MST protesta contra despejo de assentamento no interior paulista

11/12/2012 - 18h14

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) protestaram hoje (11) na capital paulista contra a demora da reforma agrária no estado e reintegração de posse do Assentamento Milton Santos, em Americana, interior do estado. 

Na área, vivem cerca de 70 famílias assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) há sete anos. As famílias reivindicam a desapropriação por interesse social, única medida legal que pode reverter o despejo, determinado pela Justiça no dia 28 de novembro.

As famílias chegaram a ocupar na manhã de ontem (10) o prédio onde fica o escritório da Presidência da República, localizado na Avenida Paulista, para cobrar da presidenta Dilma Rousseff a assinatura do decreto de desapropriação social da área. Hoje, a manifestação começou no mesmo lugar e terminou com a ocupação do jardim e da garagem da sede do Incra.

Segundo o MST, os assentados produzem alimentos e abastecem o mercado local. A área pertencia à uma família local e foi repassada ao INSS como forma de pagamento de impostos decorrentes de dívidas com a União. O assentamento foi reconhecido pelo Incra em julho de 2006.

De acordo com uma das coordenadoras do MST no estado, Claudia Praxedes, o movimento entende que por haver recursos públicos investidos no assentamento e as famílias já estarem estabelecidas como produtoras rurais, o governo federal deve desapropriar os 2 mil hectares.

“As famílias já receberam até financiamento do governo para dar início à sua produção, o que quer dizer que estão assentadas. Nossa intenção aqui na frente do gabinete da Presidência é dizer que vamos continuar mobilizados, exigindo deles a desapropriação da área. A presidenta é a única que pode resolver a situação”.

Sidneia Caridi de Oliveira, uma das assentadas, está na área desde o início da ocupação e contou que vive da venda de produtos rurais. “Minha casa está pronta, usei dinheiro do governo, mas em muito, dinheiro meu, do meu trabalho empregado ali. Esse problema me pegou de surpresa porque eu imaginava que estava tudo certo. Eu estou desesperada, porque me sinto enraizada lá”.

O Incra informou que tentará reverter a decisão da Justiça por entender que se trata de um assentamento da reforma agrária. Com relação à ocupação do prédio da Presidência da República em São Paulo, o instituto disse que tem mantido o diálogo com o movimento e espera que o MST desocupe o prédio.

Edição: Carolina Pimentel