Linha de crédito do MinC para digitalização de cinema vai beneficiar 1.400 exibidores

31/01/2013 - 19h35

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Cerca de 1.400 exibidores brasileiros serão beneficiados pela linha de crédito para a digitalização das salas de cinema, lançada hoje (31) no Rio de Janeiro pelo Ministério da Cultura, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

A linha de crédito tem recursos de R$ 146 milhões, oriundos do Fundo Setorial do Audiovisual,  dos quais R$ 6 milhões não reembolsáveis, e tem a meta de digitalizar a projeção de 1.400 salas no prazo de 18 meses.  Ela estará disponível por dois anos ou até o esgotamento dos recursos disponíveis, o que ocorrer primeiro, informou a Ancine. Ao todo, atuam no Brasil 1.800 exibidores, dos quais 400 são estrangeiros.

Caberá ao BNDES operacionalizar o novo programa de crédito. “Somente 25% das salas são digitalizadas”, disse o diretor da Área Industrial e de Mercado de Capitais do banco, Julio Ramundo. Ele acrescentou que isso, no futuro, pode funcionar como uma barreira ao negócio da exibição cinematográfica. “A partir de 2015, não vão mais ser distribuídos os filmes no modelo tradicional de película [35 milímetros]. Então, é preciso que a gente acelere a digitalização das salas brasileiras”. Ramundo disse não ter dúvidas de que a medida fará com que a digitalização chegue a todas as salas brasileiras.

O modelo elaborado procura dar capilaridade ao processo, explicou. Para isso, buscou-se  a figura da empresa  integradora, adotada em nível internacional, que se encarregará de fazer a operação de crédito no banco. “Esse operador vai, na verdade,  ter uma série de equipamentos e de exibidores na sua carteira. Ele faz a operação com o BNDES e repassa esse recurso e o equipamento aos exibidores na ponta”. Ramundo disse que seria impensável  o banco fazer operações de crédito com  exibidores muito pequenos em todo o país.

As taxas de juros serão calculadas de acordo com as salas a serem digitalizadas. Cinemas de grupos com mais de dez salas de exibição pagarão juros de 3% ao ano. Para os demais grupos, não haverá cobrança de juros. O presidente da Ancine, Manoel Rangel, destacou  que cinemas de grupos com até quatro salas, receberão ainda apoio não reembolsável de R$ 15 mil por sala, para a cobertura parcial da digitalização.

Rangel analisou que a limitação do número de cópias físicas, como ocorre hoje no país, faz com que sejam excluídas muitas salas do circuito de lançamentos de filmes, o que compromete sua rentabilidade e, inclusive, sua viabilidade. Com a digitalização, os custos de distribuição  poderão cair até 80%, o que facilitará lançamentos simultâneos em um número maior de complexos de exibição. Rangel diz que a tecnologia permite também a inserção de novos conteúdos para serem veiculados nas salas.

 “A projeção digital modifica a economia do cinema, traz  oportunidades para os exibidores, permite a inclusão de novas salas no circuito de lançamentos”. Ele informou que embora haja no Brasil cerca de 2.530 salas de cinema,  entre 500 e 600 salas não conseguem cópias de lançamentos.

A digitalização é um dos eixos do Programa Cinema Mais Perto de Você, que pretende estimular a abertura, modernização e atualização tecnológica das salas de cinema no país. Rangel salientou que o processo de transformação da tecnologia analógica (de películas de 35 milímetros) para a exibição digital está em curso no mundo todo.

Das 150 mil salas de cinema existentes no mundo, dois terços estão digitalizadas. O processo está em fase de conclusão nos Estados Unidos, na Europa e Ásia. A América Latina se encontra  em defasagem. “O desafio é grande na América Latina, em particular no Brasil, onde apenas 30% das nossas salas têm projeção digital”. Ele afiançou que a projeção digital permite mais filmes, mais cinemas e mais espectadores.

O Plano de Diretrizes e  Metas do Setor Audiovisual trabalha com a expectativa de  ampliar o total de salas para 3.250 em 2015. “Nós iremos cumprir essa meta e acreditamos que podemos superar esse número se o ritmo, se o  empenho das empresas exibidoras, se o ritmo de crescimento da economia se dinamizar ao longo dos próximos anos”.

Manoel Rangel ressaltou que os recursos da linha de crédito serão destinados à aquisição e instalação de projetores digitais e equipamentos acessórios. Os exibidores estrangeiros também poderão se beneficiar da nova linha de crédito por meio do Regime Especial de Tributação para o Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine).

Edição: Fábio Massalli

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