Paulo Sérgio Pinheiro diz que chance de intervenção na Síria é remota, embora violência continue

14/11/2012 - 12h39

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil


Brasília – O presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito para a Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, disse hoje (14) à Agência Brasil que a hipótese de intervenção externa no país é remota. Pinheiro ressaltou que, em quase dois anos de conflitos, as violações aos direitos humanos são frequentes e as vítimas aumentam. “Em curto prazo não há um milagre”, disse.

O brasileiro foi o responsável pela elaboração do relatório minucioso sobre as violações aos direitos humanos na Síria. No documento, a equipe de Pinheiro relata casos de tortura, assassinatos, agressões a crianças, adolescentes e mulheres, assim como prisões irregulares e perseguições.

Pinheiro acrescentou que a tendência é o governo do presidente sírio, Bashar Al Assad, e a oposição perceberem que, após 20 meses de confrontos, a única solução é a negociação. “Todos os lados parecem que já perceberam que não haverá um vencedor nesse processo”, destacou o brasileiro, que veio a Brasília para a inauguração da Casa das Nações Unidas no Brasil.

No entanto, Pinheiro disse que observa “progressos” nas negociações a partir de missões feitas pelo enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e Liga Árabe à Síria, Lakhdar Brahimi, que conseguiu conversar não só com os integrantes do governo sírio, como também com a oposição e autoridades dos países vizinhos. No próximo dia 10, o brasileiro segue para a região em uma missão.

Ontem (13) o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, lembrou que conversou sobre a situação da Síria com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton. Segundo ele, há um consenso de que o processo político na Síria deve ser conduzido internamente. “É uma situação que continua a representar um desafio”, disse.

Para Patriota, a comunidade internacional deve apoiar o Conselho de Segurança da ONU para que retome o assunto a fim de discutir o agravamento da violência na região. “A violência segue desimpedida com altíssimo número de mortos, a situação humanitária se agrava, começa a afetar os países vizinhos, o que nos preocupa muito”, disse.

Edição: Juliana Andrade