Rocinha terá unidade piloto de ginásio para experimentar novas tecnologias educacionais

06/11/2012 - 21h08

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Favela da Rocinha, na zona sul carioca, vai receber no próximo ano letivo, em 2013, o primeiro Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (Gente) da Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro. A unidade piloto funcionará na Escola Municipal André Urani e terá capacidade para atender 210 alunos do 7º ao 9º anos.

O subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais da SME, Rafael Parente, disse que o projeto é “a menina dos olhos” da secretaria. Ele foi apresentado na Conferência Internacional do Programa Líderes da Educação Global (Gelp), que ocorre na capital fluminense. O evento reúne 80 representantes dos dez países que integram atualmente o Gelp (Estados Unidos, Finlândia, Brasil, Austrália, Canadá, China, Inglaterra, Índia, Nova Zelândia e Coreia do Sul).

Segundo, o Gente é um dos mais inovadores projetos do estado e, também, do Brasil na área da educação. Ele foi concebido a partir de estudos feitos sobre modelos de escolas inovadoras internacionais, voltados para o futuro. As experiências observadas permitiram à secretaria detalhar a infraestrutura do projeto, sua ambientação interna, processos de avaliação, entre outros elementos.

A rede de ensino municipal conta atualmente com 19 ginásios experimentais com vocações distintas. Caso do Ginásio Experimental Olímpico, destinado ao treinamento de atletas. Está nos planos da secretaria, segundo o subsecretário, ter um Ginásio Experimental das Artes e outro voltado para o samba. “O Gente é o Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais. É o que leva os aspectos da inovação ao extremo”, disse.

De acordo com os resultados que o projeto apresentar na Rocinha, deverão ser construídos mais cinco ginásios desse tipo, em 2014, informou. “A gente não quer que seja só um. A gente quer chegar a um novo modelo de escola que possa ser replicado. Que a gente consiga, de fato, personalizar o processo de aprendizagem para os destinos e as necessidades de cada aluno e consiga ganhar escala em um modelo de escola que coloca o aluno no centro do processo todo de aprendizagem”, declarou.

O Gente está baseado em cinco pilares. Ele integra o Programa Ginásio Carioca, implantado pela prefeitura no ano passado. O primeiro pilar é a personalização do processo de aprendizagem. Isso significa que cada aluno tem o seu itinerário formativo e avança à medida em que consegue desenvolver as suas habilidades. A avaliação dos estudantes é baseada em competências e não em notas e conteúdos, explicou Rafael Parente.

O terceiro pilar é o uso de novas tecnologias para motivar e ampliar o interesse dos alunos. Os antigos cadernos são substituídos por tablets (computadores de prancheta) e smartphones, distribuídos para todos os estudantes e professores. “Vão fazer provas, ler livros, nessas plataformas de novas tecnologias”.

Parente acrescentou que os professores terão um novo papel no projeto Gente. “Ele deixa de ser um transmissor do conhecimento para ser um facilitador, um motivador, um arquiteto da aprendizagem, que garante que todos os alunos estão trabalhando e aprendendo”. O quinto pilar diz respeito à expansão do currículo além das habilidades cognitivas, que são relacionadas às matérias, ao raciocínio lógico, e traz também habilidades socioemocionais, para o desenvolvimento dos talentos vinculados à inteligência emocional, à criatividade, à colaboração em grupos.

O subsecretário não tem dúvidas que o Gente vai facilitar o aprendizado e aumentar o interesse dos alunos pela escola. “Em primeiro lugar, a gente espera que o aluno se torne mais autônomo porque, hoje em dia, no modelo de escola que a gente tem, o aluno fica muito passivo, escutando, copiando do livro ou sendo mandado o tempo inteiro. Nesse novo modelo de escola, a gente aposta na autonomia e no protagonismo do aluno, para que ele dirija o seu próprio processo de aprendizagem. Ele passa a ser mais ativo e, com isso, ele aprende muito mais”.

 

Edição: Aécio Amado