Mais da metade dos moradores da Cidade de Deus perceberam melhora na segurança depois da UPP

26/10/2012 - 19h46

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro –  A pesquisa Melhora Comunidade, feita com moradores da Cidade de Deus, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, mostra que 59,2% dos entrevistados consideram que a comunidade ficou mais segura com a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em fevereiro de 2009, enquanto 10,9% dizem que está do mesmo jeito e 8,3% que ficou menos segura.

Divulgada hoje (26), a pesquisa teve o uso inovador de tecnologia aplicada à estatística e foi realizada pelo Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito Rio). O foco do estudo foram os jovens e as mudanças pelas quais a comunidade passou com a chegada da UPP. Participaram da pesquisa 658 pessoas, o correspondente a 1% da população local, entre março a junho de 2012.

A infraestrutura lidera entre as áreas que mais precisam de melhorias, com 25,6%, seguida de educação, com 16,7%, e saúde, escolhida por 12% das pessoas. Dentro de infraestrutura, a principal demanda é por limpeza das ruas e recolhimento do lixo, seguido de serviços de água e esgoto e transporte.

Em educação, os moradores da Cidade de Deus querem mais qualidade no ensino das escola públicas, mais cursos técnicos, mais professores e mais computadores ligados à internet dentro das escolas. Já em saúde, os pedidos são por mais médicos nos postos de saúde e hospitais, mais atendimento de emergência e mais agentes do Programa de Saúde da Família.

O coordenador do CTS/FGV,  Ronaldo Lemos, explica que o diferencial da pesquisa foi o uso da tecnologia, que conseguiu dar voz à comunidade.

“O principal ponto da pesquisa foi provar que é possível usar a tecnologia para fazer pesquisa em ciências sociais. A pesquisa inteira foi feita utilizando a internet, com uma metodologia científica muito séria, muito bem feita, desenhada para conhecer a comunidade. Com isso a gente prova que mesmo em lugares que enfrentam desafios como a exclusão digital é possível usar essa presença para criar um canal que dê uma voz para a comunidade e uma voz  que represente de fato o que aquela comunidade pensa”, disse Lemos.

Colaborador da pesquisa, o cineasta Rodrigo Felha, morador da Cidade de Deus, diz que a pesquisa contribui para a comunidade se sentir valorizada e participante ativa do processo de mudança.  Uma das estratégias da pesquisa foi utilizar pessoas conhecidas na comunidade, como Felha, para chegar às pessoas e fazer parcerias com as entidades do local.

“A importância é a comunidade se sentir dona do que está falando. A comunidade se viu ali importante, sendo consultada para opinar, expor suas ideias e sugestões e essa confiabilidade que eu, que sou morador de lá, junto com outras pessoas que trabalharam nesse projeto em campo, passaram para essas pessoas, porque elas pensam: 'vai chegar em alguém, não é uma pesquisa que vai ficar no papel'”.

Edição: Fábio Massalli