Biblioteca Pública de Olinda recebe exposição de J. Borges

23/01/2013 - 22h54

Mariana Tokarnia
Enviada Especial

Olinda (PE) – As xilogravuras do artista José Francisco Borges podem ser visitadas a partir desta quarta-feira (23) na Biblioteca Pública de Olinda. J.Borges começou como cordelista há 50 anos. Hoje aos 77 anos de idade, o pernambucano é um dos xilogravuristas mais famosos do Brasil e inclui no currículo a arte de abertura da novela Cordel Encantado, da Rede Globo. Ele é também o autor da arte que aparece em todo o material de divulgação da 8ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Para a mostra, que faz parte da bienal, foram selecionadas apenas gravuras com personagens femininas.

A questão de igualdade de gênero é um dos destaques do evento. Para J.Borges as gravuras escolhidas são especiais. “A mulher engrandece o ambiente em todo canto que chega. No trabalho da gravura, ela representa uma figura muito forte”.

Ao todo foram 17 figuras selecionadas. Logo na entrada, duas figuras que resumem a exposição: a mulher em suas várias facetas. Uma delas, A Poetisa, a mulher altiva, em posição de poder. Ao lado, Rezando Para Casar, aquela que se ajoelha perante Deus e pede a companhia de um homem.

Ao longo da exposição, segundo a coordenadora de Artes Visuais da Bienal, Daiara Figueroa, “a mulher é retratada como aquela que tem o controle da situação. Ela engana o diabo [A Mulher que Colocou o Diabo na Garrafa] e tem o amor de vários homens [Coração de Mulher]”.

J. Borges diz que é tudo verdade, que é assim que enxerga as mulheres. O que retrata faz parte do que vivencia. “Trabalho com pensamento, com as coisas que acontecem, com o que o povo fala. Tudo isso faz parte de um imaginário que compõe as minhas obras”. Ele foi o primeiro xilogravurista a usar cores. Tudo porque uma mulher o questionou, certa vez, se com cores as imagens não ficariam mais interessantes. "Por causa dessa mulher resolvi experimentar e deu certo".

A diversidade de gênero e sexual está presente em várias atividades da bienal. A Mostra de Projetos de Extensão Cinescrevendo: Gênero e Práticas Identitárias no Cinema Latino-Americano usa o cinema para discutir sexualidade. A atividade ocorre nesta quinta-feira (24). O espetáculo de rua Filhas de Maria, Cheias de Graça, do grupo baiano Baphão Queer, selecionado na Mostra de Artes Cênicas, fala sobre desrespeitos contra homossexuais nesta sexta-feira (25). A mostra de audiovisual também traz registros como Corpo a Corpo, do estudante carioca Adil Lepri, apresentado nesta quarta-feira .

A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina e deve reunir em Olinda cerca de 10 mil estudantes de todos os estados brasileiros. A bienal ocorre de 22 a 26 de janeiro e une política estudantil e cultura em mostras de teatro, música e cinema, seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012.

Edição: Fábio Massalli

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