Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Mais da metade da população brasileira acreditam que a polícia não deva fazer nada ao ser acionada para acompanhar eventos como passeatas de estudantes ou professores e greve de operários. O percentual de brasileiros que defendem que nada seja feito nessas ocasiões aumentou entre 1999 e 2010 e passou de 48,2% para 65,4% (quando o assunto é passeata de estudantes), de 53,1% para 58,2% (em caso de greve de operários) e de 62,2% para 68,1% (em passeata de professores).
Os dados fazem parte da pesquisa Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violação de Direitos Humanos e Violência e foi feita pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP). Foram entrevistadas 4.025 pessoas em 11 capitais do país. O estudo compõe o 5º Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil 2001-2010.
A pesquisa indica que a ideia de que a polícia deva prender os mais exaltados sem usar armas caiu nas três situações, ao passar de 46,4% para 31,4%, na passeata de estudantes; de 42,4% para 38%, na greve de operários e de 35,2% para 28,5%, na passeata de professores.
Quando o tema é a resistência de camelôs durante a retirada de barracas, a pesquisa indicou poucas mudanças de opinião. Em 1999, 27,4% disseram que a polícia não deveria fazer nada e, em 2010, 28,7%. Com relação à prisão dos mais exaltados, 61,9% eram favoráveis em 1999. Em 2010, o índice caiu para 60,9%.
No caso de episódios de ocupação de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a pesquisa indicou que 27,8% dos brasileiros, em 1999, defendiam que a polícia não deveria fazer nada. Em 2010, o índice aumentou para 29,5%. Entre os que acreditam que os mais exaltados devam ser presos, o percentual subiu de 54,6% para 55,7%.
Cerca de 86% dos entrevistados defendem a intervenção da polícia durante rebeliões em presídios. As principais ações, na avaliação da população, devem ser “prender os mais exaltados sem usar armas”, “atirar e não matar” ou “usar o cassetete”. Em 1999, esse percentual era ligeiramente maior e atingia 87%.
Edição: Lílian Beraldo