Após três anos em queda, desemprego manteve-se estável em 2012, aponta pesquisa Seade/Dieese

30/01/2013 - 17h04

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A taxa de desemprego de 2012 manteve-se em relativa estabilidade na comparação com o ano anterior, aponta balanço anual da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). O estudo feito pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que a taxa passou de 10,4% em 2011 para 10,5% no ano passado.

No conjunto de sete regiões metropolitanas e Distrito Federal, o contingente de desempregados é estimado em 2,329 milhões de pessoas.

O índice de desemprego estava em queda desde 2009, quando a taxa registrada foi 14%. No ano seguinte, a PED mostrou uma taxa de desemprego de 11,9%. "Ela caiu até 2011 [10,4%] e agora apresentou estabilidade", destacou a técnica do Dieese Ana Maria Belavenuto.

O setor que mais contribuiu para criação de postos de trabalho foi o de construção civil, com variação positiva de 6%, que representa 87 mil novas vagas. Em seguida, aparece o setor de serviços, com 3% de variação e 327 mil vagas a mais.

Na avaliação de Ana Maria, esses dois segmentos devem continuar a sustentar o mercado de trabalho neste ano. "Por conta dos investimentos que estão sendo feitos em infraestrutura e até pela questão da Copa [do Mundo de 2014], a expectativa é que, dada as condições atuais, esses setores vão ainda ter um crescimento na ocupação ou pelo menos, na pior das hipóteses, sustentar a situação", declarou.

A economista destacou como exemplo a região metropolitana do Recife, onde o setor de construção civil apresentou variação no nível de ocupação de 20,7% em 2012.

Nos demais setores, o segmento de comércio e reparação de veículos também fechou o ano com variação positiva, com 0,5%. A pesquisa estima que tenham sido criadas 18 mil novas vagas no ano passado. O único setor a apresentar variação negativa foi o da indústria de transformação, com -0,7%, o que representa a eliminação de 21 mil postos de trabalho.

Para o economista Alexandre Loloian, coordenador de Análise da Pesquisa da Fundação Seade, o resultado é positivo ante o cenário de instabilidade econômica do ano de 2012. "A despeito dos humores da economia nacional, a ocupação ter crescido 1,2% [na Região Metropolitana de São Paulo] é muita coisa em relação ao que poderia não ter ocorrido", avaliou. No conjunto das regiões analisadas, o crescimento da ocupação alcançou 2%, com 384 mil novas vagas.

Na comparação entre regiões, a taxa de desemprego apresentou queda em Belo Horizonte (de 7% para 5,1%), Porto Alegre (de 7,3% para 7%) e Recife (de 13,5% para 12%). Houve elevação da taxa em Salvador (de 15,3% para 17,7%) e São Paulo (de 10,5% para 10,9%). No Distrito Federal, o índice ficou relativamente estável, passando de 12,4% para 12,3%. Em Fortaleza, a taxa de desemprego ficou estável em 8,9%.

O total de assalariados também aumentou em 2012, na comparação com o ano anterior, com variação de 2,2%. O assalariamento no setor privado (2,9%) foi responsável por esse crescimento, tendo em vista que, no emprego público, o total de assalariados teve retração de 0,8%. O destaque no setor privado foram os empregos com carteira assinada, com variação positiva de 4,1%, enquanto os empregos sem carteira tiveram retração de 3,3%.

No conjunto das regiões analisadas, os rendimentos médios de ocupados, por sua vez, tiveram elevação de 2,6%, passando para R$ 1.543. Fortaleza, com 4,9%, foi a região com maior aumento do valor dos rendimentos, ficando em R$ 1.030. São Paulo (4,2%) aparece em seguida com salários médios de R$ 1.695. Também registraram aumento, Recife (4%, com rendimento médio de R$ 1.121), Distrito Federal (3,8%, R$ 2.270) e Porto Alegre (0,6%, R$ 1.561). Os rendimentos diminuíram em Salvador (-3,8%, R$ 1.071) e Belo Horizonte (-2,5%, R$ 1.460).

Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas costumam ser diferentes, devido aos conceitos e metodologias usados.

Entre as diferenças, está o conjunto de regiões pesquisadas. O Dieese e a Fundação Seade não calculam o número de desempregados da região metropolitana do Rio de Janeiro. E, na pesquisa do IBGE, não estão incluídas as regiões metropolitanas de Fortaleza e do Distrito Federal.

Edição: Davi Oliveira

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