Mercadante destaca importância de parceria com a China para intercâmbio acadêmico

21/11/2012 - 15h04

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reforçou hoje (21) a importância da parceria entre os governos brasileiro e chinês em programas de intercâmbio acadêmico. “Nesse cenário de declínio das economias mais desenvolvidas, o Brasil e a China fazem parte de um forte grupo emergente. Esperamos consolidar e estreitar cada vez mais nossas relações econômica, política e tecnológica”, declarou ao participar do seminário Diálogo Brasil-China em educação, na capital paulista, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Em junho, o Brasil assinou acordo com o governo chinês para beneficiar até 5 mil estudantes brasileiros por meio do Programa Ciência sem Fronteiras. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o primeiro edital, que irá disponibilizar mil vagas em cursos de pós-graduação, está em fase de finalização. “Estamos vendo os últimos detalhes para lançar o edital. Teremos a possibilidade também de receber estudantes chineses”, declarou, sem esclarecer o período para o início da oferta das vagas.

O ministro destacou que o programa tem como objetivo reduzir as carências tecnológicas do Brasil. “A orientação é que o programa sirva para diminuir o gap [lacuna] na área tecnológica, diminuindo nossa deficiência nessas áreas [ciências da natureza, engenharia e medicina] que são o maior desafio em termos de desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação.” A meta do Ciência sem Fronteiras é levar 101 mil alunos para o exterior até 2014, segundo site do programa.

Na avaliação de Mercadante, preencher o total de vagas disponíveis será um desafio, tendo em vista que não existe tradição, por parte dos estudantes brasileiros, de concorrer a vagas nos países de cultura oriental. “É uma meta ambiciosa, mas temos convicção de que esse interesse vai crescer. Será um importante estímulo ao estudo do mandarim, assim como ao do português. É uma forma de aprofundar essa relação”, declarou. Ele informou que, atualmente, a procura de vagas para o programa está concentrada nos Estados Unidos, na Inglaterra, Alemanha, França e Itália.

Mercadante destacou que o acordo de cooperação na área tecnológica entre os dois países já desenvolve projetos importantes, como a criação de centros de nanotecnologia e na área espacial. “Estamos construindo satélites que vão permitir, por exemplo, ampliar o monitoramento ambiental da Amazônia. Temos engenheiros do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] trabalhando direto lá na China”, destacou.

Para o ministro, os avanços tecnológicos surgidos na China nas últimas décadas apontam para a contribuição que o país pode dar para que o Brasil atinja os objetivos traçados pelo Ciência sem Fronteiras. “A China impressiona o mundo pela capacidade de avanços na área tecnológica que têm levado, por exemplo, à redução dos custos da produção no país. Além disso, é o país que mais tem aumentado o número de publicações em revistas acadêmicas”, elogiou.

O ministro de Educação da China, Yuan Guiren, ressaltou a importância da parceria para estreitar os laços de amizade entre as nações. “Os dois países têm muitos setores de interesse comum e muito potencial para cooperação. O governo brasileiro tem feito muitos esforços de desenvolvimento no campo da educação e nos interessa, especialmente, os esforços para trocas acadêmicas”, declarou, por meio de mensagem lida pela secretária executiva do China Scholarship Council, órgão chinês similar à Capes que responde pela parceria.

Depois da abertura do seminário, em entrevista à imprensa, Mercadante defendeu novamente a destinação de 100% dos royalties do petróleo da camada pré-sal para a educação. “Agora, vamos lutar no Senado para isso. Para cumprir as metas do PNE [Plano Nacional de Educação], que prevê 10% do PIB [Produto Interno Bruto] para a educação, é preciso uma nova receita e é certo que não vamos conseguir criar um novo imposto”, argumentou. Ele acredita que existe um ambiente favorável para aprovação da proposta.

 

 

Edição: Lílian Beraldo