sem corda", ao contrário do que ocorre no carnaval da Bahia, por exemplo.

O papel de incentivador de mão de obra é exercido principalmente pelas escolas de samba, que necessitam de profissionais qualificados em diferentes áreas para trabalhar em seus barracões. Felipe Ferreira ressaltou, porém, que embora haja essa necessidade, poucas escolas desenvolvem um trabalho consistente de formação de artistas e artesãos qualificados nas diferentes "oficinas" que compõem um barracão, como ferragem, carpintaria, adereçaria, chapelaria, pintura de arte, iluminação, escultura.

“Por causa disso, acredito que a contribuição para a ampliação da oferta de emprego no país seja ainda muito pequena. Como sugestão para melhorar a qualidade da mão de obra do carnaval, indico alguma espécie de reconhecimento direto destes profissionais, como o apoio a [prêmios específicos] para o setor”.

Em 2007 e 2008, Ferreira organizou o Troféu Parangolé, em parceria com Roberta Alencastro e Carlos Feijó, que buscava premiar a criação artística dos carnavalescos e artistas emergentes das escolas dos grupos de base do carnaval carioca. Também o Prêmio Plumas e Paetês, organizado por José Antônio Rodrigues, destaca os profissionais de barracão das escolas de samba. Outra ação possível para aumentar a oferta de emprego no carnaval, segundo o professor da Uerj, é a criação de ateliês-escolas dentro dos barracões de escolas de samba, incentivando a aprendizados dos diferentes ofícios ligados ao carnaval.

O Centro de Referência do Carnaval é uma entidade ligada à pesquisa acadêmica sobre o tema, não só do Brasil, mas do mundo. “Nosso objetivo é incentivar e reunir os pesquisadores universitários de todo o mundo que trabalham com o tema carnavalesco em qualquer área. Fazemos isto por meio da edição da revista Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, que tem um número por ano exclusivamente dedicado aos estudos carnavalescos.

Além da revista, o centro promove encontros e debates e organiza exposições sobre o carnaval, além de disponibilizar para a população uma biblioteca especializada no tema, em sua sede no campus Maracanã da Uerj, no bairro do mesmo nome, na zona norte do Rio.

Edição: Tereza Barbosa

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