Secretário diz que ordens para matar policiais em SP partiram de Paraisópolis

30/10/2012 - 17h57

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O secretário de Segurança Pública do governo de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto, confirmou hoje (30) que partiu da Favela Paraisópolis, na zona sul da capital, a ordem para que seis policiais militares fossem assassinados no estado. Ele atribui as ordens a Francisco Antonio Cesário, conhecido como Piauí, preso na cidade de Itajaí (SC) há cerca de um mês, pela Polícia Federal.

De acordo com o secretário, essas ordens foram responsáveis "pelas primeiras mortes" da atual onda de violência, mas os motivos ainda estão sendo investigados. Os assassinatos teriam ocorrido em maio. Na época, o acusado vivia na Favela de Paraisópolis, que, desde ontem, é alvo de uma grande operação policial, com a presença de cerca de 600 homens.

Enquanto isso, a cidade continua a enfrentar grande índice de violência. Entre a noite de sexta-feira (26) e a madrugada de ontem, ocorreram, pelo menos, 22 mortes na região metropolitana. Somente na capital, foram nove assassinatos, de acordo com a Polícia Civil. 

Balanço divulgado na última quinta-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública revelou crescimento de 96% no número de homicídios na cidade de São Paulo no mês de setembro, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em setembro, a capital registrou 135 casos de homicídios, contra 69 casos no mesmo mês de 2011.

Desde o começo do ano até a última quinta-feira (25), 85 policiais foram mortos em todo o estado. Os dados da Polícia Militar ainda não contabilizam a morte de um policial em folga, ocorrida na noite da última quinta-feira na capital paulista.

Segundo a Polícia Militar, 67 dos policiais mortos eram da ativa e 18 aposentados. O número já é bem superior ao que foi registrado em todo o ano passado. Em 2011, de acordo com a PM, 56 policiais foram assassinados, tanto da ativa quanto aposentados. Em 2010, foram 71 policiais militares, informou o órgão, que não comenta o balanço.

Apesar das mortes, o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, negou, ontem, que a ação na favela seja uma resposta aos assassinatos. “Não é efetivamente uma resposta. É a necessidade de uma ação cada vez maior contra o tráfico. A quantidade de entorpecentes que entra é muito grande e precisamos de uma ação mais enérgica”, esclareceu.

O secretário prometeu que outras operações do tipo vão ocorrer. “Nós vamos fazer operações parecidas em áreas que identificarmos como de grande índice de tráfico de entorpecentes e de homicídios”, disse.

Para o secretário, as mortes de policiais nas últimas semanas estão sendo motivadas por razões pontuais. “As pessoas presas por policiais militares acabam sendo soltas, em seguida, e vão à forra. O momento é oportuno”, alegou. Ele disse ainda que os ataques têm ocorrido também pela disputa dos pontos de distribuição, em guerra de quadrilhas. “Essa somatória de motivos leva a essa onda de violência, que nós vamos reverter”, disse.

A Polícia Militar informou que, na operação em Paraisópolis, oito pessoas foram detidas em flagrante até a manhã de hoje. Dentre os detidos, estava um foragido da Justiça. Ao todo, foram apreendidos 125 quilos de maconha, 10 quilos de cocaína e 50 unidades de drogas sintéticas. A PM abordou 758 pessoas e vistoriou 201 veículos. Duas motocicletas e um carro foram apreendidos.

Edição: Davi Oliveira